Eu olho pela janela,
vejo as pessoas apagando suas luzes,
a cidade se apagando
conforme a noite cai,

Minha xícara está esfriando,
mas eu não me preocupo,
nem com o café,
nem com o sono,
estou muito ocupado,
conversando com você.

Você me mantém acordado,
como cafeína,
eu poderia passar
as próximas noites,
só falando com você.

Não preciso dormir,
para viver um sonho,
só basta estar contigo.

Andei desperdiçando mais tardes e noites,
observando minha luminária apagar,
conforme sua bateria acaba,
e eu pego no sono.

Meu brilho sumiu de pouco em pouco.
Apaguei toda luz,
que um dia já brilhou em mim.
Nunca me conheci menos.

Sempre gostei de luzes,
de fogos de artifício nem tanto,
mas ao menos não podia os apagar,
podia tampar meus ouvidos e admirar,
sua luz brilhar.

Eu queria brilhar de novo,
minha luz nunca foi tão forte,
mas era suficiente para me manter.
Talvez, depois de tanto tempo,
fui me acostumando com o escuro.

Do que estou me esquecendo?
É como a faísca de uma memória,
presa porem desaparecida dentro de mim.
Talvez seja melhor não lembrar,
e viver no conforto do esquecimento.

Queria poder esquecer muitas coisas,
da mesma forma em que esqueço
o que quero lembrar.
Queria lembrar poucas coisas,
como eu lembro do que queria esquecer.

Memórias distorcidas,
em minha cabeça o tempo todo.
Vou distorcer o que não me agradar,
o suficiente para mim gostar.

Memórias distorcidas,
em minha cabeça o tempo todo.
Distorço meu passado,
até que pare de me machucar.

Eu admiro sua sinceridade,
mas talvez, prefira o conforto,
o conforto da mentira,
que me aquece, me conforta,
e me protege da verdade.

Venha, venha me machucar,
jogue sua verdade em mim,
atire-a em meu peito.
Sei que não quer me magoar,
mas se você realmente se importa,
venha, venha me machucar.

Quebre meu lar, a mentira,
destrua as paredes,
me deixe sem teto,
sem lugar para morar.
Me deixe sentir o frio da realidade.

Não lembro quem estava comigo,
acho que está certo, ninguém.
Lembro de deitar na cama,
colocar músicas melancólicas,
e pensar, "Alguém me ama?"

É um costume, não sei se gosto,
mas nesses momentos eu reflito,
penso sobre meus erros diários,
que são sempre os mesmos.

Talvez seja bom, me culpar,
eu mereço, certo?
Eu mereço muito menos,
mereço muito mais
mereço tudo agora acontecendo,
e o bom? Jamais.

As vezes me preparo para o futuro,
não de um jeito bom,
vou ser condenado a estar vivo,
mas sério, tanto faz.

Queria levantar,
e fazer alguma diferença boa,
porque vamos concordar,
eu transformo as coisas em ruins.

Ele está em uma sala vazia,
toda em branco, como uma tela,
ele mantém a porta aberta,
esperando ansiosamente
pelo momento em que alguém
vai entrar, e o ajudar a pintar.

Lindos tons de azul e verde
é como ele quer as paredes.
Mas todo mundo que entra,
sai sem nem começar.

Ele não consegue pintar
uma sala inteira sozinho,
precisa de ajuda.
O garoto vê o tamanho,
e nem tenta começar.

Cansado disso,
ele fecha a porta,
decide que para sempre vai morar
em uma sala vazia,
em uma tela em branco.

Estive morrendo por dentro,
tentando libertar uma alma,
correndo atrás de uma sombra.
Isso sequer faz sentido?

Estive tentando, mas me diga,
como se toca uma sombra?
Movo meus braços em sua direção,
Mas ela desvia no mesmo sentido.

Qualquer tentativa é inútil,
ela conhece meus movimentos,
Como posso abraçar
algo que não posso tocar?