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Mistico Mar 15
Oh, consciência, implacável juíza,
Que fere mais que qualquer algoz,
Trazes lembranças de amor desfeito,
E um eco amargo de nossa voz.

O peito anseia reviver a chama,
Que outrora ardia em doce fulgor,
Mas logo a sombra do arrependimento,
Apaga os rastros do que foi amor.

Diz-se apaixonado, anseia o reencontro,
Mas trata-me frio, como um forasteiro,
Sou eu quem vaga por sonhos desfeitos,
Na vã esperança de um amor inteiro.

E então, cruel consciência alerta,
Diz-me que corro sem direção,
Alimento esperanças já esquecidas,
Num tempo que jaz na escuridão.
Mistico Mar 14
Sua voz ressoa em meus ouvidos,
como um sussurro do tempo que insiste em voltar.
Finjo-me de pedra, de indiferença fria,
e revisto minha alma de lembranças amargas,
na esperança de que me sirvam de escudo.

Angústia… essa velha conhecida,
vem e me lembra de tudo que fiz,
de tudo que foi em vão.
Se antes nada bastou,
por que agora haveria de ser diferente?

E a confiança… onde ficou?
Talvez perdida na imensidão do esquecimento,
talvez guardada, adormecida,
à espera de um dia
em que a saudade seja mais forte
do que as dores que me ensinaste a sentir.
Mistico Mar 14
Culpavas-me por uma energia invisível,
como se fosse eu a corrente a te prender,
quando, na verdade, eram teus olhos fechados
que te impediam de ver.

Gritei verdades em silêncio,
estendi minhas mãos ao vento,
mas foste surda ao meu chamado,
e, sem hesitar, me lançaste ao esquecimento.

Fui o grudento, o exagero, o erro.
E, ironia do tempo, agora retornas,
quatro estações depois,
com promessas de amor tardias.

Mas já não sou mais quem espera,
não sou refúgio para quem desperdiça,
quero a brisa de um amor sincero,
não o peso de quem só volta
quando já perdeu tudo o que tinha.

Grato pelo passado,
mas meu presente é outro.
E meu futuro, ah…
esse já não te pertence mais.
Mistico Mar 14
Há aqueles que se aproximam com palavras doces,
tecem laços enfeitados de promessas vazias,
e, sorrateiros, sugam tua essência,
tomam de ti tudo o que podes ofertar.

Quando já não restam vestígios de tua luz,
te lançam ao vento como folha seca,
e, sem remorso, plantam discórdia ao teu redor,
fazendo da tua dor um espetáculo sem plateia.

Mas a vida, justa em sua própria dança,
não se deixa enganar por artifícios humanos.
Aos que creem estar no trono da vitória,
ela surge, implacável, desmascarando a farsa,
derrubando impérios erguidos sobre enganos.

E enquanto os falsos se perdem na queda,
aquele que foi traído observa do alto,
com o olhar sereno de quem compreende
que a verdade, ainda que tardia, sempre vem.
Mistico Mar 9
Sê gélido como jamais foste,
até que teu peito não mais pulse,
pois o amor não te pertence—
ele vem para dilacerar, para ruir,
para provar que é dádiva aos outros,
mas maldição para ti.

Não há luz em teu ser que possa iluminar,
pois tua essência jaz congelada,
tão vasta e impenetrável
que nem mil sóis a derreteriam,
nem mesmo a fúria de uma explosão atômica
romperia tua fortaleza de gelo.

Sê apenas passagem, um vulto, um nome,
nada além de um sopro efêmero.
Não almejes mais do que isso,
pois não há proveito algum em querer.
As gentes não te amarão pelo que és,
mas pelo que tens,
e se nada tens, serás o nada diante delas.

Refugia-te em tua bolha,
ergue muros contra tudo o que existe,
mais sólidos que a própria matéria,
mais impenetráveis que a razão.
Sê apenas pensamento,
ou quem sabe nem isso.

E quando o destino vier com suas chamas,
tentando derreter tua couraça,
não te enganes:
não é ilusão, mas sim prova,
um eco do tempo sussurrando
que, talvez, apenas talvez,
o frio seja tua única verdade.
Mistico Mar 8
Talvez eu deva me esforçar,
Para que ao escrever, algo possa brotar.
Mas ainda prefiro viver momentos tão profundos,
Que minha mente transborda de mundos.

No papel, as palavras vêm e vão,
Frases, lugares, tempos da invisível criação,
Eu, eu mesmo, e ninguém mais,
Num jogo de "talvez" e "mas" sem iguais.

Ruiva ou loira, pouco importa o aspecto,
Quando olho para o nada e vejo o universo em meu reflexo.
O planeta, tão distante, se reflete em minha mente,
Onde palavras surgem sem sentido, mas com uma força latente.

Perfume forte, perfume fraco,
No final, ambos se tornam um só, sem o que era de fato.
A essência se transforma, em algo imenso,
A imperfeição se revela a mais bela no tempo imenso.

O caráter, verdadeiro e inquebrantável,
Prevalece onde a alma se torna admirável.
O futuro leva essa virtude com firmeza,
E a beleza reside na sinceridade, sem outra defesa.

Viver sozinho, talvez uma opção,
Mas a perfeição não se encontra na solidão.
Um abraço, um carinho, um beijo profundo,
São desejos que buscam ser compreendidos neste mundo.

A carne é efêmera, apenas carne,
Mas o espírito é eterno, algo além de qualquer arte.
Palavras ao vento, levadas pelo tempo,
Transformam-se em desejos, em crescimento.
Mistico Mar 8
Encanta-se o mundo com versos suaves,
E há quem duvide do que a mente esculpe.
Sereno, discreto, sem ira aparente,
Mas na escrita, a palavra ressurge potente.

Flui sem esforço, sem rumo, sem norte,
Do nada renasce um traço mais forte.
Pensar no vazio, mas dele extrair,
A essência da vida, o dom de sentir.

Palavras que moldam, que marcam o tempo,
Que revelam segredos em cada momento.
Do silêncio, um eco, da sombra, um brilho,
Na pena do "ninguém", o verbo é um trilho.
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