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Victor Marques Apr 2010
Olhar a  água do ribeiro,
Encostado ao sobreiro.
Paisagens feitas de qualquer jeito,
Douro e Tua sem leito.


Muros com primor e mestria,
Encantos teus que nos vicia,
Olivais que lindos sois assim,
Quimera do meu jardim.


Papoilas avermelhadas,
cepas mal tratadas.
Figueiras com figos,
Douro e amigos.



Não existe outro amor,
Douro te adorna com labor,
Os cavalos e rebanhos,
Rabelos dos teus enganos.


Victor Marques
Victor Marques Oct 2010
Nas angústias nobres e sonolentas em que se tudo se fecha e acaba,
As areias, as pedras das vinhas feitas do nada.
O sopro agrestes das vides refinadas pela tua coragem,
Voltamos ao Douro e á tua imagem.


Penduro minha mágoa na armadura de uma videira,
Nas entranhas de meu ser e junto á cabeceira.
Deus deu-me uma materialidade sem sentido,
Grito do amor e do gemido.


As pedras das calçadas que amaste até demais,
O chilrear que já não ouves dos pardais.
Eu sei que meu pai está no paraíso,
Tem Deus como Abrigo.


Cordiais Cumprimentos.
Victor Marques
Father, wines, vines
Victor Marques Jul 2010
Ansiar por ti no nosso doce leito,
Lúgubres as noites de cansaço,
Amar-te do fundo do peito,
Vivo no teu regaço.


Teu calor que tua doença cura,
Sentimento puro e forte,
Amar-te com meiguices e ternura,
Enlace da nossa sorte.


O barco sem velas nos conduz,
Carrocéis que rodeais  o ermo.
Amar-te com palavras feitas de luz,
Por ti estou enfermo.



Juntar ao teu meu coração,
Sofrer com excelsa mágoa,
Amar-te com gratidão,
Minha musa bem amada.


Victor Marques
Victor Marques Feb 2015
Esbate  luz em nossos corações enquanto seres humanos...

  Hoje perplexo olho a minha volta,  procuro respostas, me incito enquanto ser humano a ser um exemplo: em honestidade, humanidade, e lealdade. Caminhadas que desesperam em ser feitas, pois estamos com tantas adversidades que nos fazem sonhar menos, pensar em tons de um amarelo cheio de um ****; quase azedo de um pão que deixa de ser cozido de uma forma tradicional.
        Como seres humanos aptos para sobreviver teimamos em harmonia viver com os os ensinamentos de nossos antepassados.  Tiramos proveito de tanta aprendizagem que gratuitamente foi transmitida de gerações em gerações.  Vivemos numa sociedade extremamente competitiva e selectiva, lutando cada dia contra instituições incapazes de gerir riqueza, gastando
alguns tostões que restam aos pequenos contribuintes que resistem e pagam sem pestanejar.
         O que fazer quando se tem a leveza de ser amado,  bajulado, respeitador e honesto em todas as vertentes  de seres humanos fantásticos que semeiam amizades para toda a vida?
Simplesmente ousar ser sempre contemplado com a luz de um sol radioso que aconselhe  e encante os homens de boa vontade a fazer alguma coisa por todos os que nascem desprovidos de roupa e morrem sem nunca saber como e quando?
Falta humildade em nossos corações enquanto seres que vivem neste planeta terra,Falta amor , gratidão,  simplicidade, perdão, harmonia, paciência,  serenidade, seriedade e amizade.
amor, geraçoes
Victor Marques Oct 2013
ADORMECIDO NOS SONHOS VIVIDOS

Entre margens dos rios conhecidos,
Sonho com sonhos vividos.
Anseios nobres e sonolentos,
Adormecido em quentes mantos.

Serei sepultado com folhas mortas,
Com videiras, oliveiras, belas hortas.
No ermo ressuscitarei feito luz,
Com a bandeira do amor a Jesus…!

Tenho um carinho excelso pelas gentes singulares,
Feitas de um amor e seus sentidos olhares.
Paraíso de saudades já vividas,
Memórias nunca esquecidas.

Recordações de tudo que me apaixonou,
Da terra que sempre me amou.
Horas paradas nos salgueiros do ribeiro,
Sou do Castanheiro…

Um abraço com carinho e amizade
Victor Marques
terra, nascimento,douro,Castanheiro
Dryden Apr 2018
Sinto-me cansado, talvez nem neja cansaço,
É que todos os dias eu escrevo
Nem que seja o mais pequeno pedaço,
Na esperança de elaborar a melhor rima
Que exprima a dor dos meus fracassos.

Portanto eu insisto e deposito o que sinto,
Inconscientemente por instinto,
odeio-me porque minto
Engulo as minhas falhas como absinto.
Embriagado, caio deitado, ja vejo tudo desfocado,
Fecho os olhos, olho para dentro, fico assustado.

Cortava qualquer membro,
Se me prometessem sentir descansado,
Com uma visão mais clara
Do que se passa ao meu lado.

Todos os pensamentos de ontem ou do passado,
Repetem-se hoje como seria de esperado,
Estado mental em auto-piloto, caio desesperado.

Procuro na escrita algum alivio, algum silencio ,
Algo que á vida me faça sentir conectado.
Tento ir aos confins do meu subconsciente  
Desdobrar os efeitos dele no presente.

Sinto arrepios com a vibração do mundo
Enjoa-me a forma como escondemos a cara quando pecamos,
Como enterramos e oprimimos aquilo que condenamos
Como baseados em mentiras,
construímos verdades que agora acreditamos.

Sei que faço o mesmo, mas já o fiz mais,
talvez seja algo intrínseco a todos os animais,
escolhemos o caminho mais facil,
onde pensamos estar a fugir da dor
mas a resignação é um veneno
que nos torna incompatíveis e sem sabor.

Acumulamos mascaras, crucificamos o nosso bem estar
deixamo-nos mentalizar que temos de nos adaptar,
perdemos a essência, para uma sociedade de aparencias,
que temos consciência que nos esgotara a paciência.

As vezes o mais importante é ter um amigo,
outras vezes um simples antiquado papel.
O perfeito é encontrares uma alma,
E que possas fazer dela uma tela ,
Onde pintas a tua alma nua e deixas a tua chancela.

Alguém com quem promessas são feitas e recusadas,
Ou mal feitas e quebradas
No entanto insistimos em usa-las.

A eternidade delas é coisa de anjos
Não de mortais perdidos e inconstantes
Egoístas e ignorantes.
Somos apenas meras penas com destinos semelhantes.

Que envelhecem com as estaçoes
E que rejuvenescem com as ilusões.

A minha alma penso eu que já é velha
Com uma voz grave e rouca da exaustão
Transportada num corpo jovem fruto da reprodução.

Sinto que trouxe algo de novo ao meu ancião interior,
Que apesar das suas enumeras vidas sente constante pavor,
Trouxe-lhe frutos proibidos aos quais ele não estava habituado
Então ele sussurra aos meus ouvidos um grito angustiado
O que a estas horas estou a fazer acordado (?)

Então eu respondo-lhe,
Esta noite decidi voltar a pecar.
Que direito tenho eu de escrever e de me libertar ?

Tens razão, devia ficar quieto no meu canto,
Adormecer com a mente vazia de vez em quando.
No entanto gosto de te incomodar
E nos teus sonhos sem tu saberes participar,
Fiquei desiludido com a imagem que tens sobre mim
Quando me mostraste o espelho,
Julguei ter visto o meu fim.
Acho que tu me odeias, eu até gosto de ti ,
podias falar mais comigo, deixaria de te atacar,
Mas o teu silencio enerva-me, da-me vontade de te sufocar
Com a crueza do meu ser que tu tentas limitar.

Foi bom contigo hoje dialogar
Ou comigo monologar
Não passas de um grito que eu com versos consigo abafar.
Victor Marques Apr 2022
Borboletas brancas , azuladas feitas como Deusas para serem sempre amadas,
Nos campos elas saltam de flor batendo suas asas.
Ai borboletas que viveis para logo desaparecer,
ressuscitar e logo morrer.

Borboleta branca, sempre serena no casulo purificada,
Vives por amor, para seres sempre linda e contemplada.
Borboleta azul que pareces uma sereia perdida no mar,
Borboleta amarela com fogo mistificada sem luar,
Borboletas do mundo para tudo enfeitar.

Todas rompeis o casulo com força e muita determinação,
Sois das escolhidas por Deus, por amor e sua criação.
Vossas asas são feitas para muito voar,
Borboletas do amor, das rosas para cheirar.
Ai borboletas que com vossas cores dais felicidade,
E Com vosso exemplo pensar na eternidade.

Victor Marques
borboleta, vida, morte, ressureição
Victor Marques Dec 2009
O universo que te aquece

A vida do sentimento te aquece,
O universo te rejuvenesce
O pelourinho inerte enlouquece,
O bom pensamento agradece…


Gargalhadas ao acaso  embaladas,
Salgueiros que choram sem parar,
Caminhadas feitas ao luar,
Recordações guardadas.


O peito toca estranhas sensações,
Gotear pelas serenas ilusões.
Te amar ao toque do vento,
Penar com a pena do alento.

Victor Marques
,
- From Network, wine and people....
Um terceiro terço livrado de fúria e de autoridade,
Um homem duro bêbado e por demais vadio,
Procurando na noite prazeres de um defunto,
Sem vida, nem espaço para entrar em outra vida!

Se eu fosse assim escuro perdido pelos vícios,
E se eu me esquecesse mesmo, que eras mulher,
Procurasse nesses rabos oferecidos de saia,
Prazer, loucura, hábitos de gente vadia!

Se me pintasse de vida, e me vestisse de Gay,
Mostrando fantasias de pouco valor,
Coisas que mesmo feitas, eram coisas de contentor,
Seria eu assim Homem de mais esplendor?

Porque não posso ser eu assim, roto por fora,
E dentro ter o meu maior tesouro, partilhando-to,
Cheiro de verdades, carinhos e cimentados valores!
Porque não podes ouvir a experiencia, que nunca te enganou!

Querer fluir pensamentos alcoolizados, de uma vida sem fé,
Sem alimento quarente algum, que permanece duradouramente?
Nem tu sabes, nem eu entendo o porquê de não teres esperança,
Porque duvidas-te de mim se só te contei verdades confirmadas!

Autor: António Benigno
Dedico este poema à vida de merda da gente que está perdida.
Victor Marques Jul 2016
Quando me levantei agradeci ao Criador,  o bom Deus imparcial e infinitamente misericordioso por ter a oportunidade de poder ver a beleza da aurora, e  através dele santificar a palavra amor...
     Agradecer  da forma mais pura e imaculada a vida e o privilégio de podermos sentir este ar puro .Nossa Senhora da Penha um dia quis aqui estar e permanecer no meio de rochas que parecem feitas para Ela ao mundo a natureza  consagrar.
     Quando a nossa sensibilidade de alma nos faz sonhar e viver com a esperanca de um dia ressuscitar  a nossa passgem nesta vida e mais serena e harmoniosa. Tive um desejo enorme de Pedir amor  hoje nao so para a Victoria e para o Simao,  mas para todos nos!
Porque Deus e amor, vida comunhão .
Quando penso em Deus, vivo mais feliz e a grandeza de suas obras se manifesta encacaradamente nas entranhas, sempre entranhas de meu humilde ser.
     Quando penso em Deus penso mais em vos, nos nossos entes queridos que partiram e que la no paraiso pintam as mais telas para agradecer ao seu Rei e Senhor.
     Quando penso em Deus penso nesta sagrada uniao. Que a Igreja seja testemunha e que Nossa Senhora os Cubra com o verniz prateado do seu manto , das suas rosas brancas e da nobreza do seu coração.
Muito obrigado.

Victor Marques
Uniao,amor, vida
Felipe Thomas May 2014
as luzes e os sons da cidade
que nessa penumbra são meus fantasmas
atraem os sentidos da racionalidade
e repelem o instinto de minha consciência
o melhor dos meus acidentes e minha doença
a incurável, que me faz trabalhar a todo tempo
e que me faz saber o que só eu sei;
todos os bons rapazes de barbas feitas
com argumentos irrefutáveis e namoradas invejáveis
têm olhos tão bons quanto os de minha rola
eu sou falso, não me atrevo a debater
pois, afinal, por que lhes dar meu tempo?
eu o faria com algumas poucas pessoas
apenas as que me pudessem compreender
como as principais moças de meu inconsciente;
mas até que alguém assim me encontre
sigo caminhando sozinho no início de noite
tentando compreender o que é isso
e qual a importância de tudo que me circunscreve
enquanto sei que nada importa
andando a passos lentos
fazendo o que calho de fazer
encarando minha sombra recém criada
pela lua hasteada no céu de piche
sentindo o orvalho beijar minhas canelas
enquanto espero que alguém jamais se importe comigo.
Expo 86' Oct 2015
Talvez essa foi a nossa ultima chance de tornar as coisas melhores
Mas também foi a unica vez que eu fecheis os olhos e olhei para longe de você
Algumas coisas  são feitas para acabarem
Eu nunca me expressei verdadeiramente para você
Também nunca imaginei que você iria me fazer tão mal
Eu tempo para ajustes talvez seja o que eu preciso
Então faça o seu nunca
Ele é para sempre, sabendo o que você negou
Então como nós embelezamos essa discussão
E não, eu não estou disfarçando todas essas brigas e sonhos se despedaçando
Nunca se esquecendo da lua que foi nosso
Expo 86' Nov 2015
Confia no acaso
Só queria mais um pouco dos seus abraços
Se liga nos passos
E se alerte no espaço
Distancia é bom
Mas destrói tudo com seus espasmos
Lagrimas são feitas d'água
Porque são águas de um sentimento do passado
E as memorias tão belas
Porque são encharcadas com saudade
Mas viver de saudade já não é bem uma opção
Victor Marques Oct 2018
As estrelas brilham....

Já estou á procura de um novo dia,
Pelas as estrelas eu espero,
Sintonia eu vejo porque quero,
Sentinela do sul em eterna vigia...

Me perco nos zumbidos da noite apavorado,
Olho para o céu estrelado!
Me contento com tudo sem pedir nada,
Natureza morta e quase ofuscada....

As estrelas brilham na noite de quem quer,
Até parecem ser e ao mesmo tempo não ser,
Com olhos que até parecem nem querer dormir,
As observo com desejos de quem quer se redimir.

Elas estão todas entretidas e sempre cintilantes
Na noite são solidárias e muito brilhantes,
Parecem feitas para dar amor ao universo distante,
Mas beijando o mundo e suas gentes.


Victor Marques
Estrelas brilham
Victor Marques Sep 2018
Olhava para as mais belas rosas,
Todas pareciam formosas...
Vi alguns cravos brancos e avermelhados,
Em campos vadios sem ser semeados...

Parece que o amor nasce no horizonte,
Gazelas bebem numa pequena fonte,
Ao acaso e sem pedir nada a alguém,
Olhar uma água de ninguém.


O amor parece o universo do bem,
Vai embora sem dizer a sua mãe,
Eu já tive amor sem o perceber,
Olhei para o livro sem letras para ler...

Ai enamorados seres que se perdem com o amor,
Confissões feitas a nosso Deus e Senhor,
Nas mais belas estrelas do universo,
Vi lençóis brancos em verso …
  
Victor Marques
amor, nasce, morre, também
Victor Marques May 2022
Troca de olhares sem doces beijos ,
Raiando o dia com cheiro primaveril ,
Manhãs de lindos dias em Abril,
O inexplicável formato das rosas,
Tao belas e formosas,
O amor,  os teus desejos.

O inevitável sentir sem mágoa  
O inexplicável vento que trás água,
Todas as sensações envolvidas,
Feitas da matéria de tua vida,


Como a alma junto ao corpo quer estar,
O inexplicável segredo de os dois separar  
Sentimento que nobreza sempre tem,
Sorriso e amor de pai e mãe.
O inevitável  ser feito só de amor ,
Todo nu em seu esplendor.

Victor Marques
Inexplicável, inevitável
Victor Marques Sep 2024
Nem pareces Primavera, nem Inverno,
Chegas com pouco calor humano,
Acabam as colheitas do engano e desengano.
Outono que parece não ter dono...

Sobrevivem plantas e tudo parece se perder,
Semente e terra castanha que é vida e quer viver,
Os ventos são frequentes.
Ficam frios, deixam de ser quentes.
As árvores adormecem sem querer,
Outono amarelo que recicla todo o meu ser.

Mãe terra de todas as colheitas,
Das coisas bem ou mal feitas.
Vibração do ciclo da vida,
Pareces desgarrada e despedida.
Comemorar derrotas e todas as conquistas do grão estar maduro,
Outono sonolento e mais escuro.


Mas és Outono com as flores de acácia,
Madresilva da vida que te enlaça,
Outono da vida que te abraça,
Janela aberta para o dia amanhecer,
Renascer, renascer , renascer...
Outono,  terra,renascer
Victor Marques Apr 2023
Sem tempo nem medida me perco no seu sentido,
Algo que tudo transcende,
Chama que sempre acende,
Eterno recomeço vivido.
Eternidade sem piedade e do,
Cinzas feitas po.
Não tens princípio nem fim,
Só Deus sabe porque és assim.

O teu início se completa em tudo que morre ou acabe,
Eternidade da vida, dos sentidos, de quem não sabe,
Dragões que mordem sua cauda,
Seja na terra,  céu ou na água.

Eternidade que parece tua fé em tua alma,
Que sem começo, nem fim se salva.
Deus é a Eternidade imutável e sempre presente,
Que existe hoje e para todo o sempre.

Victor Marques


Eternidade, Deus, morte ,vida
O ano de 2020 é um restauro. Combinação exponencial do algoritmo máximo duplicado e zerado. Porém são números espero que errados. Nada alterou nestes últimos tempos a não ser a fórmula biológica que acrescentou ruína. Publicamente a verdade, voltou-se a economia bélica pra área da necessidade. Só se para quem o diz. Impossível compreender o homem!
Enfim, ou eu sou burro cego ou surdo que não entendo a serenidade na resolução do problema. A política nua e crua, pelo menos a política que até aqui conhecemos. Surgiu uma doença séria com consequências nefastas e o combate há doença? Duas tragédias juntas!
Os países caminham para uma destruição previsível.
Apocalipse de quê. Por desaparecer o que não faz falta ao mundo, tudo iria acabar e escondiam tudo numa caixinha debaixo da cama. O homem é semelhante a si mesmo, nada têm de divino. O dito Deus que se conste não vive observado por dinheiro ou coisas bélicas. As profecias também dizem que o Alfa e o Omega, fizeram este mundo e não teve início nem terá fim. Supomos que estamos a meio.
Era óptimo que o homem na sua existência virasse a sua inteligência para a sua fragilidade desde início.
Destruíram escolas, hospitais, quartéis e serviços públicos, isolaram os contribuintes de primeira dos contribuintes do fundo. Existe Portugal do Oeste e o Portugal de Leste. No meio uma papa de arroz 🍚 com água fervida. No combate há guerra soltaram abelhas biológicas sem rainha. Temos rainha? por quanto tempo? A caça à colmeia começará depois. Unidades militares a socorrer civis. Bravo. E os hospitais privados socorrerão os militares? Talvez não seja preciso. Deixem de ser betinhos e assumam a condição de Homens. Afinal como me dizia um amigo: As prisões foram feitas pros Homens assim como esta arma biológica, ou não é de interesse resolver o problema.
À democracia do momento exige-se regidez e a meu ver que nada invejo na política averdadeira democracia têm regras a esta pátria a quem devemos a vida. Pensem senhores se é que ainda vamos a tempo.
Autor: António Benigno
Código de Autor: 2020.03.25.23.08.03.01
Sangue dos Meus Antepassados Douro  sublime


Do barro quente nas mãos da avô,
brotava o suor bênção feita em pó.
Era a terra quem mandava, sim senhor,
com honra, com dor, com verdade e amor.


Sol tórrido das tardes de julho a arder,
o canto das cigarras fazia-me adormecer.
E os meus olhos ardiam a ver o poente,
como quem espera que  Deus salve o não crente.

Videiras, raízes, troncos calados,
sobreiros velhos, zimbros cansados.
Homens duros como a cepa da Touriga,
Inanimados com tanta fadiga.




Mulheres firmes, ousadas, sem igual,
como pedras do lagar tradicional.
Nos lagares, a alma pisa a vida,
e o tempo esquece qualquer ferida.


Torradas feitas em lareiras do passado,
azeite espesso, denso, abençoado.
Ai, figos secos da infância sentida,
deixai o Douro ser sonho e ser vida.

Este Douro, meu sangue, minha alvorada minha terna saudade.
É berço dos homens com verdade,
dos que lavram, suam, cantam em liberdade,
E sepultados serão nas vinhas da eternidade



Victor Marques
Douro Valley
I - A Entrada

Abrem-se as portadas, para que todas as partes de mim possam entrar.
Entro, a custo, na sala escura do meu palácio mental. As portas já se tornaram difíceis de empurrar,
pelo pouco uso a que as tenho condenado.
Não me sinto preparada. Nem sei se algum dia hei-de estar. Contudo, uma vez que os pés já atravessaram para o lado de lá, roubei-me a opção de fazer o resto do corpo recuar.
     Lá vou eu, sentar-me na mesa redonda do Eu.
Sinto mil olhos pousados em mim. Todos curiosos e com intenção de me analisar. Todos prontos para me dissecar. Logo Eu, que prefiro ter objetos de estudo, em vez de ser o objeto estudado. Então, tenho de me contrariar. Desta vez, não posso fechar-me na concha à espera que alguém a venha rebentar. Preciso de estar exposta a este desconforto. Sou a paciente. A que tem de manter os olhos abertos
enquanto lhe remexem o cérebro à procura do tumor que me está a matar.
Quase podia jurar que seria visível a todos, este peso que circula no ar,

um peso tão denso que podia ser cortado ao meio.
                  
      Mas só a mim veio cortar.

Olho em volta, a mesa está cheia de mim, não sobra um único lugar. Todas me observam, como se achassem que sei exatamente o que preciso de falar. Mas, não sei.
Tenho a firme sensação que estou prestes a ter de me enfrentar. É como se todas esperassem que, finalmente, me confessasse. Mas, não sei o quê.
Ou talvez saiba.
Ou talvez ainda me sinta demasiado fraca para o proclamar.
Sento-me na única cadeira da sala que dá para girar.
Estarão as outras mais firmes - ou serei eu que já perdi o chão?
Destravo as rodas, dou um balanço nervoso, preciso de uma distração que me ajude a começar.

Atenção a todas!
Silêncio na sala. Está na altura de confessar.

II - O Funeral

Antes de mais, devo-vos um pedido de perdão.
Sei que tenho estado propositadamente adormecida,
           num coma auto-induzido,
           uma anestesia emocional
para que consiga continuar a caminhar. Desprovida da essência dual e humana que tanto me caracteriza. Tenho estado focada em sobreviver, a correr para a frente sem olhar para trás, na esperança de que, se assim for, os meus pensamentos não consigam apanhar-me. Posso dizer que, até já tentei aprender a voar, mas ainda não consegui sentir a liberdade que me falaram.
Tenho tentado adormecer mais cedo - e acordo várias vezes a meio da noite, para não me permitir sequer sonhar. Sinto-me tentada a mandar o meu corpo ao mar, sem qualquer intenção de mexer os braços para o fazer boiar.
Encurralei, num canto escuro da minha mente, a voz que se recusava a calar. Na esperança de que, se tapasse os ouvidos com força suficiente, não a ouvisse mais a chamar.
Pus correntes à volta do meu coração. Não queria que batesse,
nem que uma única gota de sangue me traísse,
nem queria sentir a minha própria pulsação.
Mas ouvi uma voz dizer que as correntes são feitas de elos de ligação. E eu quis destruí-las também
            porque até elas me levavam a ti.
Então, já não escrevo. Já não canto. Já não sinto prazer em sentir.

Todas de mim olham-me de volta, com o mesmo olhar de desilusão. Como se me quisessem esbofetear por compaixão. Como se não tivessem coragem de me provocar mais dor.
Sabem que não podem esmagar o que já se desfez, uma vez que já me estendi em lágrimas no chão.
O eco do silêncio é ensurdecedor.
Preferia que me partissem até eu cair num caixão.
Ao menos assim,
                                 o silêncio
                          daria lugar ao som.

III - As cinzas

Deambulo como um espírito que não encontrou passagem, sobre a areia molhada onde o mar perdeu um beijo antigo. Lembro-me de todas as vezes que percorri esta mesma praia, esperançosa de me esbarrar em ti. Lembro-me do exato sítio onde te encontrei. E da exata rocha onde escorregaste, quando também me procuravas a mim.
Lembro-me do teu cheiro na minha pele,
da sensação de casa que via no castanho do teu olhar. E quero esquecer que agora sou um espírito abandonado, sem o teu olhar para encontrar.
Lembro-me da tua mão na minha,
de saber, com o corpo inteiro, que era ali o meu lugar. Agora, tento esquecer a ausência,
da mão fantasma que ainda procuro apertar.
Lembro-me que já não estás aqui. Tento apagar os anos em que te conheci.
Lembro-me que tenho de ser forte,
e tento esquecer a triste verdade:
que serei sempre fraca por ti.

Um coração partido não faz barulho ao estilhaçar. Não deixa uma marca que alguém possa ver. Chamam-lhe figura de estilo. Mas a dor é literal. Quem diz que ninguém morre de desgosto, convido-vos a entrar no meu palácio mental, e assistirem comigo, na primeira fila, ao meu próprio funeral.
O silêncio grita mais alto que qualquer lamento.

Quero gritar,

mas não me quero lembrar do porquê.

IV - A sombra da escrita

Aquilo a que resistimos, persiste dentro de nós.
E se o arrependimento matasse, eu já teria morrido. Ou talvez tenha mesmo morrido e ninguém reparou - além de mim.
Enterrei - vivo - o amor que me mantinha aqui. E agora, quanto mais fujo de mim, mais me sinto sozinha. Quanto mais longe vou, mais a minha alma definha.
Fica doente.
Pequenina.

A realidade é que não sei como não te amar. Não sei como esquecer todo o amor que senti. Ou como ignorar que isso me mudou. E não sei lidar com o facto de que nunca mais voltarei a permitir que esse amor exista. Que inunde e transborde. Que seja o ar leve que fazem estes pulmões vibrar.
Escrever só faz sentido
quando és tu o motivo que me faz sangrar. Escrever só tem sentido se for mexer na ferida,
                               e tu eras a faca
                                                     e a razão.
Então, fugi da escrita. Fugi de mim. Quero esquecer-me de tudo aquilo que já me fizeste despejar no papel,
porque não sei como voltar à escrita sem voltar a ti.
Só que já não há casa, não há ninguém para onde voltar.
O teu sitio está vazio. O teu assento já está frio. Já não há musica, nem escrita, nem literatura para nos unir.
Resta-me queimar estas palavras, segurar o papel ardente contra o peito
como se ainda pudesse aquecer-me com o que restou.
E tentar esquecer-me que, um dia, foste a minha fonte de calor,
      a luz que me guiava na escuridão...
O meu pirilampo mágico! A quem decidi entregar-me de alma e coração.

Hoje, parece tudo tão longínquo... como se nunca tivesses existido, como um sonho do qual acordei atordoada, como se tivesse gastado mais uma vida em vão.
Agora, a mesa está vazia. Já não sei qual de mim ficou para apagar a luz.  
Mas sinto-a, sozinha, em silêncio, à espera que volte(s).

V - A mesa redonda do Nós

Sentámo-nos, sem convite, cada qual com as suas vozes. Umas sussurram desculpas, outras gritam promessas partidas.
Tu trazias o silêncio nos ombros,
   eu, a urgência de ser compreendida.
Entre nós, o tempo ocupava a cadeira do meio, com as mãos cruzadas sobre o colo, esperando que alguém lhe pedisse perdão.
Ali cabiam todas as versões de nós que tentaram
                  e falharam: a criança ferida, a amante que esperava demais, a amiga ausente, a que esperou à janela até ao fim do verão, e a que aprendeu a calar o amor para não o perder. Também ali estavam os que não souberam ficar e os que quiseram demais. Mas na hora certa, ninguém os quis de volta.
Fizemos da mesa um espelho estilhaçado, onde cada caco refletia uma versão diferente do encontro.
Eram histórias ditas pela metade, afetos com ferrugem, promessas que nunca chegaram ao corpo, cartas que não foram lidas, beijos que não voltaram para casa, toques interrompidos por orgulho, olhares desviados na última possibilidade de ternura.

Tentámos ordenar o caos, nomear culpas, mapear o amor, dar à dor algum significado:
quem magoou quem,
quem fugiu primeiro,
quem se calou quando devia ter falado,
quem amou a quem em vão.

Mas o "nós" não se escreve em linha reta,
é espiral,
                 tropeço,
                                  é laço e corte.
É ponte feita de dedos trémulos, tentando ainda alcançar.

E entre cacos, alguém - talvez tu - ergueu um gesto quase imperceptível:
um "ainda" dentro do "já não",
um "pode ser" suspenso no "acabou".

Então brindámos,
não ao passado, mas à remota e terna possibilidade de voltarmos a encontrar o amor
                                    não como foi
mas como ainda pode ser:

mais paciente,
                            mais honesto,
menos medo,
                            mais presença.

Um brinde a isso!
À flor que cresce entre as pedras,

ao reencontro verdadeiro,

mesmo que não seja imediato.
                 
Ao amor que regressa, se soubermos esperar com o coração aberto.

No fim, servimos silêncio em taças de cristal.
Um brinde à tentativa!
Às ruínas que ainda brilham.
Ao facto de termos tentado.
Um brinde a estarmos ali,

ainda que partidas,
                                    
                                      ainda que tarde,

ainda que nunca cheguemos a consenso.

Porque amar é tentar,
mesmo quando falha.

VI - Final

Talvez um dia, ouça a porta a ranger,
e outra de mim entre -
sem pressa, sem medo.
Talvez nem se sente,
apenas acenda a luz.

E nesse gesto, silencioso, haja uma oportunidade de começar de novo.

— The End —