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O mar já não salpica
a janela do meu quarto,
já nem me visita
ao escuro, de noitinha,
com canções ou poesia -
de amor ou ego
nunca cheguei a entender.
Mas, ainda que incerta,
quando o mar me salpicava
a janela do quarto,
dentro de mim eu cria,
ah, e como queria,
que fosse amor!
Enfim, mudei-me para o interior,
para me dedicar a amar as montanhas
(que não há esperança para o rios
por muito que neles me banhe).
Se não é salgado, o amor terá que ser
térreo e verde, imenso e divino,
altivo e maternal. Enfim.
O que amo nas montanhas
não passa de um reflexo de mim.
O que amo no mar é tudo o resto.
A expectativa,
a possibilidade,
a esperança
em algo para além de mim.
Em algo bom e humano,
leve e fluido,
tempestuoso mas seguro,
caseiro e real.
Victor Marques Oct 2014
Vinhas nos dias de Outono
Quando da minha janela olho com sono,
Vejo vinhas ao abandono...
Quando da minha janela não  vejo flores floridas,
Olho para as folhas apodrecidas.
Me levanto com a vidraça embaciada,
Olho para um horizonte feito do nada.
As videiras imponentes e coloridas,
Despertam meio adormecidas.
Os ribeiros que desesperam junto aos salgueiros,
As rochas escurecem  com sorrateiros nevoeiros,
As vinhas parecem estar cheias de vida,
Eu me conforto com um  beijo de despedida.
Tantas e diversificadas  cores que me enchem a alma,
Solidão que ama e da calma.
Vinhas de um Outono  singular,
Folhas de par em par. .
Victor Marques
outono, sono, folhas, vinhas
Ana Sep 2018
Da janela do meu mundo
Poderia dizer que a vista é sôfrega
E deprimente,
Prédios que escondem as árvores,
Fábricas que me cegam as estrelas
E lixo que voa pelas ruas
Onde passam pessoas vazias,
Mas estaria a ser injusta,
Injusta para com a Lua
E com a luz que jarra neste rio.
Quando os meus olhos caem
Sob ela são conquistaos,
E esqueço o mundo
E os meus deveres,
Esqueço as árvores escondidas
Pelos prédios,
As fábricas que me cegam as estrelas
E o lixo que voas por estas ruas
Onde passam pessoas vazias.
Hipnotiza-me e o tempo para,
Só de olhar para uma das luas
Incorporadas na imensidão deste Universo,
O tempo para,
O tempo para e eu sou feliz
Por poder-me juntar a ela
Cada noite do resto da minha vida.
pp
Olho p'la janela e vejo que o dia nasceu belo;
Toda a atmosfera irradia uma tonalidade magenta -
O Outono já não tarda a chegar.
Há alguma paz nisso, mas não tanta que dure.
Dói-me ser.

Pudesse eu aprender a abraçar as sensações imensas,
Em vez de me afundar nelas, sem ar que respirar;
Pudesse eu seguir os ensinamentos de Álvaro de Campos
E fazer do sentir uma viagem infinda,
Um caminho ascendente em direção a Deus.

Pudesse eu sentir como sinto,
Como sinto tudo -
Deste modo exagerado que tenho de sentir tudo -
Sem deixar qualquer sensação tornar-se numa angústia profunda.
Soubesse eu olhar as flores
E amá-las como amo enquanto as olho
Sem que se me partisse irreparavelmente o coração
Quando não as pudesse olhar mais.

Dói-me ser
Quando parece que tudo o que sou
É esta enchente de sensações que não sei sentir devidamente.
Quando tudo o que sou é algo que poderia jurar não ser realmente eu.
Mas como posso não ser eu se são minhas as mãos que escrevem estes versos e
Meus os olhos que se quase desmancham por ter que os escrever e
Meu o coração - esta penosa maldição que carrego no peito -
Que bate furioso por não o saber ter?

Pensado em mim,
Não me imaginaria ser como sou;
Pensando em mim,
Não sei se me imaginaria de algum modo concreto mas,
Pensado em mim,
O que sou é uma mentira mal contada.

E, se o que sou é uma mentira, ser deveria ser um vazio gigante.
Mas o que sinto ser é tudo menos um vazio gigante.
O que sinto ser é um transbordar de Ser e
Como, tenho já dito anteriormente, uma contradição imensa em si.

Dói-me ser se o que sou é sentir.
Dói-me sentir e dói-me sentir que o que sou é uma construção incompleta.
Dói-me isto, tudo isto que me foi imposto como um dever -
A personalidade, o pensar, o Ser...
Dói.
Dói.
Dói....
Victor Marques Jun 2012
Rio Tua


Olho o rio que corre suavemente,
Nobre povo, paisagem estonteante,
Castanheiro terra singular,
Janela aberta para te comtemplar.

As montanhas descem para ti rio tua,
Imagem linda sem igual,
Pareces não ser rio, ser o mais lindo postal,
Rio maltratado pelas gentes de Portugal.

Quando me levanto te olho com amor,
Encontro Deus nosso Senhor.
Os melros e pintassilgos entoam afinadas melodias,
E tu rio Tua te abandonas junto às penedias.

Grande Abraço.
Victor Marques
Victor Marques Nov 2012
Um grande amor nunca morre

Um grande amor não pode morrer,
Não pode fechar o livro sem ler…!
O vento é por vezes altivo,
Com este amor eu sempre vivo.

O amor gosta do orvalho de madrugada,
Com sua janela aberta, fechada?
Os lugares boa lembrança sempre te mostrarão,
O grande amor também vive de solidão.

Não dorme sempre em teu leito,
Pode até ser teu par perfeito?
Estradas sinuosas por vezes num só caminho,
Sorriso que se sente em menino…

Um grande amor gosta de ver a lua,
Ser verdade minha e sua,
A tristeza nos mutila e invade,
Amor que nunca acabe…

Victor Marques
amor , lembrança, solidão
Victor Marques May 2011
O amor de Pai

Na minha mente nobre e cansada,
Te vejo com carinho e abrigo,
Os anjos passam sem prévio aviso,
Caminhas pelas vinhas no paraíso.


A tua preocupação doentia,
O teu labor te bendizia.
Janela sempre aberta,
Teu amor me desperta.


Horizonte duriense que padece,
O teu amor vive e não se esquece.
O xisto continua inerte e não esmorece,
Teu amor é uma como uma prece.

Victor Marques

11/11/2005
Victor Marques Jul 2012
A chuva

Chove intensamente para alegria das gentes,
Para os campos e suas sementes.
No nosso peito existe secura,
Chove e vem do céu água pura.

Chuva miudinha que quase não molhais,
Dais de beber aos pardais.
Chuva calorenta de um dia de verão,
Chuva que canta linda canção.

A chuva não bate no preso em sua cela,
Nem pode ser vista de sua janela,
Escutar a chuva que bate em sintonia,
Eu me devaneio com suave melodia.

A chuva dá imenso prazer,
De noite ou ao amanhecer.
Sentir a chuva com amor e sentimento,
Estendedoiro fustigado pelo vento.

Victor Marques
Julia Jaros Apr 2015
Branco e bege se fundem na cortina
Feixes de luz tentam passar
despercebidos
para um mundo onde há muito
foram esquecidos
a poeira e a maneira.

Observe o movimento sutil
do tecido repetido e entretido
A transparência é genuína
mas a poeira
é contínua.

Subjetividade
O espaço tímido não se revela
Escondendo sua sequela
de quando tão ingênuo
escondia uma janela aberta.

Bem, está trancada agora.
Victor Marques Dec 2012
Os Nossos sonhos e o amor que existe em nós

Os nossos sonhos são elos, alegria, tristeza,
Vagueiam sem cultos e com beleza,
O céu meu refúgio espiritual,
Descanso eterno e fatal.

A vida madrasta do que é perfeito,
Sonhar deitado no nosso leito,
Perdem-se com os dias, desvanecem,
Renascem com o amor que os adormece.

Sonhar alto com amor sem sentido,
Sonhar acordado, vestido, despido.
Tocar os vidros da janela que abriste,
Sonho velho que já partiste…

Victor Marques
Victor Marques Sep 2013
Dedicado ao Ilustre, reverendo Padre Bernardo.

Um culto de saber apurado que labuta e explica na perfeição: o amor de todos nós pela nossa terra. Estou grato e este poema será pouco para dedicar a tão nobre Carrazedense.

Nascemos todos nesta terra linda e singular,
Janela aberta para Douro e Tua comtemplar.
Xisto, granito e terras de areia,
Grito de gente plebeia.

Todos sentem com alma e coração,
A Deus excelsa gratidão.
Planalto que tão bem ficas assim,
Musgo, fetos e alecrim.

Macieiras e as figueiras centenárias se adaptam em harmonia,
Vinhas e oliveiras bafejadas pelo sol de meio-dia.
Pastores que gostam das giestas, dos lameiros esverdeados,
Carrazeda e seus antepassados.

Victor Marques
Rui Serra Jul 2014
Um dia
ao passar p'la janela

Um grito

Olhei
Curiosidade

Sangue
Um homem
Uma mulher

Sangue derramado
Imagem
Uma outra mulher

****
Falsidade
A janela fechou
Prossegui.
e.
ouço Bach da janela do CD
que é capa e
ouço
a caixa ou cortina e porta

aberto:
meus ouvidos enxergam uma nota
que palavra não rouba
ou decalca.
e tem meta.
e alcanço o avesso,
retalhos. retalhos.

ouço orações
nelas,
1.000 datas se repetem
em espera.
e ouço Bach.
trata-se, enfim, de um eu-lirico – espero – confuso no momento do seu êxtase místico, ao ouvir Johan Sebastian Bach. as alusões numéricas são referencia a uma tradição oriental que diz ser preciso junto à pessoa amada, ter rezado 1.000 vezes, para então e só assim, haver certeza do amor para ambos. no entanto, ao colocar no Poema, 1.000 anos de espera – em datas – saliento, sobretudo, a multiplicação – potencializarão, portanto – daquela oração e[ daquele êxtase do início da confusão que o poema evoca. o poema está presente num Livro inédito e na gaveta. ou melhor, dizendo, numa pasta, do meu computador.

#

muitos erros de edição, aqui, graças à limitação do hello poetry
Victor Marques Sep 2013
O bom ladrão da aldeia

Seus pais embriagados estão,
Felicidade nunca tida,
Olhos de solidão incontida,
Despedaçou meu coração.

Partes vidros da janela,
Dormirias em qualquer cela,
Poderias matar e ser assassino,
Carinho que não tiveste em menino.

Arrombarias portas sem saber porquê?
Tens a falsa e estranha sensação,
De sentar num sofá e ver televisão,
Carinho e amor que Deus te dê…

Cordiais Cumprimentos
Victor Marques

Lavandeira, 28 de Junho de 1991
Sonhos são apenas sonhos
Um grito ecoa por minha ***** cefálica
Bato meus braços como se fossem asas
mas sei que jamais poderei voar

Olho-me no espelho
Olho minha casa, suja, velha e pobre
Olho-me no espelho, olho minha casa
Olho pela pela janela e vejo a loucura
Observo a humanidade e vejo loucos
e entre ruas vazias da madrugada
e ruas lotadas do dia
Ouço música para não ouvir o zumbido barulho
E fecho o olhos para sonhar

Acordo em um entediado transe
pois somente ausente de mim começo a produzir
Victor Marques Oct 2013
A chuva

Chove intensamente esta noite na penedia,
Escuto e interiorizo melodia…
A noite está muito sonolenta e escura,
Eu vagueio em vales de ternura.

Chuva miudinha que nem molhais,
Regas vinhas, oliveiras de meus pais.
Pões escorregadios durienses rochedos,
Chuva de amor e seus segredos.

Chuva de um Verão com toque de Outono,
Cão vadio sem senhor e seu trono.
Chuva torrencial de águas paradas,
Chuva de contos e fadas…

Chuva que esbate em frente na pobre janela,
Cores de um arco-íris feito Cinderela.
Ritmo parecido com o toque do sino,
Chuva que cai ao desatino….

Victor  Marques
Mais um dia cansativo
Com a tarde inteira para dormir
Um pouco de descanso seria o remédio
Numa fusão de tudo da-se o tédio

Daí algo fica estranho
Você sabe que não está normal
Uma movimentação, um chororô
Uma energia ruim cobre o meu ciclo

E então, alguns baques na minha janela
Algo de ruim teria acontecido
Não sabia que com ela
Então levanto de um cochilo pela tarde
E alguns amigos me avisam
Que a pessoa mais amada corria perigo

Numa aventura jovem
O perigo vem
Não olha para quem, mas bate com força
Numa aventura jovem
Um sonho se vai
E sem olhar para trás
Se transforma numa forca

Cada erro uma consequência
Mas a esperança não acaba
Positivo deve-se pensar
Com  um acerto forma-se a palavra

Uma moto, uma estrada, um acidente
E tudo vira de ponta a cabeça
E agora? O que será?
Só o tempo pode nos responder
Se depender da minha torcida
Ela irá viver.
Victor Marques Jan 2017
Quando me levanto e olho da minha janela,
Agradecendo a vida  e o amor que tenho por ela.
As encostas por trabalhadores durienses foram esculpidas,
E suas memorias nunca  esquecidas ....


Agradecendo as geadas que gelam nosso olhar
Vides que esperam uma Primavera,
Nevoeiros que esfumaçam na nossa terra,
Pastores  que pernoitam com o brilho do luar...


Lagartos que hibernam sempre no Inverno,
Noites longas que nos deixam monótonos e tristonhos,
Agradecendo o amor que parece eterno,
Vivendo segundo a lei dos nossos sonhos...


O Sol espreita por vezes de soslaio e sorrateiro,
Agradecendo as noite frias em Janeiro,
O céu fica limpo e pronto para ser contemplado,  
E eu fico meio embasbacado ...


Victor Marques
AGRADECER, INVERNO, FRIO
Anna Bianchi Dec 2016
Você me deu tantos sustos
Que agora a realidade parece confusa
E eu não sei o que sentir
É uma angústia, um novelo de lã que usavas para tricotar minhas toucas
Enforcando meu peito.

Teu amor me aquece nesse inverno tão gelado
E a única promessa que te garanto é de sempre levar meus casacos
Pois sei que deu que fará frio na televisão.
A lembrança do teu toque e cheiro são tão vividos
Será que irão embora contigo com o tempo?
Ou ao menos isso deixarás para mim?

Tem um potinho do teu molho de macarrão no congelador
E tantas fotos suas com um grande sorriso nos álbuns lá da sala de casa
Não consigo acabar esse poema
As forças que tinha usei tentando colocar o pé fora de casa
Acabaram nos meus olhos vislumbrando a janela.
Vi um mundo vivendo
Pessoas passando igual a antes
Seguindo em frente
E ninguém está de preto. Ninguém chora. Ninguém sente o que eu sinto.
Porque não te conheceram
Aí dessas pessoas infelizes
Que não provaram do teu carinho
Do teu amor
Aí dessas pessoas infelizes que vivem e passam
Enquanto eu não aguento viver nesse mundo sem você.

As lágrimas me consomem
E eu nem tenho mais lágrimas para chorar.
Rui Serra Mar 2014
Quarto fechado
escuro
(mas não muito)
uma luz
incenso
odor
forte o(dor)
sândalo
No exterior
chuva
frio
um pedinte
gabardina velha
Janela
(de volta ao quarto)
uma face rosada
(acende-se a luz)
Princesa.
Rainha.
Mulher.
Dayanne Mendes Jun 2014
O tempo passa,
A idade pesa.
No chão do quarto,
Encerro outra conversa.

Eu olho a janela,
O céu lá fora.
Me sinto tão distante agora.
Faltam os falsos amigos,

Os verdadeiros também.
Mas hoje não vou dormir.
Em uma colcha de falsos parabéns.
Amadureço mais que meus 20 anos,

E a dor que isso causa,
Me lembra que sou humano.
São só 20 anos afinal,
Será que viverei até os 90 pra assistir um recital?

Aos 10, fui pureza.
Aos 15 paixão.
Hoje misturo beleza com coração.
20 aos 20, eu sobrevivo.

Trago mais um cigarro ou respiro?
Victor Marques May 2018
Minha querida filha,

Sem ti eu não seria mais que um pó maltratado,
Contigo sou energia, amor e vida,
Sou pela sorte bafejado…
Contigo sou mar, terra sempre querida.

Sem ti, não teria vontade de encostas consagrar,
Horizontes belos para com a noite pernoitar.
Contigo sou viajante que caminha com esperança,
Sem ti não teria vontade de nas noites de lua cheia,
Ouvir as cigarras que acasalam como sendo uma estranha crença,
Nem me permitiria pensar que existe o lobo e a alcateia….

Contigo sou sempre o espelho que me conforta,
Peregrino que caminha de porta em porta.
Contigo sou eu com a todas as bem-aventuranças, com todas as estrelas cintilantes ao luar,
Contigo sou janela, amor, terra e mar….

Com eterno amor

Victor Marques
filha, querida,amada
Me recostei na janela
A rua vazia, vazia
Olhos ressabiados
Contos de lorotas entre carolas

Um diz que diz
O que o gato comeu
Que a pia entupiu
E o filho que sumiu

Ai! Já não aguento mais!
A mãe que queimou o feijão
A filha que dormiu no furgão
A empregada que se queimou no fogão

Meu Deus do céu!
Que fazem as mentes vazias?
Que tanto este diz que diz?
Tudo isto faz alguém feliz?

Se fossem verdades...
Não são e nunca serão...
Uns pelas costas dos outros
Difamando e espalhando intrigas de todos
Rui Serra Jul 2014
Vivo num castelo
último andar de uma torre
janela
homens armados com bíblias
praguejam
e tentam alcançar a cidadela
doença
fome
epidemia
bandeiras ensanguentadas
hasteadas do portão principal
têm içadas o perdão
de facto é uma loucura
está tudo bem
até agora.
No alto das colinas
crianças
estão apenas a uma bala de distância
sem abrigo
irão desaparecer.
Abutres ávidos de mantimentos
tentam-se saciar
é o fim.
Nas ruas
Na selva de pedra
Uma poeira preta
Entra pela janela
A velha varre o chão
Seu filho cospe
e lá mesmo bate as cinzas do cigarro
Com seus dedos de alcatrão
Tosse Tosse
Coff Coff - pigarro
Rui Serra May 2014
Sigo pela avenida,
os cafés recolhem
as mesas.
Esplanadas frias,
já sem ninguém,
já sem sentido.
Chuis fazem cumprir a lei
com varinhas de condão.
Na janela,
um rosto
imagem distorcida
Uma carabina
um tiro
no frio da noite uma imagem gélida
Sigo em frente
pela estrada de asfalto
rumo à indiferença.
Rui Serra Jan 2015
abro a janela
e sinto o ar húmido

sinto o beijo
frio
na minha pele

volto a ser criança

sinto-a escorrer pela minha face

encharco-me

danço entrelaçado em cada gota;

a chuva apenas nos liberta
Brilham por fora da minha janela
As cores do meu antigo amor.
É demais só e escuro o Inverno
Para amar em cores frias
Ou pássaros que não tornam.

Aqueço as mãos no laranja e amarelo
E deixo crescer rosas carmim no peito.

Incendeio tudo
no quento e luminoso
amor paixão
vannadesse Nov 2014
Chávenas com café frio
que sobrou da noite passada.´
Deixei os papéis amachucados
meio rabiscados
à entrada.

E sinto um pouco de frio
foi uma das meias que fugiu
escondeu-se no fundo da cama.

Ainda meio inconsciente
o teu nome cruza o meu pensamento.
Olho a janela e o dia está cinzento
e a minha mão dormente.
pinkandwhite May 2021
Ar puro na janela
É vendaval
Perfume de canela
Jasmim, nardo
Vestido amarelo

Você para mim
É  flor do instante
Distante a orar
Por mim

O oceano, o bar, a praia
Me leva para casa,
Anjos e arcanjos
É folha de outono,
Felicidade inventada

A flor é o ópio
É o ar, é o sol

Palavras enfeitadas
Poemas e aquarela

Me leva para casa.
Mariah Tulli Jul 2017
Espelho
Objeto
Onde Vejo
Fragmentos
Do meu ser

A cada olhada
Uma nova descoberta
Uma janela
Sempre aberta

Que empurra meu eu
Para uma imensidão
De dimensões
Que é viver
Laura Araújo May 2018
São quatro e vinte da madrugada

E o fraco ainda resiste.

O dia nasce não tarda

E continua a sina daquele triste.  

Será ele um poeta,

Um que se viu de alma abandonada

Ou um cuja profissão é a mais antiga que existe?



O seu coração pinga solidão, que se tenta encobrir,

Fundida pela malfadada escuridão que o rodeia

E que goza do ferir.

O vagabundo olha à volta como se tivesse casa cheia

E ouve, gota a gota, a gota, abusadamente, cair.

Repete-se todas as noites a ladainha

No aconchego de sua cama quentinha.



Para este fraco, viver é ousadia.

Limita-se a existir e até isso é um ultraje.

Vê o sol que na janela luzia;

Vai ao espelho ver se este lhe traz

Aquele brilho que outrora o seduzia

E que há muito não o via.



Depara-se com o rotineiro:

O pesar do vazio corriqueiro

Que em forma de sombra breu

Sobre si subtilmente desceu.

Fatalidade que o destino por si escolheu.



É este o tal fado

De quem não se sente satisfeito

Nem é valorizado

P'las cicatrizes que carrega ao peito.



Dizem que tem vida de vadio.

Terminará o triste por rir

De quem um dia dele se riu?



É esta a "pseudoprofecia"

Que o acompanha noite e dia.



É só mais um que não vive o ultraje que é existir.
Fortes Jun 2018
mudei recentemente pra esse lugar novo
ainda não me adaptei
não sei agir de acordo
sigo sendo eu, mas parece um eu novo

teve um dia em que não respeitei o horário de silêncio
dava pra ver a lua refletindo meu anseio
então abri as janelas
(do meu peito)
e gritei

esse eu
novo eu
não cabia mais em mim
tive que explodir
então gritei, buscando um jeito de expandir

e descobri, afinal de contas
o que tinha de tão novo:
era a voz.

mudei recentemente pra um lugar silencioso
onde as explosões se escondem
atrás de olhos encharcados
e corpos domados

mas esse eu
novo eu
explode aos quatro ventos
mesmo que de um jeito manso
(ainda assusta escapar do próprio corpo)

sorri, ali
com a janela aberta mesmo
ouvindo aquilo ecoar

sinti, sem dificuldade
que esse eu
o novo eu
nunca mais vai se calar

Perguntar donde vens com sentimentos,
Cabelos soltos aos ventos.
Perguntar ao mundo que sentiste,
Brisa amena que pediste.


Quando acordo e na janela espreito,
Olho o vento  que parece  desfeito.
Tocando baladas em qualquer sino,
Tirando mágoas do próprio destino.


Olha aves sedentas de voar,
Esvoaçam sobre o teu olhar.
Pinheiros verdes,meios partidos ,
Rosa dos ventos de sonhos vividos.



Deixas as ondas do mar com zumbido,
Fustigadas sem porto , nem abrigo.
És bom vento que madrugas no além ,
Com a chuva que nos quer bem.

Victor Marques
dead0phelia Apr 2022
tenho que me apaixonar por essa cidade
feito planta emparedada com os galhos suspensos escondendo o viaduto podre
é bonito demais o sangue no meio do verde
vida e morte
amo essa palavra como quem ama o que não existe
mas que esta bem ali sempre a espreita
de repente concreto
o motorista bateu no meio fio
a roda de ferro comeu o couro do pneu
"perdi quinhentao"
que recepção
o calor subindo da pedra  e fervendo meu juízo
paulista interditada no domingo pros crentes encherem o saco debaixo da minha janela entra na minha casa entra na minha vida mexe com minha estrutura
eu sinceramente poderia ser o meio fio e algum deles a roda
que bela vista seria
Travessia
com letra maiúscula por que é
a única que interessa
começou o complexo de lispector te situa menina
pobre tudo impressiona demais, mas nada encanta
Nem pareces Primavera, nem Inverno,
Chegas com pouco calor humano,
Acabam as colheitas do engano e desengano.
Outono que parece não ter dono...

Sobrevivem plantas e tudo parece se perder,
Semente e terra castanha que é vida e quer viver,
Os ventos são frequentes.
Ficam frios, deixam de ser quentes.
As árvores adormecem sem querer,
Outono amarelo que recicla todo o meu ser.

Mãe terra de todas as colheitas,
Das coisas bem ou mal feitas.
Vibração do ciclo da vida,
Pareces desgarrada e despedida.
Comemorar derrotas e todas as conquistas do grão estar maduro,
Outono sonolento e mais escuro.


Mas és Outono com as flores de acácia,
Madresilva da vida que te enlaça,
Outono da vida que te abraça,
Janela aberta para o dia amanhecer,
Renascer, renascer , renascer...
Outono,  terra,renascer
Grumpy Dwarf Jun 27
É a tragédia vivida ou pensada
Que do nada, gera tudo
Janela da alma que se mostra iluminada
Postigo do ser, sempre vazio e mudo

E se o grito na garganta é visceral
Sem razão, sem concórdia interna
Na noite prateada, por bem ou por mal
Evade-se em som essa vontade terna

Condição ingrata, vingando o caos certo
Das sinapses frenéticas
Que percorrem universos

A transcendência refugia-se em segundo plano
A transcendência não cabe nestes versos

— The End —