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Victor Marques Jul 2012
Chamo-vos Palavras

Tu que tens voz e dizes palavras,
Alegres e inacabadas.
Elas têm coragem,
São a tua imagem.

São misturas de cores,
Gritam perdas de amores,
São como as flores,
Outras de fingidores….

Inocente e incompreendida,
Experiência vivida.
Liberdade e esperança,
Sorriso de criança.

Diz palavras por amor,
Ama Jesus Nosso senhor,
Palavra santa que Te delicia,
Amanhece outro dia.

Victor Marques
Mafe Oct 2012
"Uma corte recheada de incertezas.
Diz o mestre:
- A todos vocês condeno essas correntes ventrais.
Condeno essa pressão cardíaca, essa confusão mental.
Não desejeis vós que o sentimento profundo lhes fosse concedido?
E quem há de me jurar que com ele não viria tremenda descordenação,
tremendo derrocamento?
Ouçam o bardo correndo louco entre as paredes de pedra.
Ouçam o gondoleiro, barcarolando as canções de amor.
Ouçam o basbaque som dos encantados,
os afeiçoados e doados de coração.
Eis a verdade, corte, corte de sentimentos.
Jaz aqui o vento que me tragou a esta ilusão.
Gritam altissonantes os mares,
arriscai-vos corações,
antes que o mar os leve a vossos esquifes,
antes que seja muito tarde para arriscar.
Porém que seja espúrioso o vosso amor.
Pois é sentimento que se perde em lamentações,
e para vive-lo, arriscar é necessário, não aja com esquivança,
uma vez entrelaçado, o amor é mais que a promessa,
é a eternidade, é um fado, é um facho,
é imensurável,
é imane,
é ilibado,
insinuante sinal de maravilhas,
ofusca os olhos de quem sente,
faz plenitude e traz saudade a quem não tem,
mas ainda sim muito além,
é uma reta paralela, e dele deve ser padrinho em solenidade,
é um pardieiro implorando piedade, e nós somos a reconstrução.
Então amem corte, mas paguem o preço,
na labuta e na luta,
pois o amor é um mestiço, meio amargo, meio doce,
mas é nato em perfeição."
Victor Marques Apr 2013
Palavra inerte chamada amor

Na esperança, no sentimento multicolor,
A palavra inerte chamada amor,
Os santos são todos fiéis,
Os casados até nem usam anéis,
As montanhas esverdeadas que por amor meditam,
Pensadores sem nada dizer parece que gritam,
O deslumbrante e inerte amor tudo compromete,
O sapo canta amor no lago que o fortalece.

A noite cobre o céu sem pudor,
Do peito jorra e sai amor,
As nuvens de um branco censurado,
Pecado nunca confessado.
O amor inerte parece que tem asas,
Os salgueiros estão lá com folhas salpicadas,
O inerte amor tem penumbra e também tem luz,
Eu sinto o balançar que oscilando que seduz.

Victor Marques
Gil Mar 2018
Na rua faz frio e sol de inverno.

Gelam-me os pés e o coração, secam-me os lábios e os olhos.

De visão turva, ano para onde o vento forte me levar, esperando que lá faça sol.

De cabeça baixa, olho o céu nas poças de água na estrada.

Não me atrevo a chorar, que as lágrimas congelam-me as maçãs do rosto.

De mente atribulada, forço a tosse para fazer silêncio e sussurro:

Partida. Largada. Fugida.

E correm-me os pensamentos de uma ponta a outra.

Correm para ver quem chega primeiro, quem merece a minha atenção.

Mais rápidos que a própria sombra. Nem os vejo.

Zangados, gritam-me. Gritam-me todos ao mesmo tempo e não percebo uma palavra.

Fartos, cansam-se de gritar, mas agora também eu sinto cansaço.

Cansam-me os olhos, cansam-me as pernas, cansam-me os pulmões e o coração.

Espero que eles estejam felizes
Lucas Couteiro Aug 2016
Em épocas de instabilidade,
Caro navegante...
Tenha muita cautela ao escolher teus caminhos.
Pois existem portas que, quando abertas...
Nunca mais se fecharão.

Já outras portas, quando se fecham,
Jamais poderão ser abertas novamente.
Grande amigo...
Há caminhos em que os Espíritos gritam
E o sangue se derrama...

Caminhos esses por onde o fogo consumidor se alastra
E o ímpio se transmuta.
Ali a dor é colossal. E cresce a cada passo dado.
Onde a guerra é lei. E te fere a todos instantes.
A morte será teu guia por estes vales estreitos.

Lugar em que abismos devoram os injustos
Em que a própria terra engole os fracos
E o veneno proferido se multiplica no retorno
Afogando os incautos nas marés do próprio sangue.
Por ali deve ser o teu andar, filho meu. Não temas.

Tais caminhos se cruzarão, um dia
Onde não houver mais tempo nem espaço, nobre guerreiro...
E os véus ocultos do eterno se abrirão,
Para os vitoriosos que se deleitarão
Nas glórias do amor infinito.
Mariana Seabra Mar 2022
E eu, amante da utopia, irrealista mórbida.

E eu, que observo com a intensidade do respirar.

Com olhos que veem tanto como aquilo que sentem.



Como é que, eu, não vi?



Todos os detalhes não são além de pistas.  

Pequenas migalhas que o destino nos deixa,

Como constelações desordenadas no céu.



E eu, amante da fantasia, sonhadora de impossibilidades.

E eu, que sinto no patamar da loucura,

Com extremos que gritam mais alto do que as vozes no meu ouvido.



Como é que, eu, não vi?



E se a doença está no sentir intenso,  

Então sou demente.



E eu, mente alucinada, mas consciente,

Drogada pelas sensações constantes.

E eu, construída por tudo o que me rodeia,

Eu que transpiro insanidade lúcida e,

Eu que absorvo cada átomo do pensamento.



Como é que, eu, não vi?



Agora vejo…

Na própria doença está sempre também a cura.

— The End —