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Victor Marques Feb 2014
Espero a madrugada

A noite escura estava cansada,
De esperar pela madrugada.
O galo ansioso por todos despertar,
Eu abandono-me a este fenómeno peculiar.

No ermo onde existe um Senhor da Boa morte,
Noite escura em Castanheiro do Norte.
Os cedros parecem ter luz,
Eu perdido no silêncio que seduz.

A noite aqui é simples, singular,
A madrugada de encantar.
Candeias de outrora, cavalos e suas ferraduras,
Madrugada de anseios e aventuras.

O vento sopra solitário e as mimosas são fustigadas,
As madrugadas que tantas vezes foram madrugadas.
E eu aqui sozinho espreito com curiosidade,
Uma madrugada sem tempo nem idade.

Victor Marques
madrugada, noite, espera
Victor Marques Apr 2013
Palavra inerte chamada amor

Na esperança, no sentimento multicolor,
A palavra inerte chamada amor,
Os santos são todos fiéis,
Os casados até nem usam anéis,
As montanhas esverdeadas que por amor meditam,
Pensadores sem nada dizer parece que gritam,
O deslumbrante e inerte amor tudo compromete,
O sapo canta amor no lago que o fortalece.

A noite cobre o céu sem pudor,
Do peito jorra e sai amor,
As nuvens de um branco censurado,
Pecado nunca confessado.
O amor inerte parece que tem asas,
Os salgueiros estão lá com folhas salpicadas,
O inerte amor tem penumbra e também tem luz,
Eu sinto o balançar que oscilando que seduz.

Victor Marques
Victor Marques Jul 2022
Sem sabermos bem o que é o destino,
Sem sabermos se é  profano ou divino.
Parece ter ordem cósmica ou sobrenatural,
Destino que parece efémero  e fatal.

Ninguém a ele pode escapar,
Nem dele se pode livrar.
Parece ser um dever cumprido,
Dum sonho passado, vivido.


O destino existe e nunca é conhecido,
Parece ser porto sem abrigo.
O homem nasce com tudo predestinado,
Seja no amor, na morte, no pecado.

Parece estar em sintonia com o Deus criador,
Um ser supremo feito de  paz e amor.
Criaturas transcendentais repletas de luz,
Te enfeitiçam com o destino que  seduz.


Destino da criança que chora sem razão,
Respiramos com a brisa a bater no coração.
Entusiasmo com o espelho da vidraça,
Destino que tudo conforta e abraça.

Victor Marques
destino, vida, morte, ordem, acaso, natural, sobrenatural
Luís Jul 2017
Poesia é fogo
É toque sedutor que seduz o mais fiel
Poesia são sonhos amarrotados no papel
Poesia arde ferozmente e me aquece
Aquece o meu ser gélido
Ela mata-me, cansa-me
Ela faz-me viver morto
Mas acima de tudo,
Ela ressuscita-me e ama-me
Ama-me como uma mãe cuida da sua cria
Como o sol beija a lua ao seu nascer
Ilumina a minha escura mente
Apazigua-me, levita- me e aquece
Pois poesia e fogo
Fogo onde quero arder
Pois sou o papel amarrotado
Assim sou iluminado
Pois poesia arde em mim até falecer.
Victor Marques Jul 2022
Com mais sangue nos nossos vasos,
Lábios cheios e rosados,
O coração quer bater mais forte,
Por destino ou sorte.

A voz tudo seduz,
Parace ser tudo luz.
Corrente  sempre ligada,
Vida bela e apaixonada.

A distância um local incerto,
O amor está sempre perto.
Parece que existe música suave,
Sorriso que nunca acabe.

Os níveis altos de dopamina,
Te ajudam e tudo anima.
Se cria um desejo intenso,
Ao toque do amor e do vento.

Parece nascer flores nos caminhos ,
Ser se ave para fazer ninhos,
Borboletas no estômago  amolecem,
Pétalas molhadas permanecem.

Queremos a felicidade de alguém,
Sem prejuízo do nosso bem.
Anseiar pela presença desenfreada,
Suspiro ao acordar com a madrugada.


Victor Marques
Amor,vida,sentimento
Mariana Seabra Mar 2022
A realidade é fácil de controlar.


Acordar, tomar banho, tomar o pequeno-almoço, sair para a escola ou para trabalhar, executar tarefas, conduzir, carregar neste botão, carregar naquele, tomar um café, fumar um cigarro, fazer isto ou aquilo, adormecer, acordar e repetir…o meu corpo já faz mais de metade em piloto automático, o que é ótimo, deixa-me mais tempo para viver a minha realidade, dentro da minha cabeça, onde a real ação acontece e se desenrola, onde não há tempo nem espaço, onde sou livre e ninguém me controla.



Por vezes, fico genuinamente chateada com as pessoas quando elas me interrompem e me tiram do meu mundo mais profundo. Não é culpa delas. Elas não sabem que estou a viver noutro mundo.



Encontro-te a toda a hora no meu mundo, que quase me esqueço que não te encontro na realidade.



Por vezes, estou de olhos abertos mas não é neste mundo que estou a viver. Falo contigo e consigo ver-te nitidamente, consigo viajar até ti sem ter de me mover. O meu corpo acompanha, não sei como, tem reações físicas espontâneas que o começam a atravessar.



Por vezes, arrepio-me exatamente onde imagino que me estás a tocar. Olho para o braço e sinto um toque que o explora. Olho para a minha mão e ela está a entrelaçar-se no vazio, com o polegar a percorrer o nada, esse nada que já foi algo outrora.



Por vezes, sinto cócegas na cara, onde o teu cabelo já esteve pousado. Depois, inconscientemente, vou a tentar afastá-lo para conseguir olhar para ti…e é mais um momento fracassado, porque abro os olhos e estou sozinha, não te tenho ali, onde deverias estar, ao meu lado.



Por vezes, estou no escuro, de olhos bem abertos e, apesar de não haver um único raio de luz, consigo ver tudo à minha volta, vejo a silhueta que me seduz. Sinto uma respiração junto à minha, o ar fica mais pesado, mais quente e, consequentemente, logo sinto o coração acelerado. Não me mexo. Não me posso mexer. Não quero que te assustes e saias a correr…então, assim fico.



Por vezes, estou de pé na varanda, encostada à parede, de olhos fechados, com a cara diretamente voltada para o sol e, de repente, apanho-me a sorrir. Já sei! Já sei que vens ter comigo...ou será que nunca chegaste a partir? Sinto um peso a encostar-se a mim, também de cara voltada para o sol e, claro!, não consigo evitar sorrir. Encosto a minha cara com cuidado, sinto duas peles em contacto e é quente! ardente, exatamente onde elas se tocam.



Quando me apanho de novo, estou com os braços em redor de algo. O meu corpo físico acompanha e tira as medidas certas do meu pensamento. Abraço o peso que se apoiou em mim e, não me mexo, fico paralisada com tanto sentimento. Não me posso mexer. Não posso perder este momento…

Mas não está lá nada.  



E quando a minha mente consciente se apercebe disso, rouba-te de mim.


Enfim...
Consegue ser cruel! É tão cruel. Que consciência é esta que não tem consideração por todo o amor que depositei naquele momento, para que ele existisse, mesmo que noutro mundo? E por todo o amor que foi necessário para o manter vivo, mesmo sendo realisticamente impossível eu o estar a viver? Bem dizem os outros que amar é sofrer...



Deixem-me ser inconsciente!



Sinto cheiros, ouço vozes, leio pensamentos que não são meus, toco no ar que me rodeia como se não fosse apenas isso, ar, e continuo aqui para me questionar, será que ainda estou dentro dos parâmetros da sanidade ou já me perdi em todos e não há volta a dar?



Mas seja como for,  

Deixem-me estar!

Por mais que pareça perdida, a quem não sabe sonhar, não preciso de ninguém que me venha tentar encontrar.
Dá-me o silêncio de uma eterna primavera
Onde o mundo morreu primeiro
Antes de eu ser eu.

Dá-me uma luz que jamais se viu
Onde o pensamento floresceu no seio do nada
Onde tudo não são mais que fadas
Cantando clarins e rimas desconexas
Em um mundo que jamais nasceu

Dá-me a vida como o fim do infinito
O epitáfio onde Deus morreu.
Dá-me flores que não dizem nada
Porque já foram tudo.

Dá-me um eu renovado,
Além de todo o mar,
Além de toda a ilusão,
Além de toda comunhão,
De ser tudo e ser nada.

Dá-me um suspiro na escuridão da luz,
Dá-me um mundo que seduz,
Todo o meu ser.

Dá-me o Todo abaixo de mim,
Dá-me o perdão dos meus diabos.
Dá-me tudo o que não se conhece,
E foi contado somente à mim.

Dá-me um Deus.
Dá-me tudo sem ser nada.

— The End —