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Mistico Mar 4
Pensamentos em turbilhão, desejo de amparo,
Mas o justo é vilipendiado, o nobre, raro.
Palavras rudes são luzes em falsas vitórias,
Enquanto o zelo se perde em memórias.

Quisera eu largar-me dessa insana missão,
De abraçar um mundo que jaz na ilusão.
Proteger o que é vão, sem merecer,
Mas por laços atados, deixei-me envolver.

Anseio o silêncio, a paz, o vazio,
Ser sombra esquecida ao sopro do frio.
Nenhuma palavra, nenhum olhar,
Apenas existir, sem precisar falar.

Por um dia, talvez dois, ou um breve instante,
Que o mundo se esqueça, que tudo se afaste.
Ser visto apenas por quem vale o momento,
Enquanto o vento leva palavras ao tempo.

E se acaso alguém, num canto perdido,
Sentir o que sinto, num eco contido,
Saiba que a dor de querer se ausentar
É, por vezes, apenas o desejo de paz encontrar.
Mistico Mar 4
Sozinho em meu canto, sem nada esperar,
Fecho os olhos, deixo a mente vagar.
As palavras fluem, tentam me salvar,
Mas se as prendo, podem me sufocar.

Mudar? Talvez não seja a solução,
Pois não se molda a essência do coração.
Ou luto para ser quem desejo ser,
Ou morro tentando, sem me render.

Minhas palavras, fiéis companheiras,
Expressam a dor e a alegria verdadeira.
Em meio à multidão, sou só solidão,
Ruídos me cercam, mas vazio é o chão.

Uma cabana em meio à floresta,
Um sofá macio, escuridão modesta.
Filmes e séries, lágrimas e gritos,
Sustos e risos, prazeres restritos.

Então, um sopro, o vento lá fora,
Ela retorna, vestida de aurora.
A dama de vermelho, presença tão forte,
Faz-me esquecer do que chamo de sorte.

Venha sempre, acalme meu ser,
Roube meus pensamentos sem eu perceber.
Use e abuse de minha alma e meu corpo,
Pois só em teus braços esqueço o desconforto.
Mistico Mar 4
Hoje estou aqui, despejando o que sufoca,
palavras que me engasgam, que me prendem a garganta,
gritando em silêncio, chorando sem olhos que vejam,
esperneando sem mover um só músculo da alma.

Minha única companhia é aquela que me embriaga,
derruba-me num sono sem sonhos, sem cor,
onde o vazio se torna refúgio,
onde nem ecos nem ruídos ousam entrar.

Sou árvore que lança suas folhas ao vento,
mas também galho seco no rigor do inverno,
preso ao tronco, congelado no tempo,
sem cair, sem renascer, apenas existindo.

Ainda estou de pé, mesmo quando já caí,
pois algo maior me sustenta,
algo mais forte que o abismo dentro de mim.
Preciso mudar, seguir, esquecer…

Mas falar é sempre mais fácil do que fazer.
Mistico Mar 4
Um grito, talvez de socorro,
tão intenso que se perde no silêncio.
As palavras me fogem, a voz me trai,
e mesmo querendo pedir ajuda,
o som não se forma, e tudo se esvai.

Afogado em penas de uma depressão densa,
com saudades eternas daquela que partiu.
Tão viva esteve, tão breve ficou,
hoje repousa em paz, enquanto eu,
preso aqui, luto para seguir.

Tento me erguer, tropeço no vazio,
o peso de existir me ancora ao chão.
Talvez eu seja uma rocha fria,
forte o bastante para proteger,
mas incapaz de ser protegido.

E quem cuidará de mim,
se fui feito para amparar?
Talvez minha missão seja essa,
ser o escudo e não ser abraçado,
ser o alicerce e jamais o lar.

No fim, sou apenas eu,
sozinho com pensamentos que gritam,
querendo sumir, mas percebendo
que desaparecer é fútil,
pois já sou invisível ao mundo.
Mistico Mar 4
Talvez não seja minha visão que se turva,
mas a sua, que não alcança o que há no fundo.
Você enxerga em mim o brilho, a bondade,
mas de que adianta ver luz onde só há sombras?

Sou um mosaico de gestos e sorrisos
cercado por pensamentos que gritam em silêncio.
A depressão é um sussurro constante,
um eco que se repete dentro de mim.

Não gosto da solidão, mas escolho tê-la,
não por desejo, mas por proteção.
Se me fecho nessa bolha imensa,
é para que ninguém sinta o peso que carrego,
para que ninguém se perca onde já estou perdido.

E talvez, aqui dentro, o tempo passe devagar,
ou talvez eu passe a vida inteira sem notar,
preso na transparência dessa redoma,
vendo o mundo, sem jamais tocá-lo.
Mistico Mar 4
Nos abismos da mente, onde não há início nem fim,
existe uma porta oculta, frágil e silenciosa.
Ela se abre nas decepções e se esconde nas alegrias,
e, em certos dias, nem sei se ainda está lá.

Qual é o verdadeiro fundo dos pensamentos?
Quão profundo se pode mergulhar
antes que a própria consciência se torne um labirinto?
Será que já cheguei ao limite do que posso suportar,
onde as palavras se chocam e as dores se escondem,
presas em gavetas que nunca quero abrir?

Talvez, nas sombras dos pensamentos,
repousem memórias que eu preferia esquecer,
ou um vazio sem nome,
um cemitério de sentimentos
que ainda ecoam dentro de mim.

Mas hoje, recuso-me a afundar nesses destroços,
prefiro escrever palavras bonitas,
pintar poesias que me representem
em vez de gritar dores que não desejo reviver.

Falar? Para quê?
Se minha voz já se perdeu no tempo.
Prefiro o silêncio da observação,
o encanto do que é admirável,
e o alívio de traduzir em versos
aquilo que nunca conseguiria dizer.
Mistico Mar 4
É válido dizer, sem medo ou receio,
que quem cresce ao seu lado, muitas vezes,
será o primeiro a lhe deixar para trás.
O poder sobe à cabeça como um veneno lento,
e, de repente, quem precisava de você
já não se lembra de gastar sequer dez segundos
onde antes passava horas.

No fim, a solidão se torna uma escolha imposta,
e recomeçar parece a única saída.
Mas sempre há alguém que chega
para fazer pior do que já fizeram,
e aquilo que custou tanto a esquecer
retorna com ainda mais força.

Assim é a vida: um ciclo de promessas vazias,
de emoções que se perdem nas mãos erradas,
de amizades que juram eternidade
mas se esvaem ao primeiro sinal de oportunidade.

E quando não restam mais opções,
quando todas as chances já foram desperdiçadas,
o que sobra além do cansaço?
Por que insistir em oferecer oportunidades
a quem vê apenas o que pode tomar?

A ironia amarga da vida é que
tiramos alguém do fundo do poço
e, no instante seguinte,
somos nós os afogados,
empurrados por quem ajudamos a salvar.

Se ao menos as pessoas viessem com um trailer de cinco minutos,
seria tão mais fácil evitar esse roteiro repetido...
Mas a vida não dá prévias,
apenas cenas cortadas de um filme
que sempre insiste em se repetir.
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