Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
Wörziech May 2014
Mil-réis entre réis pagos pelo algodão e pelo o material sinteticamente enfadonho – ambos traçados na sala abafada em que, agora, a escuridão de frequência vibrante busca-me, parado, observando o sangue que segue, que traça, desenha os seus próprios afluentes em uma elaborada figura de empalhamento. Tropeço por entre galhos, perco um ou outro membro e abro os olhos. Agora, veja! Eles estão lá! Meus membros estão lá! Mas atente-se! Aquele, meio torto, veja-o com perfeição.
Digo, eram meus. Sim, pois agora a este outro pertence.  Está lá, na poça de meu sangue, com a minha própria estrutura, o que parece ter sido um simpático palhaço. Confirmo aquela minha primeira impressão: empalhado palhaço. Agora há algo dentro daqueles membros. Definitivamente há! Até vejo alguma perenidade por entre as articulações, à mostra - resultado de um trabalho mal feito pelo meu próprio líquido vermelho intenso.
Depois de muito apreciar minhas partes nunca tão bem aproveitadas, vejo algo mais além - vejo asas! Inicialmente, um âmago bastante ridículo e tedioso - mas observando mais atentamente, percebo profundamente que aquela minha obra orgânica possui, como verdadeira essência, o plano mais ao fundo, que não só se colocava de forma discreta, como aspirava se esconder do foco do olhar, retirando nitidez que a ele é supostamente é inerte. Percebi a explicação para minha atrapalhada e inconsciente criação. Humano algum será capaz de apreciá-la como eu aprecio. Amo-a agora como amo a morte! E morta está minha obra, afastada para sempre de mim. Assim como os meus olhos e libido.

*É um sangue amaldiçoado aquele que escorrera de mim, seria está a plausível explicação? Sequer traçara ele uma imagem de uma mecânica funcional.
Julia Jaros Nov 2016
Me arrastava pelo deserto
quando lembrei dela.
Curvas magnificas, macias
estrutura singela.

O único momento de paz
era um oasis fugaz.
Rápido, sôfrego.
Aliciando o próprio ego.

Aproveita o vento
para me fustigar com areia.
Sem dó, serpenteia
a pele que um dia acariciou
a boca que já desejou.

Me arrastava pela terra seca
quando lembrei dela.
Quebradiça, áspera.
Cambaleando enquanto me flagela.

A cor é a mesma
das suas costas.
Cor que eu beijava
agora olho enquanto evapora
e incendeia.

Seca.
Quente.
Serpente.
**Floresça.
Lost Indeed Jan 6
Se eu tentar escrever em palavras,
Tocar em músicas
Ou pintar em quadros,
Não alcançaria o que sinto por você.

Não existem palavras em idiomas,
Sonhos de poetas
Ou inspirações de compositores
Que façam jus ao que você é.

Eu abandono a estrutura poética,
As regras líricas e toda crença cética.
Sou um observador da obra divina,
Um escrivão da sua obra-prima.

— The End —