Intimidades


Na mesma madrugada eu me olhei,
Descobri a nudez e idolatrei.
Na mesma madrugada me deitei,
Ai relva que não pisei?


Na madrugada eu não senti,
Inconstância do que vivi.
Não me levantei, nem deitei,
Madrugada que sonhei.


Madrugada que o galo cantou,
Canto que embalou.
Sol que me olhou,
Madrugada do que sou.

Victor Marques

rita lee cantou que mulher é bicho estranho
todo mês sangra.
adélia prato lançou Bagagem.
rupi kaur escreveu sobre amor
e dor em seu corpo.
ijeoma umebinyuo criou versos que ainda não li,
mas que ouvi dizer vão desabrochar lindas
rosas dentro de mim.

àquelas mulheres que inspiram e respiram:
vocês são cada gota do gole de água que
preciso beber pra seguir vivendo.

outro dia desses a lorde cantou no meu fone de ouvido "i am a toy that people enjoy (...) you're a little much for everyone" e aquilo me golpeou nas pernas tão forte no caminho do metrô que eu chorei como se tivesse recebido a notícia da morte de um parente e fiquei sentada lá no vagão presenciando o enterro da minha dignidade enquanto os outros me assistiam com uma assombrosa piedade que nunca tinha recebido antes nessa vida e pensei que talvez fosse por isso que eu fantasiasse tanto sobre velórios

Uma música cantou nossa história,  
Um poema revelou o que sinto por ti.  
Passei por um jardim e, ao respirar,  
O aroma me trouxe o calor de estar em teus braços.  
Essa brisa suave de verão,  
Fez-me lembrar do toque morno e macio da tua mão no meu rosto.  
O mel, com seu doce encanto, sonha  
Em possuir o gosto do teu beijo.