Ideia nua, xucra e nula.
Os meus versos são cabedais que não cabem no universo.
Três loucuras, e três aves Marias,
Puritanas tão loucas quanto o calígula de Roma, me assaltam.
E eu não sou, mas cabe aqui,
Tecer a minha história como uma frágil teia,
No alto de um castelo imponente de um país sem nome.
Eu sou um pouco de sombra,
Um pouco de nada, e só um pouquinho de tudo,
Não me revelo tão fácil,
Não caí ao mundo para ser conhecido.
Não sou pachorra dos desatentos, dos alheios à mim.
Sou minha própria pachorra,
Trago em mim sombrias conclusões,
E eternas dúvidas já vencidas.
Que permacem suspensas, ainda, talvez?
Vê, ó leitor, se não posso te seduzir,
E nem te matar, que farei eu?
Dai-me um Deus para mim ser!
Dai-me um fiapo de bebedice,
Pra que eu fique entorpecido,
E batizado com o espírito santo!
É verdade que esses versos não fazem sentido?
Mas pra quê o sentido? Qual sentido há nesse mundo?
Deixe-me dizer, um pouco de contradição é bom,
Mas eu sou a verdade, desdita e morta em meu próprio ser!
Eu serei o que serei, antes de ser qualquer coisa,
Ou coisa qualquer, depois; dai-me a benção, leitor,
Que eu não fujo, e a hora de mim também nunca fugirá.
Amém.
Inspirado em M. de Assis.