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Wörziech Jul 2013
Com o teu coro que aqui está,
passo a ser preenchido por sombras circunstanciais.

Elas me trazem a memória do renascer
e bem claramente posso sentir o ardor do consolo com que me levam
às lembranças do meu verdadeiro ser.

Transmitindo uma serenidade que se funde aos sons que as acompanham,
em um baile de caos e ódio,
buscam me recordar do que está próximo:
Do deleite profundo em sonho,
minha experiência egocêntrica,
à minha expansão como universo;

um universo em que eu sou a desordem e o âmago.

Constituído completamente de memórias e sentimentos;
sentimentos de uma beleza imprópria;
de morte e de cor,
de vida e dor.
Wörziech May 2013
Monstros convictos tomam,
a todo instante, minha mente.

A ilusão é ignorá-los.
A restrição é encontrá-los.

Gracioso o tédio provocado pelas rupturas sangrentas que professam tal destino
indiscretamente escrito pelos sombrios passageiros que me acompanham,
que se rebelam contra mim todos os dias.

Em súbitos sons, surtos e tons,
abraçam-me e acariciam-me
essas anomalias negadas por muitos,
esses assombros temidos por todos.

Enquanto o inocultável poder de persuasão das criaturas
faz-me síntese inexprimível,
a perfeição defendida pelos céus é fatalmente extinguida
pela percepção concedida à TERRA.
Rui Serra Oct 2014
acordo
noite, gritos, luzes

tambores outonais

levanto-me
sabor a mel, hidromel?

sinto-me sujo
penas, sangue

criaturas da noite
criaturas da solidão

acompanham-me, libertam-me

corro

clareira nua
dança nua

sinto-me corpóreo, etéreo
lambo-te

bebo do teu sangue,
as tuas lágrimas

fogueiras
sombras de deuses esquecidos

ritual

o coração pára,
desfaleço
sobre o teu olhar moribundo
hi da s Oct 2017
não sei onde aprendi que o medo é irracional e é uma resposta do cérebro. teu corpo não sente medo e sim um órgão que mais parece um punhado de minhocas encurraladas.
por um tempo eu juro que achava não ter medo de morrer, talvez só um leve pavor de sentir dor.
e o tempo funciona mesmo de formas estranhas e complexas. houve períodos que não cogitava pensar em morrer, mas agora parece que tudo mudou e o pavor da morte surgiu acumulado.
esse medo é o do nada ou do tudo que pode vir depois. ninguém pode me responder ao certo. meus avós já mortos não voltaram em sonho nem deixaram uma mensagem sobrenatural sobre nada. talvez isso já seja uma prova de que a morte é de fato um grande nada.
isso tudo é assustador. pensar que tu só tem uma chance pra acertar. e só de saber que não vais mais experimentar o mundo é sufocante.
como pensar na morte tranquilamente natural se vários prazeres que o corpo em conjunto com a vida são as coisas que me fazem querer continuar?
não consigo aceitar que um dia eu não vou mais sentir o calor do sol tocando a minha pele. cheirar aquela brisa do mar assim que se chega na praia. ver alguém que tu ama muito tendo um dia bom e ver ela sorrir. ouvir pela primeira vez uma música boa. observar alguma peculiaridade no meio do caminho que aparentemente ninguém mais notou. olhar pra um por do sol e pensar que aquele tem todas novas cores e que cada dia um é diferente do outro. pensar a toa sobre coisas bonitas que acompanham a gente durante o dia. aprender algo. algo bom. fazer **** com alguém. fazer **** consigo mesma. rir sozinha. rir com alguém. dançar. conhecer alguém novo. chorar. escrever. desenhar. ver. ouvir. falar. gritar. gemer. sussurrar. fumar. comer. sentir emoções. pensar. imaginar. criar.
todo um paragrafo infinito de realizações que de repente para de funcionar. vivemos quase sempre menos de cem anos e ainda é pouco porque o mundo pra gente é absurdamente infinito. e tão grande que dá agonia pensar. viajar por todo continente e saber que não dá pra ver tudo. sobre todos os mais minuciosos detalhes. sufoco. me sinto sufocada e não tem nenhuma pressão em cima de mim, exceto por mim mesma. felicidade. vou parar por aqui.

— The End —