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Victor Marques Apr 2016
Vivendo cada dia com a graça e bênção de um Deus infinito e criador. Aproveitando cada segundo para me aperfeiçoar e aprendendo sempre ouvindo sábios conselhos de quem viveu e aprendeu mais do que eu...
De quem por qualquer motivo não soube aproveitar oportunidades perdidas ?
De quem sabe apreciar as minhas qualidades e meus defeitos...
De quem que por vezes se cruza comigo e sorri gratuitamente,
De quem me compreende e agradece a minha companhia,
De todos que por qualquer razão me olham sempre com carinho e amizade.

Um abraço amigo
Victor Marques
Deus, bençao
Meus caros, eu vi!
Quem sabe num sonho, ou talvez não fosse exatamente um sonho
Quem sabe as luzes estivessem baixas demais
E a escuridão que promove vultos, houvesse enegrecido minha mente
-Entorpecido por meus próprios pensamentos-
Ali estava, a visão atemporal da existência

Trafegando por aterradores espaços infinitos
A escuridão assombrava o devastado pântano das almas amaldiçoadas
ouvia-se os gritos daqueles que encontravam ali o fatal destino
Os mortos que estavam aprisionados ansiavam por companhia
Uma fumaça fétida pairava sobre as águas apodrecidas
Animais se decompunham retidos pela lama pegajosa
Vermes se proliferavam naquele ambiente hostil enquanto o atormentador zumbido de moscas preenchia o silêncio daquele lugar horrível
As criaturas mais horrendas e bestiais ali faziam sua morada
à espreita das desavisadas presas que por aquele caminho se perderam

Há um homem perdido em seus próprios passos
Ele caminha ao longo da estrada
Entre-a-vida-e-a-morte
Ele está vivo, mas nunca viveu
Como também está morto, sem de fato ter morrido
Anseia por luz, mas se perde na escuridão do pântano

O bater de asas dos abutres lhe contam que tudo é um sonho, mas também uma profecia
Abaixo da árvore da vida sete urubus mortos estão se decompondo
Não há quem possa devorar seus cadáveres apodrecidos
Uma formosa águia sobrevoa o pântano
Sete ratos tentam se esconder
Sete cobras tentam fugir
Mas a águia devora os sete ratos
E também devora as sete cobras

O homem se torna dois, e um terceiro que não é homem
Ambos deverão transitar pelo inferno
Arrastar-se pela terra infértil da morte
Um morrerá para si mesmo
E renascerá como a fênix mitológica
O outro morrerá eternamente
Consumido pela legião de sombras
Sua tristeza será incomensurável
E como se uma ira brotasse em seu âmago
E uma dor gigantesca consumisse todo o seu ser
Sem derramar uma lágrima
Mergulhará sua existência nas águas esquecidas do Lethe
Embora o primeiro igualmente experimentasse dor tamanha
Ele encontrará seu guia dentro de si mesmo
Pois o guia na escuridão é a luz
Na luz nenhuma escuridão prevalece

O terceiro é como se jamais existisse
Permanecendo no limbo do crepúsculo
Sem dormir ou acordar
Apodrecendo como os urubus mortos aos pés da árvore da vida
Sem jamais experimentar seus frutos

Os três se tornam um só novamente
Mas algo havia mudado
Já não poderia mais ser o mesmo

E como num súbito – abri meus olhos
Não poderia ter sido um sonho
Por mais que estivesse sonhando…
Meus caros, eu vi!
Lua Apr 2019
Nas palavras da mulher que viveu em 1910
Os "anos 80" eram 1880
E suas reclamações da nova Rússia eram tão atuais quanto as nossas
Em meio a semi ditadura e intolerância política e religiosa
Eu, que quase achei que estávamos progredindo e crescendo
Esqueci que esse é o maior defeito dos seres humanos, o esquecimento
Esquecer que isso tudo já aconteceu
E vai acontecer de novo e de novo
Mesmo eu, assim, maldizendo.
Talvez uma ou outra coisa melhore
Como disse um conhecido certa vez
Mesmo que o mundo se afogue
No consumismo, e exploda de vez
Em puro esquecimento
Afinal, você não pensa?
Sim, sobre isso mesmo
Sobre o sentido de tudo isso
Em meio a minha juventude nunca entendi a complexidade desse pensamento
Hoje, perdida entre sentimentos, compreendo
Não é sobre o sentido da vida
Mas sim de tudo do mundo
Afinal o ser humano gosta de se ver como uma dádiva, uma criação
Mas não pára para pensar na simples ocasião
De ser fruto de um erro de equação
O navio chegou como um cavalo voador, num momento inexacto
O nosso irmão marinheiro, do Panteão dos Poetas, estava a bordo
Jean Pierre Basilic Dantor Frankétienne D'Argent
Quem escreveu, à pressa, o último ato
Milagrosamente, acabou no porto
Entrou e saiu sem dizer uma palavra, sem dinheiro
Sem as suas obras-primas, sem uma casinha
A vida é assim, viajamos em qualquer altura do ano.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

Frankétienne não foi embora
Está algures, em Ravine-Sèche, no Haiti, nas ruas
A sua inspiração está no espetáculo ‘Le Point’
Não temos escolha a não ser cuidar de nós
Da sua memória, da sua invenção e da sua imaginação
Frankétienne foi um génio haitiano, poeta, dramaturgo e espiralista
Ministro da cultura, escritor, cantor, pintor e artista
O seu nome era uma frase muito, muito longa
E as suas palavras faziam as pessoas rir até ao êxtase.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

Enquanto viveu, não conseguiu que a sua pequena casa
Foi um génio lendário que desafiou a imaginação
Ditadores, o ordinário, o insólito e o abstrato
Tornando-se um mapou, um embondeiro. Wendell diria
Que confusão! Que catedral! Que cidadela!
Parafraseando o filho do diretor da McDonald's
"Se cair, aprenda a levantar-se rapidamente"
A sua queda, deixe que a sua queda se torne um cavalo, o seu cavalo.
Para continuar a viagem", a excursão.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

"Cada minuto conta depois dos cinquenta"
Frankétienne disse uma vez, uma vez que pode ir
A qualquer momento, em qualquer instância
'Galaxy plomb gaillé', não muito longe do nadir
Um traço invisível na cabeça como Valentino ou Tino Rossi
Frankétienne já não está lá, o artista já se foi
Permanece mais do que nunca um novo Ser
O gigante, o escritor, o ator, o escritor
Está vestido com suspensórios como um grande ***** branco
Não como um monstro do Dr. Frankenstein. Como um mafioso
Como um ladrão, o navio era como um cavalo voador. É a morte
Que nos ameaça como se estivéssemos errados
Choramos, choramos agora como uma mãe de luto
Para este octogenário avançado, para este príncipe da luz.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

P.S. Uma homenagem a Frankétienne e à sua família, a Wendell Théodore
E companhia à Rádio Métropole e a todos os bons haitianos.
As minhas mais profundas condolências a todos! Sente-se e deixe a terra voar!
Esta é uma tradução de:
‘Le Navire Est Venu À Cheval Ou Hommage Au Fameux Poète Frankétienne’
‘The Ship Came Like A Flying Horse or Homage to the Famous Poet Frankétienne’
‘El Barco Llegó Como Un Caballo Volador U Homenaje Al Famoso Poeta Frankétienne’
‘La Nave Arrivò Come Un Cavallo Volante O Omaggio Al Famoso Poeta Frankétienne’

Copyright © Fevereiro 2025, Hébert Logerie, Todos os direitos reservados.
Hébert Logerie é autor de várias coletâneas de poemas.

— The End —