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Rui Serra Jun 2015
às vezes pergunto por que motivo
tu partes de mim quando entardece,
e digo às minhas esperanças e sonhos,
que nem tudo o que acontece é o que parece.

a vida às vezes pode ser um borrão,
as emoções podem-nos toldar,
às vezes escrevo para ti horas a fio,
quando preciso deixar o meu coração sarar.

o tempo fará esquecer o passado,
esta tristeza que se espalha em mim,
como os lírios à tona de um lago,
numa manhã vestida de carmesim.

o final do dia trará novas alegrias,
e embora eu sonhe acordado,
tenho em mim plena consciência,
de que preciso de ti ao meu lado.

e até que eu volte a escrever para ti amanhã,
lembra-te,
tu és toda a minha alegria, dor e tristeza.
Arold Apr 2020
Ele é confusão
Inesperado como a chuva no Verão
Turbulento e confuso

Ouve-me de noite
Adormece de dia
Discorda dos meus princípios
É terramoto na minha personalidade

Ele é diferente
Por ser igual a tudo aquilo que procuro
Agita-me até água transbordar
Toca-me violentamente
E ainda me sinto virgem

Diálogos viram ausência
Abraços viram respirações suspensas
Memórias viram mensagens espaçadas

Ele é banho de água fria
Café queimado
Areia branca que queima
É desnecessário
Mas inevitável
Acusado por los críticos literarios de realista,
mis parientes en cambio me atribuyen
el defecto contrario;
                                              afirman que no tengo
sentido alguno de la realidad.
Soy para ellos, sin duda, un funesto espectáculo:
analistas de textos, parientes de provincias,
he defraudado a todos, por lo visto;
¡qué le vamos a hacer!

Citaré algunos casos:

Ciertas tías devotas no pueden contenerse,
y lloran al mirarme.
Otras mucho más tímidas me hacen arroz con leche,
como cuando era niño,
y sonríen contritas, y me dicen:
                                                qué alto,
si te viese tu padre…,
y se quedan suspensas, sin saber qué añadir.

Sin embargo, no ignoro
que sus ambiguos gestos
disimulan
una sincera compasión irremediable
que brilla húmedamente en sus miradas
y en sus piadosos dientes postizos de conejo.

Y no sólo son ellas.

En las noches,
mi anciana tía Clotilde regresa de la tumba
para agitar ante mi rostro sus manos sarmentosas
y repetir con tono admonitorio:
¡Con la belleza no se come! ¿Qué piensas que es la vida?

Por su parte,
mi madre ya difunta, con voz delgada y triste,
augura un lamentable final de mi existencia:
manicomios, asilos, calvicie, blenorragia.

Yo no sé qué decirles, y ellas
vuelven a su silencio.
Lo mismo, igual que entonces.
Como cuando era niño.
                          Parece
que no ha pasado la muerte por nosotros.

— The End —