Ó astro luminoso,
Que me guias aí do céu,
Imploro-te que grites cá para baixo
O sítio onde posso eu encontrar
O que de mim já se perdeu.
Mandas vento,
Mandas chuva,
Mandas raios
Na trovoada…
Mandas sol,
Mandas nuvens,
Mandas pássaros
Na alvorada…
Só não mandas o que me resta
Desta pobre alma destroçada.
Ó astro luminoso,
Quão perdida estou eu na Terra?
Ouço os teus gritos de desespero
Por este soldado mutilado
Que nem chegou a ir à guerra.
Sentiu o vento,
Sentiu a chuva,
Viu a luz
Pela fachada.
Sentiu quente,
Sentiu frio,
Viu o escuro
Que não acaba.
Só não viu nas entrelinhas
Que era a morte quem o chamava.