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Dayanne Mendes Sep 2018
Quando eu era pequena, eu via a morte, com uma capa preta e uma foice, e uma expressão melancólica no rosto, sombria por vezes, de quem já havia levado muitas vidas.
O peso, em suas vestes, das almas corrompidas, que não queriam partir, o sangue da sua foice, onde também haviam lágrimas de quem ficava.
Com o tempo, eu passei a ter medo dela.
A vi como má.
Injusta.
Insensível.
“Como pôde Dona Morte, levar aqueles que eu amava?” Eu perguntava.
Mas a morte é só uma passagem.
Eu demorei a entender.
A aceitar.
É como se a Dona Morte fosse uma guia turística, que vem nos buscar rumo às nossas férias eternas.
Ela vem, nos despimos de qualquer bagagem, a passagem, é a nossa vida. Esse é o preço.
E então embarcamos no trem.
Rumo ao desconhecido.
Mas ao eterno.
Yashiro 2d
Me falaram que eu era importante,
Que não queriam me ver distante (mentira, mentira, mentira).
Parem de dizer que não era verdade,
Vocês persistem em dizer com crueldade,
Porque insistem tanto em me atormentar?
E pra que o caos criar?!
(Diversão, diversão, diversão)

Sabe aquele caminho cheio de sorrisos?
Aquele com animais coloridos,
O mesmo que todos estão enxergando.
Eu não estou pirando.
Vocês poderiam parar de gritar?
Estou tentando fazer outras pessoas o caminho enxergar.

(Minta, minta, minta)
O que eu ando fazendo?
Apenas estou escrevendo,
É que chocolate me lembra palavras.
Mordo elas e elas são amargas.
As luzes estão piscando,
Meu corredor está fechando.
Estou me perdendo na confusão,
Minha mão não é minha mão.

Acordei de novo no caminho colorido,
Ele me parece tranquilo,
Agora tem um espelho e uma cachoeira,
Parece uma doideira,
Os dois estão quebrados,
Por algo foram afundados.
Vi uma noiva bonita,
Em seu rosto respingava tinta,
Ela disse que tinha caído,
De um penhasco, eu imagino,
Tive uma alucinação
E o medo me fez prender a respiração.

E quando eu acordei,
Nada novo eu encontrei,
Apenas meu caminho destruído,
E aquele chocolate, agora mordido,
Mas até que o amargor o agradou
E a voz por inteira se deliciou,
Enquanto no espelho e na cachoeira,
Eu cruzava a fronteira.
E com tinta me pintei
Pra disfarçar a loucura que para mim eu inventei.

— The End —