Mãe Duriense
Na tua face, vinhas traçadas do tempo,
nos olhos, o rio inteiro a correr.
Mãe Duriense, barro e lamento,
és raiz da qual tive de nascer.
Com mãos de granito e sol cheio de mosto,
lavras o pão, regas a horta com gosto.
Entre socalcos, és flor que não cansa,
és Mãe da terra, és força, esperança.
Carregas a dor mas nunca o dizes.
És chão fecundo, com boas raízes.
Dizes que o Douro não para de chorar
pelos filhos que tens de amamentar.
Mãe Duriense, a tua verdade me guia.
Em ti vejo a minha tristeza e a tua alegria
das que ficaram quando tudo fugia,
das que semearam fé e a minha poesia.
És dura como a pedra xistosa,
doce como a uva, bela como a rosa.
És mulher, és monte, és vinho, és perdão,
és o Douro inteiro em peregrinação.
Victor Marques
Mãe Douro Terra Trabalho, filhos