Na rua faz frio e sol de inverno.
Gelam-me os pés e o coração, secam-me os lábios e os olhos.
De visão turva, ano para onde o vento forte me levar, esperando que lá faça sol.
De cabeça baixa, olho o céu nas poças de água na estrada.
Não me atrevo a chorar, que as lágrimas congelam-me as maçãs do rosto.
De mente atribulada, forço a tosse para fazer silêncio e sussurro:
Partida. Largada. Fugida.
E correm-me os pensamentos de uma ponta a outra.
Correm para ver quem chega primeiro, quem merece a minha atenção.
Mais rápidos que a própria sombra. Nem os vejo.
Zangados, gritam-me. Gritam-me todos ao mesmo tempo e não percebo uma palavra.
Fartos, cansam-se de gritar, mas agora também eu sinto cansaço.
Cansam-me os olhos, cansam-me as pernas, cansam-me os pulmões e o coração.
Espero que eles estejam felizes