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Victor Marques Nov 2023
Parece que tudo tinha de amadurecer,
Das árvores se desprender...
As frutas maduras caem  ao Chão,
Os ciclos são de fulgor, aceleram a respiração ,
Outono espiritual e  de transição...


Deixa tudo fluir, o Universo reflecte, reforça tua vontade...
Felicidade de alma, de paz, de espiritualidade .
Deixa o Outono transformar a tristeza e se decompor em alegria,
Como as folhas secas ficam verdes sem vaidade nem ousadia.


O Outono de vida, para tudo  renovar,
Deixe os Rouxinóis tornar a cantar,
Os répteis adormecer, e hibernar...
Outono de Céu e  mar,
Tempo de gratidão a Deus e seus Arcanjos
Aos Santos, Santas e anjos.

Deixa o Outono te amar, te adormecer,
Para acordar um novo ser...
O Outono não é banal é sagrado,
É  vida e morte tudo mistério bem guardado.
Sementes e folhas apodrecem esquecidas,
Para adornar nossas vidas.
Espiritual,  Outono, vida, morte, folhas
Victor Marques Nov 2023
Verão escaldante que partiste,
Com o amarelo e avermelhado das folhas,
O Outono sugeriste....
As árvores ficam quase despidas,
Parecendo mulheres desprotegidas.
Os Ribeiros dão de beber aos salgueiros,
Esperando dias gelados com nevoeiros
Sorrateiros,
Que não deixam ver o sol o dia inteiro!


Outono de amarelar, de gotas de água a saltitar,
Redução da nobre luz solar .
Os ventos tudo fustigam sem forças para parar,
Folhas que aprodecem no dia, na noite com ou sem Luar.


Geadas que parecem tudo querer congelar,
Agasalhos e fogueiras para nos aconchegar.
Castanhas assadas e vinho para se provar,
Outono com amor que parece ter tudo e nada querer dar...


Outono de chuvas que parecem nunca acabar,
Regando terras para tudo semear,
Parace uma estação perplexa e sem contrapartidas reais,
Outono que te vais ,  que acolhes os olivais,
As vinhas deixam suas folhas aprodecer
Deixa amarelar o Outono no âmago do meu ser.
Outono  folhas, despidas
Nem pareces Primavera, nem Inverno,
Chegas com pouco calor humano,
Acabam as colheitas do engano e desengano.
Outono que parece não ter dono...

Sobrevivem plantas e tudo parece se perder,
Semente e terra castanha que é vida e quer viver,
Os ventos são frequentes.
Ficam frios, deixam de ser quentes.
As árvores adormecem sem querer,
Outono amarelo que recicla todo o meu ser.

Mãe terra de todas as colheitas,
Das coisas bem ou mal feitas.
Vibração do ciclo da vida,
Pareces desgarrada e despedida.
Comemorar derrotas e todas as conquistas do grão estar maduro,
Outono sonolento e mais escuro.


Mas és Outono com as flores de acácia,
Madresilva da vida que te enlaça,
Outono da vida que te abraça,
Janela aberta para o dia amanhecer,
Renascer, renascer , renascer...
Outono,  terra,renascer
Chegar sem calor humano,
Colheita do engano e desengano.
Mas chegas sem mágoa e desejos,
Outono de doces palavras e beijos.
Tudo despes e ao mesmo tempo vestes,
Sem saber ao certo porque vieste.
Mas és Outono,  com magia e muito sono,
Com nevoeiros e ventos que te cham pai, e ao mesmo tempo dono...

Sobrevivem plantas, tudo parece se perder,
Para ser vida,  semente e ao mesmo tempo  ser.
As árvores parecem adivinhar sem querer,
Que suas folhas vão  deixar de viver.
Outono de amarelar, de bem querer,
Pareces nascer e ao mesmo tempo morrer.
Mas  responde Outono  que me consomes,
Sem ter respostas para as coisas vivas e mortas.
Ai por do sol  que se deita cedo e sem cara lavada,
Outono e Inverno de mão dada.
Outono, folhas
Victor Marques Oct 2014
Vinhas nos dias de Outono
Quando da minha janela olho com sono,
Vejo vinhas ao abandono...
Quando da minha janela não  vejo flores floridas,
Olho para as folhas apodrecidas.
Me levanto com a vidraça embaciada,
Olho para um horizonte feito do nada.
As videiras imponentes e coloridas,
Despertam meio adormecidas.
Os ribeiros que desesperam junto aos salgueiros,
As rochas escurecem  com sorrateiros nevoeiros,
As vinhas parecem estar cheias de vida,
Eu me conforto com um  beijo de despedida.
Tantas e diversificadas  cores que me enchem a alma,
Solidão que ama e da calma.
Vinhas de um Outono  singular,
Folhas de par em par. .
Victor Marques
outono, sono, folhas, vinhas
Victor Marques Sep 2013
Saudade de meus avós

Procuro uma justificação plausível,
Para tanto amor que recebi.
Indago nas profundezas do universo,
Escuto conselhos sábios nunca dum homem só,
Amor eterno a meus avós.

Caminhadas por entre giestas sedutoras,
Rebanhos que alguém guardou.
Hinos ritmados que alguém sabe cantar,
Chilrear dos que sabem amar…

Rochas que se expõem ao vento,
Fustigam meu pensamento.
Chuva que regas vinhas, olivais e belos jardins,
Quimeras e o meu jasmim.
Tempos dum amor natural e medonho,
Folhas secas de Outono,
Inércia dum amor infinito que sempre vou ter,
Saudade de meus avós e do seu viver…

Victor Marques
Olho p'la janela e vejo que o dia nasceu belo;
Toda a atmosfera irradia uma tonalidade magenta -
O Outono já não tarda a chegar.
Há alguma paz nisso, mas não tanta que dure.
Dói-me ser.

Pudesse eu aprender a abraçar as sensações imensas,
Em vez de me afundar nelas, sem ar que respirar;
Pudesse eu seguir os ensinamentos de Álvaro de Campos
E fazer do sentir uma viagem infinda,
Um caminho ascendente em direção a Deus.

Pudesse eu sentir como sinto,
Como sinto tudo -
Deste modo exagerado que tenho de sentir tudo -
Sem deixar qualquer sensação tornar-se numa angústia profunda.
Soubesse eu olhar as flores
E amá-las como amo enquanto as olho
Sem que se me partisse irreparavelmente o coração
Quando não as pudesse olhar mais.

Dói-me ser
Quando parece que tudo o que sou
É esta enchente de sensações que não sei sentir devidamente.
Quando tudo o que sou é algo que poderia jurar não ser realmente eu.
Mas como posso não ser eu se são minhas as mãos que escrevem estes versos e
Meus os olhos que se quase desmancham por ter que os escrever e
Meu o coração - esta penosa maldição que carrego no peito -
Que bate furioso por não o saber ter?

Pensado em mim,
Não me imaginaria ser como sou;
Pensando em mim,
Não sei se me imaginaria de algum modo concreto mas,
Pensado em mim,
O que sou é uma mentira mal contada.

E, se o que sou é uma mentira, ser deveria ser um vazio gigante.
Mas o que sinto ser é tudo menos um vazio gigante.
O que sinto ser é um transbordar de Ser e
Como, tenho já dito anteriormente, uma contradição imensa em si.

Dói-me ser se o que sou é sentir.
Dói-me sentir e dói-me sentir que o que sou é uma construção incompleta.
Dói-me isto, tudo isto que me foi imposto como um dever -
A personalidade, o pensar, o Ser...
Dói.
Dói.
Dói....
Victor Marques Oct 2010
Os campos floridos

Campos esverdeados, giestas amareladas!
Cumes de montes perdidos, pedras maltratadas.
Árvores que exalam perfume,
Fogo que arde sem lume.

Campos que avisto solitário,
Searas de trigo ao toque do vento,
Paisagens celestes de momento,
Ervas deste santuário.

Um céu azul desolado,
Paisagens do passado,
Coisas sem sentido,
Um roxo comprometido

Campos que se vão embora,
Primavera os namora.
Verão quente, Outono doentio,
Inverno intolerante e frio.

Victor Marques
Victor Marques Oct 2010
Nasceste para mim


Nos altares sagrados pousam brancas pombas,
Nasceste entre as mais belas flores.
A tua frescura enlace das minhas loucuras,
Rouxinóis com penas de várias cores.

Beijo os teus lábios toda a vida,
Bendito Outono que te trouxe.
Olhos castanhos tão doces,
Nasceste para mim minha querida.

A lua dorme sem minha companhia,
Os anjos cantam vestidos de branco,
Nasceste para mim com alegria,
Tão suave é teu canto.

Vejo-te neste espelho aberto,
Os pecados eu sinto,
Amor terno, distinto,
Nasceste para mim no deserto.


Victor Marques
Possa eu, um dia, ao fechar os olhos
Tornar-me espuma de ondas,
Ou brisa carregada de odor a maresia
E possa eu, um dia, ao abrires os teus,
Ser o Sol que os ilumina e transforma.

E, como os teus olhos,
Ambiciono ter, também eu, um dia
O poder de me fazer algo mais do que eu.
O poder de ser pura e bela como me vês
O poder de ser o vento ou o Sol ou o mar
Ou uma folha seca e avermelhada
Tombando no chão ao soar do Outono.

Possa eu transformar-me em tudo isso,
Como se transformam os teus olhos
(quais pedaços de céu descoberto
ou relva húmida de orvalho
sempre regados de Sol,
sempre.)

Fosse esse Sol um dia eu...
Victor Marques Oct 2013
Folhas

Pedacinhos de folhas esverdeadas,
Folhas secas de Outono amareladas.
Fogem de suas árvores fustigadas,
Folhas húmidas, abandonadas…

Folhas maltratadas pelo vento,
Apodrecem com encanto.
Folhas das videiras multicolores,
Folhas escritas para teus amores.

Folhas que se perdem num tempo,
Folhas com e sem pensamento.
Folhas lindas ao entardecer,
Folhas anónimas para ler…

As folhas morrem cheias de pureza,
Exalam o perfume da mãe natureza.
Folhas parecidas, redondas e triangulares,
Folhas nas tristezas e nos olhares.

Victor Marques
folhas, árvores, papel, cores
Victor Marques Feb 2012
Nascia o amor


Um certo dia de outono,
As noites sonolentas,
Deixei-me ao teu abandono,
Pois, tu me encantas.


O sol espreitava nas penedias,
O orvalho sempre branco,
Tu e tuas alegrias,
Teu amor dá alento.


As janelas estavam fechadas,
Tua pele morena e boca,
Pestanas bem cuidadas,
Nasce o amor numa vida oca.

Victor Marques
Victor Marques Sep 2022
Me pareço com uma videira alaranjada,
Eu sou tudo,  eu sou nada.
Folhas que escrevi por amor,
Rosados os olhos cheios de solidão,
Seja eu comboio , seja flor,
A primeira ou última estação.

Eu sou como as estações do ano,
Doce, calmo sem ser sereno.
A vitalidade do cair da folha sem querer,
Deixar de ser Verão ao amanhecer.
Queria ser Outono rapidamente,
Para ser vida ser semente.

Com o Outono tudo parace querer morrer,
Com a Primavera tudo quer nascer...!
No Inverno com o lagarto a hibernar,
Sol de Verão que parece escaldar.
Parece que os ciclos estão comprometidos
Com os amores, com os sonhos vividos.

Estações do ano que tudo consagrais,
Os rios, os mares, os salgueirais.
Movimentos acelarados do universo eu quero agradecer,
Pelo mundo , pela vida, pela existência do meu ser.
Estações,  vida, ciclos
Victor Marques Nov 2012
Sentir Deus

Sentir nosso Deus celestial e bendito,
Orvalho e bela ponte…
Quando me levanto contemplo o horizonte,
Anónimos em quem eu acredito.

Sentir o nosso Deus sempre,
Salgueiro no riacho tão bonito,
As vozes de teu reino infinito,
Outono de folha cadente.

Sentir Deus na água cristalina,
Caminhar por entre areia tão fina.
Ninfas pueris bem-amadas,
Nuvens no céu esbranquiçadas.

Sentir Deus que dá amor e pão,
O relógio do tempo que nunca para,
O toque de uma guitarra,
Silêncio de bela constelação.

Victor Marques
sentir , Deus
Victor Marques Oct 2013
A chuva

Chove intensamente esta noite na penedia,
Escuto e interiorizo melodia…
A noite está muito sonolenta e escura,
Eu vagueio em vales de ternura.

Chuva miudinha que nem molhais,
Regas vinhas, oliveiras de meus pais.
Pões escorregadios durienses rochedos,
Chuva de amor e seus segredos.

Chuva de um Verão com toque de Outono,
Cão vadio sem senhor e seu trono.
Chuva torrencial de águas paradas,
Chuva de contos e fadas…

Chuva que esbate em frente na pobre janela,
Cores de um arco-íris feito Cinderela.
Ritmo parecido com o toque do sino,
Chuva que cai ao desatino….

Victor  Marques
aldo kraas Aug 2023
Sonata de outono
The leaves of the trees had
Changed its color
From green to golden
And also the trees
Will be bare
Soon for the Winter
Now the birds had
Finally migrated
South for the Winter
Also I must say that
I am feeling sad
To see the birds
Migrate south
There are some dead leaves
From the tree on the ground
We need to rake the leaves
And place it inside
The garden bags
aldo kraas Sep 2023
Sonata de Outono
The leaves of the trees had
Changed its color
From green to golden
And also the trees
Will be bare
Soon for the Winter
Now the birds had
Finally migrated
South for the Winter
Also I must say that
I am feeling sad
To see the birds
Migrate south
There are some dead leaves
From the tree on the ground
We need to rake the leaves
And place it inside
The garden bags
Rui Serra Mar 2014
Estou só
chove
o rádio liberta notas de uma composição musical.
Lá longe, quem eu desejo perto.
O vento está frio,
deambulo pelas ruas da maledicência.
Afogo as mágoas no absinto da vida,
fumo um cigarro.
Penso no passado,
nas amarelas tardes de Outono,
nos passeios à beira-mar,
e vejo o que perdi,
em busca de um ideal que ainda não encontrei.
Rui Serra Jan 2014
Era noite,
ela vestia de seda.
Fotografia de uma deusa de jasmim.
Chovia
no poço do meu quintal.
Víamos a chuva;
terceiro andar do paraíso.
Outono sem quimeras.
Eu, praguejava com a caneta,
ela, vendia sonhos na garagem.
Ordem desconcertante,
leis sem sentido,
livres.
Partilhamos agora da mesma cama,
sim… mas…
como irmãos, vocês sabem.
Falamos de tudo um pouco.
No Verão,
acampamento sem vida,
vida sem sentido.
Fui obrigado a fugir.
Victor Marques Oct 2018
Pensava eu que o mundo nada me dava,
Compreendo pedras sem pedirem nada,
Vivo eu em harmonia com Deus Senhor,
Amando giestas brancas e seu odor...

As noites tem muita harmonia escondida,
As estrelas parecem ter vida,
O orvalho na noite de Outono tudo acalma,
Eu amando tudo com a aura de minha alma...

Parece tudo  ter uma estranha explicação,
Eu olho para o horizonte com amor e gratidão,
As suas cores alaranjadas,  amareladas,
Lindas ao ser contempladas.

Olha tu também para tudo com gratidão e amor,
Fixa os olhos no mundo, no céu e no seu esplendor,
Os dias passam sem termos tempo para tudo bem dizer,
Com pureza e simplicidade a  Deus quero agradecer...


Victor Marques
amor, gratidão , Deus
Rui Serra Jul 2014
Gotas de água
atravessam-nos
como setas
cães raivosos perseguem-nos

É tempo de viver

Revolução

Um ideal

Música
Prazer
Dor
Excessos

Um passado
Um tempo já sem vida

Uma imagem
de uma flor

Uma ideia
Uma só verdade

Uma só palavra
( LIBERDADE )

Um Outono cinzento
Uma pétala caída

Uma cilada
Uma mentira

Um rio vermelho
Uma face ensanguentada

O renascer.
Victor Marques Oct 2017
Com amor, por amor, por ti.

Bendito Outono que te trouxe quando as folhas apodrecem,
As vinhas parecem flores do mais desprovido Jardim,
As noites ficam maiores e muito escurecem,
Eu perdido no silêncio do teu olhar sem fim...

Com amor por ti e também por mim eu vivo,
Pois meu amor mesmo acordado sonho contigo!
No horizonte do meu mundo existencial,
No céu, no paraíso,  na vida afinal,
O encanto de ser amado me rejuvenesce,
Calor de quem te ama e merece. !

As estrelas sempre neste mundo brilharam,
Eu junto rosas com amor e gratidão!
Te ter é para mim o melhor presente,
Te amar hoje amanhã e sempre.
Com amor por ti eu me deito,
Por amor a ti e a nosso leito...

Quando se agradece o amor,  ele se enaltece,
Pois meu amor por ti permanece.
As ondas do mar sempre te dirão,
Que te amo do fundo do coração...
Com amor, por amor, por ti minha querida,
Amo te para toda a vida.

Com amor,  por amor, por ti...

Victor Marques
amor, por amor, ti
aldo kraas Oct 2023
Sonata de Outono
The leaves of the trees had
Changed its color
From green to golden
And also the trees
Will be bare
Soon for the Winter
Now the birds had
Finally migrated
South for the Winter
Also I must say that
I am feeling sad
To see the birds
Migrate south
There are some dead leaves
From the tree on the ground
We need to rake the leaves
And place it inside
The garden bags
Rui Serra May 2014
Recordo o fim da infância da vida
escrita nas folhas de Outono
em tons castanhos e luminosos.
Castanhos da terra e do tempo que era um só.
E recordo a liberdade da ave que nunca mais serei,
num mundo assim.
pinkandwhite May 2021
Ar puro na janela
É vendaval
Perfume de canela
Jasmim, nardo
Vestido amarelo

Você para mim
É  flor do instante
Distante a orar
Por mim

O oceano, o bar, a praia
Me leva para casa,
Anjos e arcanjos
É folha de outono,
Felicidade inventada

A flor é o ópio
É o ar, é o sol

Palavras enfeitadas
Poemas e aquarela

Me leva para casa.
Mariana Seabra Mar 2022
Já fomos poeira do mesmo lugar

Pousada calmamente junto ao mar.

Sufoca-me o vento que nos quer levar,

E este pobre pó estrelar,

Sem força suficiente para ficar,

Chora sem braços onde se agarrar.



Implora-te que me guardes num olhar,

E assim voamos eternamente,

Sem qualquer noção de ver desaparecer

Lá ao longe, o nosso lar.





Já fomos breves e inconstantes,

Pequenas rochas cobertas de diamantes.

Não quisemos saber do nosso valor,

E quando o número não interessa,

Qualquer fruto neste peito vira flor.



Mas que som é este

Que me enche de terror?!

Ah! É a minha linda borboleta,

Bate as asas e só ouço dor.

Pousa em mim…

Mas sentirá ela este calor?



Levanta voo…

Sem se recordar da minha cor.



Perco-a em ti,

Mas não me perco de todo este esplendor.





Já fomos canto de pássaro na madrugada,

Criança que corre sem ligar à roupa manchada.

E de mãos dadas pela estrada,

Brincámos nas infinitas ruas desta cruzada.

Sorriste-me sem ligar a nada,

Como qualquer criança louca,

E atrapalhada

Tropeças em mim…

E deitas abaixo cada fachada,

Pois como nego ao coração

Que estou, agora, aprisionada?





Já fomos a folha verde no outono

Que caiu e não voltou.

Cada onda que rebentou no rochedo

Desvendou-te logo quem eu sou.



Quis ser concha para ti,

Presente que o mar traz.

Mas sou fogo que arde aqui

E destrói tudo o que é capaz.

Consumo-te e inalo-te em mim,

A droga mais pura e eficaz.

E sobram as cinzas derramadas no jardim,

Memórias da alma que lá jaz.

— The End —