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Julia Jaros Nov 2016
A correnteza espalha as lágrimas rio abaixo
Aglomeradas, tornam-se banais
Ninguém vê, liga a TV
Outra hora a gente se vê.

Misturadas, ainda estão lá
Cada vez, mais e mais
Acostumadas, satisfaz
Invisíveis não perturbam nossa paz.

Deixe que o rio leve
São muitas para se importar
Combinado, ninguém cede
Como a burguesia e a plebe.
Julia Jaros Nov 2016
Lábios que mastigam
Que beijam
Falam
Calam.

Ouço-te com prazer
Os pelos dos braços arrepiam
Com amor elas te cobriam
Como eu poderia te ter?

Egoísta
Desejando os lábios finos
Visto até um figurino
Não sou mais, nunca fui.

Pele fina
Cabelos, cílios, lírios
Dedos finos
Tilintando em minha mente como sinos.

Amor da maneira errada
Ou errado da maneira certa
Errado de forma encoberta
Certo na história passada.

Essa é uma longa caminhada.
Julia Jaros Nov 2016
Corroeu as paredes da garganta
Ficou sem fala pra dizer "eu te amo"
Sozinha bêbada na varanda
Temendo pela falência de seu âmago.

O líquido toca sua boca
Atinge seu organismo com um açoite
Convidativo, vivo
Não exigia nada mais aquela noite.

Não sentia mais seu fígado
Assim como seu coração
Bebida quente que um dia a enlouquecia
Hoje lhe extingue a solidão.

Se seu rosto é a garrafa, ela quebra na parede
Se seu gozo é a bebida, prefere viver com sede
Se o sol é a sua presença, só sai a luz do luar.
Se rajska quente é a sua ausência, ali vai se afogar.
Julia Jaros Nov 2016
Patas macias acariciam a grama há muito não cortada
Enroscam-se em espinhos
Tropeçam em ninhos
Tão perto da estrada.

Seus narizes são ímãs
Indisciplinados e impulsivos
Um alarme rosado de caos
abrasivo.

Alaranjada, repousa na faxada da rua
Seca, bronzeada
Nua
Sua.

Três patas e uma planta
Nada ela sente, silenciada por dentes
Mastigada, digerida, excrementada
Por fim
Em adubo virada.
Julia Jaros Apr 2015
Tentou se divertir
Tentou parar de pensar
Tentou lembrar
Memórias infindáveis
De quem jamais conseguiu
Encontrar.

Instrumentos melódicos
pensamentos eufóricos
Caos e calmaria
A certeza de que o momento
na memória permanecerá
e em sua história
cristalizará.

Uma constante torturante
Um futuro baseado
no passado atormentado
de um amor ultrapassado.
Julia Jaros Apr 2015
Branco e bege se fundem na cortina
Feixes de luz tentam passar
despercebidos
para um mundo onde há muito
foram esquecidos
a poeira e a maneira.

Observe o movimento sutil
do tecido repetido e entretido
A transparência é genuína
mas a poeira
é contínua.

Subjetividade
O espaço tímido não se revela
Escondendo sua sequela
de quando tão ingênuo
escondia uma janela aberta.

Bem, está trancada agora.

— The End —