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CORDEL TROVADO

Antonio Cabral Filho - Rj

Meu bisavô João Cabral
Padrasto do meu avô,
Não sabe quanto é legal
Me orgulhar de quem eu sou.

Meu avô “ José Cabral “
É José Pedro da Silva,
Mas acabou como tal
Pelas graças da mãe diva.
*
Meu pai honra meu avô,
São CABRAIS de alto renome.
Seus legados dão valor
A quem tem Cabral no nome.
*
ANTONIO CABRAL DA SILVA,
Que no Cavaco dedilha,
Espero que a lira sirva
De base na redondilha.
*
ANTONIO CABRAL é homem,
Pois homem tem que ser homem.
Quem não tem verve de ANTONIO,
Tire o Cabral do seu nome.
*
Sou ANTONIO CABRAL FILHO,
Que em vossa presença emigra;
Do pinto que não quer milho
João Cabral que lho diga.

Sei que não fez porque qui-lo,
Mas o Antonio Cabral,
Assim, solteiro, sem FILHO,
Não sou eu nem o LEGAL.

Todo CABRAL é parente,
Com raízes além mar,
Tem cara de boa gente,
Mas é bom não descuidar...

Antonio fui batizado
Por glória da devoção,
Mas CABRAL é meu legado
Pela pura tradição.
*
Aquele que nasce ANTONIO
Não se dobra pelo cobre,
Pois vem de filão idôneo
E tem espírito nobre.

Ideia nua, xucra e nula.
Os meus versos são cabedais que não cabem no universo. 
Três loucuras, e três aves Marias,
Puritanas tão loucas quanto o calígula de Roma, me assaltam.
E eu não sou, mas cabe aqui,
Tecer a minha história como uma frágil teia,
No alto de um castelo imponente de um país sem nome.
Eu sou um pouco de sombra,
Um pouco de nada, e só um pouquinho de tudo,
Não me revelo tão fácil,
Não caí ao mundo para ser conhecido.
Não sou pachorra dos desatentos, dos alheios à mim.
Sou minha própria pachorra,
Trago em mim sombrias conclusões,
E eternas dúvidas já vencidas.
Que permacem suspensas, ainda, talvez?
Vê, ó leitor, se não posso te seduzir,
E nem te matar, que farei eu?
Dai-me um Deus para mim ser!
Dai-me um fiapo de bebedice,
Pra que eu fique entorpecido,
E batizado com o espírito santo!
É verdade que esses versos não fazem sentido?
Mas pra quê o sentido? Qual sentido há nesse mundo?
Deixe-me dizer, um pouco de contradição é bom,
Mas eu sou a verdade, desdita e morta em meu próprio ser!
Eu serei o que serei, antes de ser qualquer coisa,
Ou coisa qualquer, depois; dai-me a benção, leitor,
Que eu não fujo, e a hora de mim também nunca fugirá.
Amém.
Inspirado em M. de Assis.

— The End —