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Gil Cardoso Feb 2019
Fogo que arde por dentro
Tudo consome
Até deixar vazio

Uma eterna fome
Um imparavel rio

Árvores que crescem por amor
Ramos partidos em dor

Voltam a crescer
Frágeis e retorcidos
Interiores corrupidos
É o preço de viver
A consequência dos conhecimentos adquiridos

Até quando crescem?
Quando vão parar?
Será que não percebem
Que há um preço a pagar?

“Senão crescemos
Diz-me que fazemos,
Morremos?”

“Deixamos um eterno vazio?
Perdemos a esperança?
Secamos o rio?
Abandonamos a lembraça?
Aceitamos o frio?
Interrompemos a dança?”

Eu só quero paz
Não felicidade
Porque não interessa se tentas e dás
A vida aproveita toda oportunidade

Ela é ingrata
E para mim já marcou uma data
Escrito 17/02/2018
Mariana Seabra Mar 2022
E tu, ansiosa por te afogar,

Foste apanhada na corrente

Deste teu precioso mar.


À superfície da água salgada,

Onde te deixavas flutuar,

Saíram das mais ínfimas profundezas

Mil duzentos e sete braços

Ansiosos por te abraçar.



Envoltos num corpo inanimado,

Não o deixaram recuar.

Nunca mais deu à costa,

Nem soube o que era respirar.

Pois peso morto sempre naufraga

E não há volta a dar.



Mas há coisas que não têm peso

E são mais difíceis de afundar...

Descem, e logo voltam à tona  

Como se estivessem a ressuscitar.



Dizem que a mulher que lá entrou,

Naquele tenebroso mar,

Entrou criança  

E foi feita sereia.



Não sei o que lhes deu essa ideia,

Talvez estejam obcecados com a mudança.

Talvez pela forma como o seu corpo balança

Por entre as ondas da maré cheia.


Quem espera sempre alcança...


Numa noite escura,  

num silêncio de levar à loucura,

Num céu envolto em trevas

onde nem espreitava o luar...

Avistaram uma sereia em pleno alto mar.



Dizem que o seu canto,

Simultaneamente belo e perigoso,

Fazia qualquer homem desesperar.

Como sou mulher, cética e descrente,

Com olhar atento mas duvidoso,

Nunca cheguei a acreditar.  



Iludidos!

Aqui está mais uma prova,

Os homens são muito fáceis de enganar.

Nem se aperceberam que eram gritos  

Aquilo que se espalhava pelo ar,

Os seus e o dela.

O som do massacre com que ela os iria brindar.



A única diferença é que os gritos da sereia

Eram de puro prazer,

E os gritos dos homens

Eram de puro sofrer.



A única diferença é que ela ia sobreviver,

Para ver outro dia nascer,  

Para ter mais uma história que escrever.



Iludidos!  

Não podem ver uma mulher que já não sabem pensar.

E ela, inteligente, usa esse instinto contra eles,  

para os convencer a mergulhar.



Assim, num mar de tinta vermelha

Habituara-se a sereia a nadar.

A cada morte ria mais alto,

“Tanta ignorância ali jaz a boiar”,

E ria, como se os seus pulmões fossem estourar,

Com uma ingenuidade encantadora  

De quem não sabe que está a pecar.



Dançava, louca e despreocupada,

Por entre centenas de corpos desfeitos

Que corriam na sua água, doce e salgada,

Livre de amarras e preconceitos.



Dizem que em noites de tempestade,

Por entre o caos da trovoada,

Ecoam os gritos de uma sereia

Juntamente com a sua doce risada.



“Não há homem neste mundo

Capaz de me tocar

Sem eu o petrificar.

Ainda bem que os braços

Que me envolveram,

No fim de tudo,

Foram os de uma deusa

Chamada Mar”.
hi da s Jan 2018
engraçado como o ato de beijar é
amassar os lábios um no outro
entre exercitar a carne [as vezes] grossa
enquanto se abre e fecha num
movimento rítmico
e sincrônico.

e compartilhar a saliva
pelo tempo que for necessário.
até que as bocas se cansam
e voltam a respirar.
dead0phelia May 2023
a saudade maior que tenho nesse mundo
é das tuas mãos
não sei explicar como é uma saudade de mãos mas ela existe
e tudo o que sei sobre ela é que ela é
impossível de se acabar
uma saudade que não é de mãos
quando encontra o agente causador da saudade
pronto está curado
mas a saudade de mãos não tem cura
porque as mãos são como viajantes do tempo
impossíveis de se alcançar
e por mais que se entrelacem os dedos e se apertem
com toda vontade de permanecer
as mãos não são como os pés
que correm longe
mas sempre voltam pra casa e se fincam no chão
por mais que se encontrem
e queiram ser como ímãs
as mãos dançam muito livremente no ar

— The End —