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Como um quadro pintado em abstrato,
Assim descrevo a paisagem que hoje piso,
Não tenho duvidas, nem temo as certezas,
O melhor do caminho, guardo eu comigo!

Secretamente, abriu-se a porta, pelas mãos suaves,
De um corpo penetrante, dirigido pelo olhar amarrado,
Nas pernas se sentiu o gosto, de um paço apressado,
Rumando certeiramente, a favor daquilo que amava!

Nunca, nunca deixou de ser teu, apenas temeu,
Temeu não ser para ti e se fez homem quando te viu,
Viu-te sorrir profundamente, na primeira vez que chegas-te,
Percebendo logo, que chegou também o amor que procura-te!

E assim que pedras tenha o mar,
Que muita chuva mesmo, caia do ar,
Que os raios de trovão, ecoem pelos céus,
E os terramotos, abalem toda a terra!

Mas nunca mais eu quero ver-te distante,
Chamar-te e não me ouvires,
Sorrir e não poder, ser por ti!
Se pude amar-te, que agora, seja sempre!

Autor: António Benigno
Para ti Liliana Patrícia.
Código de autor: 2013.07.20.02.06
Ainda sou ontem um espasmo em flores abundantes
Sou voz em noite no silêncio limite
Sou ser em curvas para o infinito de vermelhas luxúrias
Sou visão balbuciante & gritos
                                             Fugas
                                             Devaneios
Ainda sou sempre no espaço presente
Sou micro-vácuo buscando a partida precipitada do fim
Sou andarilho descalço nos jardins do horizonte
Sou emanação do abscôndito mítico mistério
                                                                  Sou longe
                                                                   Limite
                                                                   Extremo
Ainda sou hoje febre poética do fogo
Sou raiz aquém do líquen ardoso
Sou litígio pecado & asas sem ar
Sou brilho abstrato & ser viagem às sombras platônicas
                                                                                 Símbolo
                                                                                 Signo
                                                                                 Mito
Ainda sou ontem um vôo futuro
Sou vício perdido em tormentos astrais
Sou real transcendência entregue à musa
Sou consciência da angústia do (eterno) re-torno
                                                                         Re-nascimento
                                                                         Trans-lúcido
“...& em tudo há profecia se sou eterno”
O navio chegou como um cavalo voador, num momento inexacto
O nosso irmão marinheiro, do Panteão dos Poetas, estava a bordo
Jean Pierre Basilic Dantor Frankétienne D'Argent
Quem escreveu, à pressa, o último ato
Milagrosamente, acabou no porto
Entrou e saiu sem dizer uma palavra, sem dinheiro
Sem as suas obras-primas, sem uma casinha
A vida é assim, viajamos em qualquer altura do ano.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

Frankétienne não foi embora
Está algures, em Ravine-Sèche, no Haiti, nas ruas
A sua inspiração está no espetáculo ‘Le Point’
Não temos escolha a não ser cuidar de nós
Da sua memória, da sua invenção e da sua imaginação
Frankétienne foi um génio haitiano, poeta, dramaturgo e espiralista
Ministro da cultura, escritor, cantor, pintor e artista
O seu nome era uma frase muito, muito longa
E as suas palavras faziam as pessoas rir até ao êxtase.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

Enquanto viveu, não conseguiu que a sua pequena casa
Foi um génio lendário que desafiou a imaginação
Ditadores, o ordinário, o insólito e o abstrato
Tornando-se um mapou, um embondeiro. Wendell diria
Que confusão! Que catedral! Que cidadela!
Parafraseando o filho do diretor da McDonald's
"Se cair, aprenda a levantar-se rapidamente"
A sua queda, deixe que a sua queda se torne um cavalo, o seu cavalo.
Para continuar a viagem", a excursão.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

"Cada minuto conta depois dos cinquenta"
Frankétienne disse uma vez, uma vez que pode ir
A qualquer momento, em qualquer instância
'Galaxy plomb gaillé', não muito longe do nadir
Um traço invisível na cabeça como Valentino ou Tino Rossi
Frankétienne já não está lá, o artista já se foi
Permanece mais do que nunca um novo Ser
O gigante, o escritor, o ator, o escritor
Está vestido com suspensórios como um grande ***** branco
Não como um monstro do Dr. Frankenstein. Como um mafioso
Como um ladrão, o navio era como um cavalo voador. É a morte
Que nos ameaça como se estivéssemos errados
Choramos, choramos agora como uma mãe de luto
Para este octogenário avançado, para este príncipe da luz.

Kalfou te kindeng miwo, miba ye.

P.S. Uma homenagem a Frankétienne e à sua família, a Wendell Théodore
E companhia à Rádio Métropole e a todos os bons haitianos.
As minhas mais profundas condolências a todos! Sente-se e deixe a terra voar!
Esta é uma tradução de:
‘Le Navire Est Venu À Cheval Ou Hommage Au Fameux Poète Frankétienne’
‘The Ship Came Like A Flying Horse or Homage to the Famous Poet Frankétienne’
‘El Barco Llegó Como Un Caballo Volador U Homenaje Al Famoso Poeta Frankétienne’
‘La Nave Arrivò Come Un Cavallo Volante O Omaggio Al Famoso Poeta Frankétienne’

Copyright © Fevereiro 2025, Hébert Logerie, Todos os direitos reservados.
Hébert Logerie é autor de várias coletâneas de poemas.
Mariana Seabra Mar 2022
Mentes perturbadas…

Sempre numa constante luta entre o real e a utopia.



A idealização causa-me insónias…

E as palavras emaranhadas no vento,

São apenas uma coleção de sonhos nostálgicos

Que partilhamos em conjunto.



Esta droga que me vicia…

Não é química, tem um nome.

Nome esse que grito em silêncio,

Mas o silêncio, sempre tão alto,

Ensurdece-me até o espírito.



O inexplicável é tão simples…

Mas vai-nos cegando.

E como um cego de olhos abertos,

Tropeço de amor por ele.



E os momentos…

Que eram tão certos,

Mas tinham de ser errados.

O abismo era inevitável.



Agora, o sonambulismo

É um reflexo teu que me dá inspiração.

O concreto da realidade

Não me atrai.

E assim…

Viajo no abstrato dos teus olhos.

— The End —