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Mistico Mar 8
Ah, mas não são todas, sejamos justos,
Mas esta em questão desperta desgostos.
Uma sandália voando, quase inevitável,
Na mente imagino, cenário inigualável.

Fértil é a mente, mas dói só de ver,
Dá até vontade de em bolinhas a esconder.
Tão amável, tão doce, um ser reluzente,
Que faltam elogios, mas sobram na mente.

Ah, se sumisse a dentadura em um canto,
Talvez o silêncio trouxesse encanto.
Que fala, que espalha, que nunca descansa,
O prédio é alto, mas falta esperança.

Na praia perdida, no mar rejeitada,
Nem Iemanjá quer ser incomodada.
Sogrinha querida, que doce é teu ser,
Grudada em meu pé, sem querer se render.

Larga da vida que não lhe pertence,
Deixe que o amor siga e se estenda.
Engula seu ouro, sua sede insana,
Que a vida responde, e o tempo não engana.
Mistico Mar 8
Sou eu, tão somente, a dizer o que deves ouvir,
Sem temor do que o mundo venha a pensar.
Minhas palavras, como flechas, sempre a partir,
E se elas ferem, não hesito em lançar.

Nem todos têm olhos para ver a clareza,
Nem ouvidos para a pureza da minha fala.
Falo o que me é justo, sem qualquer sutileza,
E se não suportas, a culpa não me embala.

Sou senhor das minhas ações, com alma tranquila,
Mas não sou o eco das palavras que a ti te assombram.
O que eu digo é meu, e minha verdade brilha,
Sem que me importe com as vozes que me julgam.
Mistico Mar 8
Não importa para onde vás,
o mundo tomará de ti o que for luz,
e quando nada mais houver,
te lançará à escuridão do esquecimento.

Seja só, seja frio, faça apenas o teu,
que não haja brecha para desmoronar.
Nenhum rumor, nenhum desvio,
somente teu ser a te guiar.

Não lamentes, não te curves,
o mundo é palco de ilusões frágeis.
Os falsos se afastarão na distância,
pois somente os verdadeiros encontrarão teu caminho,
na pureza da tua verdadeira essência.
Mistico Mar 5
Um dia, olho ao lado e lá vem ela,
Menina de batom vermelho, essência singela.
Seu vestido rubro dança ao vento,
E com um olhar, congela o tempo.

Seus passos firmes, seus olhos profundos,
Empurra o mundo, desvia segundos.
Um leve sorriso, de canto de boca,
E meu coração, por ela, já louca.

Ao passar por mim, sem uma palavra,
Seu olhar me chama, sua presença agrada.
Diz sem dizer: "Vem ficar comigo",
E eu, sem pensar, já sou seu abrigo.

Sempre que a vejo, meu dia se acende,
Com seu sorriso bobo, tão doce, tão quente.
Ela pouco fala, mas diz tudo sem som,
O coração entende, sem precisar de tom.

E quando escreve, se perde no meio,
Manda palavras onde não há segredo.
Mas pouco importa o destino errado,
Pois entre nós, já está selado.

Da amizade ao desejo, um passo tão breve,
A saudade aperta, a presença me serve.
Pois a vontade de estar junto grita forte,
Mais que a distância, mais que a sorte.
Mistico Mar 4
Vagueio pelo espaço, absorto no tempo,
quando o raio de sol toca tua face,
despertando em ti a alegria serena,
enquanto repousas sob a máscara
que embala tua pele em suave frescor.

A luz intensa, ao cruzar teu olhar,
traz consigo o reflexo dos meus pensamentos,
como um eco silencioso do que em nós habita:
o deleite insano do aroma solar,
a seiva ardente que nos envolve e consome.

As horas deslizam, furtivas e leves,
perdidas na ânsia do brilho esperado,
na urgência do sol que beija a pele,
libertando a essência mais pura do ser.

O instante se faz eterno na espera,
na calmaria do calor que não queima,
no frio que não afasta, mas nos une,
abraçados no espaço que só a nós pertence,
onde o encaixe é perfeito, e o tempo se dissolve.

Ao amanhecer, um braço adormece,
mas o sabor do sol permanece nos lábios.
Respirações profundas, sôfregas,
a suplicar por mais um dia de luz,
por mais um raio que, inevitavelmente,
retornará ao teu rosto,
iluminando, uma vez mais, o universo em nós.
Mistico Mar 4
Minha mente, um vasto vácuo, divaga,
enquanto o ar me escapa em ofegante lamento.
Não corri, mas a ansiedade galopa, impávida,
pressionando-me o peito como fardo violento.

Uma manada impetuosa ruge em meu ventre,
e, ainda assim, sustento a face serena,
pois acostumei-me a silenciar tormentos
e a ocultar a dor sob a névoa amena.

Os pensamentos, frágeis, esvaem-se na hora exata,
as palavras, impensadas, brotam sem freio.
Ergo os olhos ao teto e as lembranças me assaltam,
umas ternas, outras ásperas como o vento alheio.

As más, tão insistentes, insistem em ficar,
embora eu relute, embora eu as negue.
Mas nunca mais será como outrora,
pois meu próprio querer a saudade repele.

E assim sigo, exausto, mas atento,
deixando que a sonolência me embale em devaneios.
É no limiar do sono que encontro o intento:
escrever sem sentido, mas pleno de anseios.
Mistico Mar 4
Preciso de um refúgio, um santuário etéreo,
um espaço onde o vazio se estenda sem limites,
onde minhas mágoas se afoguem, dissolvendo-se no tempo,
e, ao emergir, fiquem à deriva, sem âncora para retornar.

Não apenas as tristezas desejo abandonar,
mas também os pesares que ecoam na mente,
os tormentos insondáveis, os pensamentos errantes,
toda sombra que, impiedosa, se aninha em meu ser.

Almejo um refúgio, um bálsamo sem toque,
onde minha própria consciência me embale,
pois já não espero gestos nem promessas,
talvez nem mesmo de mim próprio.

Um refúgio onde, após a água fria em dias abrasadores,
eu possa fechar os olhos sem temor,
e, na vastidão do pensamento, encontrar descanso,
certo de que, ao despertar, serei renovado.

Preciso de um mergulho profundo,
tão intenso que, ao emergir,
seja eu outro, despido do peso do passado,
meus fardos escoando pelo ralo do esquecimento.

Que até minha essência resplandeça,
e a escuridão oculta, há tanto arraigada,
seja iluminada por quem deseje permanecer,
pois tal redenção não se dá por acaso,
mas pelo encontro de almas que veem além.

Tão restaurador será esse refúgio,
que nele reencontrarei o que há muito se perdeu:
a centelha que, adormecida,
aguarda apenas um sopro para arder outra vez.
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