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Feb 2019 · 388
Navegar
Gil Cardoso Feb 2019
Sinto uma pressão que puxa
A cabeça que roda parado
Uma flor que quando cresce murcha
A vontade de cair mesmo deitado

Vi-me feliz
E uma outra vez aceitei
Não mudarei o que fiz
Eu sei que não errei

Mas a dúvida é dor
Esperar é ficar parado
Esperar por amor
Esperança de não ser destroçado

A alma em fraqueza
Parte-se o coração
Não tenho sequer certeza
Porque sofro tanto então?

Sofro em antecipação
De um mundo escuro
Imaginado a pior situação
Mas tenho esperança para o futuro

Ondulo como ondas do mar
E por mais que tente navegar
Ou chego à costa e posso respirar
Ou acabo por me afogar
Escrito: 21/07/2018
Feb 2019 · 430
O meu rio
Gil Cardoso Feb 2019
Para quê passado?
Se já não é?

E o presente?
É quando?
Desde do momento em que é
Deixa de ser

E o futuro
Esse há-de existir
Mas nunca existe
Nem existiu

Dizem que o tempo
É como um rio
Come se o pudéssemos seguir

Se rio é
Flutuar tentamos
Mas sempre afogamos
Apenas temos pé
E o afogo demora anos

Nele imaginamos
A água que à de vir
Essa mais calma
Que não havemos de engolir

Que bom é o futuro
Pois ele nunca chega
Nunca aleija

O presente
Com violentos lábios nos beija

E o passado
Sabor a sangue e tormentas nos deixa
Escrito: 30/12/2018
Feb 2019 · 257
A estrada
Gil Cardoso Feb 2019
Odeio ver o fim da estrada
Fixo apenas esse ponto
Não vejo nada
É ainda não estou pronto

Olho para a paisagem
Finjo-me distraído
Admiro das aves a plumagem
Dos grilos o ruído

Mas vivo no futuro
Sempre no futuro
Já sabe a podre
O fruto maduro

Sofro com o que ainda não aconteceu
E mesmo o que nunca acontecerá
Quando acontece já não é meu
E quando não, penso no que virá

Então aparece outra estrada
Mas a mesma dor em mim
Mudou a morada
Mas fixo o mesmo fim
Escrito: 28/05/2018
Feb 2019 · 308
Caprichos de vida
Gil Cardoso Feb 2019
Sol queima a minha pele
Inicialmente
É agradavel
Depois, é dor

Como bolo doce que vou comer
Efeito da gulosia
Afoga o meu saber
Para mais tarde me aperceber
Que foi demasia
Aí puderei me arrepender

E então pergunto, qual é real?
Qual sigo nisto tudo
O presente ou o futuro?

Dizem-me “Carpe Diem!”
Então deixem-me comer bolo
Deixem-me queimar ao sol
Deixem-me viver a vida tolo

Depois dizem, “sê comedido”
“Tudo com moderação”
Então vivo o futuro agora
Não sigo prazer
Fujo à dor
Sempre a atrasar
A minha fatalidade

Eu sei lá

Mas enquanto escrevia isto
O sol fez o seu capricho
Tenho o poema terminado
E o meu braço queimado
Escrito: Maio 2018
Feb 2019 · 413
Proper pupils
Gil Cardoso Feb 2019
Light of the lamp
In my eyes
As I hold tight
And stamp my approval

These are nor lies
But a truth that is brutal
Only to me
As no one can see
Blindness of not being me

Preconceived belief
As the proper pupils
Pave a path
They think their own
But they are not alone

They read another passage
On a piece of paper
Lose their independence
And lose their nature

And so we follow the proper path
The papers we read
Written by one who laughs

So shine that lamp
In my eyes again
I cannot read the proper paper
So the pupils I won’t befriend
Written: 9 February 2019
Feb 2019 · 211
Unpleasant screeching
Gil Cardoso Feb 2019
Nails that scratch
Inside my brain
It makes no sound
This uncomfortable pain
All relief is in vain

It shall pass
As it all does
This screeching glass
This breath of saw dust

So I stop
Don’t make a move
I once fought
But all I can do is lose

I am afraid
Not of the feeling inside
But of the decisions I made
To make it subside

Nothing works
The screeching continues

I stand waiting because
It will end
As it all does
Written: 3 May 2018
Feb 2019 · 285
Não quero felicidade
Gil Cardoso Feb 2019
Fogo que arde por dentro
Tudo consome
Até deixar vazio

Uma eterna fome
Um imparavel rio

Árvores que crescem por amor
Ramos partidos em dor

Voltam a crescer
Frágeis e retorcidos
Interiores corrupidos
É o preço de viver
A consequência dos conhecimentos adquiridos

Até quando crescem?
Quando vão parar?
Será que não percebem
Que há um preço a pagar?

“Senão crescemos
Diz-me que fazemos,
Morremos?”

“Deixamos um eterno vazio?
Perdemos a esperança?
Secamos o rio?
Abandonamos a lembraça?
Aceitamos o frio?
Interrompemos a dança?”

Eu só quero paz
Não felicidade
Porque não interessa se tentas e dás
A vida aproveita toda oportunidade

Ela é ingrata
E para mim já marcou uma data
Escrito 17/02/2018
Feb 2019 · 259
Cego! Mas voluntariamente!
Gil Cardoso Feb 2019
Oh coração, por onde vais?
Por que te causas tanta dor?
Isso é tudo por amor?

As minhas razões não as conheço
Nós apenas carnes somos, os corações
A mente, essa, que trate das motivações

E se ela não as tiver?
Que fazes então
Oh meu pobre orgão

Já te disse que não sei
Não quero saber
Nem quero ver

Bem dizem que o amor é cego
então é ceguês voluntária?
Ou será ela necessária?

Porque não os dois?
Mas deixa-me estar quieto
Nesse assunto eu sou analfabeto

Mas não tens medo?
Olha para o teu passado
Não te lembras de como tinhas acabado?

Já te disse que sou carne
Não me lembro de nada
Exepto da minha realidade apaixonada

Essa paixão já a vi
Mas o que eu questiono
É o que acontece em caso de abandono

Nesse caso que venha a mente
Ela que me cure
Ela que me ature
Escrito 23/01/2018
Feb 2019 · 227
Não escrevo em paz
Gil Cardoso Feb 2019
Remate, chuta, golo!

Quando o faço no meu quarto
Ninguém admira
É mentira!
Admiro eu!

Que fazes tu?
Escreves remata e chuta
Que é a mesma coisa?

É? A lingua portuguesa é...loiça

Isso era só para rimar?
Nem rima bem

E para que me críticas?
Tu és eu
Partilhamos o mesmo corpo
O mesmo….

Lorpo?

Isso nem é palavra!

Para quem usou loiça antes
Esta pelo menos rima

Tu nem fazes um esforço
Com essa mania de superioridade
Tornas-te um destroço
Por causa da tua inseguridade
Eu pelo menos trabalho
E faço sair palavras
E se me apetece
Rima uma com bugalho
E a outra com larvas
Agora vai-te embora
Vai morrer
Se te apetecer
E deixa-me escrever
01/02/2018
Escrito 01/02/2018
Feb 2019 · 465
Viagens
Gil Cardoso Feb 2019
O melhor das viagens
É o fim do trajecto
É o impacto do novo
É cheirar novas cores
É ver outros adores

Sim, porque em novos mundos
Até os sentidos estão ao contrário

O que é dor agrada
E o veneno não mata

Que pena durar tão pouco
E ter de voltar a partir
Escrito 01/02/2018
Feb 2019 · 194
To my (liquid) love
Gil Cardoso Feb 2019
Little drip of coffee
You give me life
Make a person out of you
I shall make you my wife

I said little?
That is not true
Only in copious amounts
Shall I consume you

Cause even an espresso is great
A concentration of taste
Of which I do not take just one
Cause that is too close to none

So go ahead
Strike my liver
Make my hands shake
Make my head quiver

Let me taste your delight
Make me change my mood
Keep me awake at night
Like a good women should
Written : 17 March 2018

— The End —