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Nua estava ela
deitada sobre a cama
Um anjo sem auréola
e meu coração em chamas

A olhar tamanha ternura
poderia dizer que era amor,
porém além da doçura
um silvo cruel, desolador

Invadindo-me o espírito
depravando meus pensamentos
morrem-se os lírios
nascem os tormentos

Muitos foram os dias
que amores ela jurou,
mas que anjo, maldosamente, diria
quimeras para quem lhe adorou?

Oh, Lilith, demônio cruel  
que dos homens a alma apodrece
limpaste da boca o fel?
que como eólia-lira me entorpece

Lilith, este nome ela não o tem
nem demônio nem anjo o é, apenas mero alguém
que soube através do silêncio calar meus instintos
e com seu corpo esbelto invadir meus recintos

Contudo, nenhuma ilusão é eterna
e a tal verdade proeminente, interna
morre, a cada dia, com seus movimentos
bem como meu amor morreu por dentro !
E por hoje dizer-te não é banal

Estive atento e discretamente olhei o teu doce olhar,
Passei noites ao luar, descrevendo as estrelas de bonitas,
Mas bonitas mesmo são tuas pétalas, flor de esplendor!
Tua sensibilidade e visão de mulher, a mim das nas vistas!

A certeza no destino, é como lotaria no caminho,
Onde te encontrei, no meio de tantas eu te vi sozinho!
Há muito tempo mesmo, que teimou em não passar,
Suspirei, me cansei, tirei todas, para agora te inflamar!

Sinto perto o carinho, da pessoa, minha amiga e mulher,
Te chamei e falei ao coração, para te agarrar e poder amar,
És tu hoje, em quem eu pego e petisco, com qualquer colher,
Porque muito ou pouco que nela couber, te saboreio ao petiscar!

És refeição completa para mim, como sangue vivo, ao coração,
Tuas doses tão prudentes de afecto, é outro nível neste patamar,
Orgulho de te cuidar, porque de mim, cuidas tu, como a terra do seu mar!

Se eu hoje respiro vida, ao querer cada hora do dia, desde o levantar,
Devo-te muito a ti e as palavras que escrevo não são hoje fantasias,
Porque cuidas de mim, como terra do seu vazo, da planta, de encantar,
Encanta meu sorriso, pelo teu cuidar, nas coisas que fazes e me dizias!

Não é falso nem é mentira, acredito na realidade que tu me trazes,
Não finjo, não mudo, não acredito que precises tu princesa, de mudar!
Olhei-te do chão, mirei-te, e tu com teu jeito doce, levantas-te meu olhar,
E eu confie-te nos braços tudo, na hora me deitar, pelo que tu me fazes!

A falta de carinho não a sinto hoje, porque a não tenho,
A ti te darei respeito, pela dama e senhora que te achei,
Encontro-te a ti a cada dia, no meu leito, e no meu cardanho!
Porque ele é gíria de tudo aquilo que tenho e em ti encontrei!

Autor: António Benigno
Código de autor: 2013.09.09.02.20
hi da s Jan 2018
penso sobre mim o tempo todo que acho que é doença esse fascínio. muito embora saiba que deveria me amar antes de todo mundo, devo admitir que passo horas contemplando minhas criações vestindo apenas um óculos transparente desprovida de roupa íntima. gosto de pensar que preencher todos os espaços vai me trazer paz e de alguma forma que não poderia explicar, a sensação que tanto procuro sentir mas nunca consegui alcançar. é como se eu fosse uma conta matemática que tive dificuldade de entender na quarta série [e ainda não entendo]: gostaria de saber como resolvê-la só não sei como. acho brega todos os meus sentimentos  íntimos que envolvem apenas o eu. mas ao mesmo tempo os aprecio, os amo, os idolatro, os venero! veja bem, escrevo todas essas palavras pra quem? pra mim mesma! pra alimentar a fome que tenho de mim, da minha própria vontade de possessão. é um absurdo pensar agora em deixar pra trás tudo isso e deletar as emoções e as vontades e o calor que minha pele sente pela minha pele. nunca duvidei do meu amor por mim mesma. esse que falei a pouco que é grande demais e não cabe aqui. preciso preencher tudo. esse quadrado branco todo sobre mim. sobre o quanto eu sou apaixonada por mim. quanto eu pagaria pela minha estátua? se um dia descobrir que existe uma outra eu: me apaixonaria por ela também? me questiono e procuro letras que juntam palavras simpáticas pra me fazer sentir melhor sobre isso, apesar de saber que independente do que mostre ou não, nada vai mudar.

um dia eu estava transando na frente do espelho
e só conseguia olhar pra mim.
transando comigo mesma, sentindo arrepios na pele completamente apaixonada pelo reflexo nu com os seios em movimento e a boca ofegante.
gozei porque era eu ali no espelho.
só li verdades
Fortes Jun 2018
tu me tem

teu corpo envolto no meu
transcendendo o que a gente entende por tempo e espaço
e logo eu to pirado
surtado
anestesiado
de ti

me pira a cabeça quando teus lábios me percorrem
e minha mente foge
de onde quer que eu esteja
por ti

o sol refletindo diretamente nos nossos corpos pretos
suados
é energia, meu nego
assim como a lua nos banha no final de qualquer tarde
sem segredo

a sintonia que nos envolve escapa de qualquer significado que já foi atrelado a essa palavra
e eu te digo
não existe explicação pro que eu tenho contigo

e vice-versa

o que a gente tem não envolve pressa
eu já falei
tempo e espaço não nos cabem mais

que mordomia de rei!

acordar do teu lado e sentir o fervor dos teus sentidos encostados em tudo que eu chamo de corpo

quente
eu vejo tuas chamas
e logo sinto quando tu me chama
pro abraço
ou pro amasso

tudo queima, de qualquer forma
é indiferente
a intensidade no ato define tudo que a gente sente

e eu não nego
só me entrego
me encaixo nas tuas mãos
e ali me aqueço

nego, ah, meu nego
esse sorriso bobo que tu vê não consegue
mais se manter em segredo

porque tu me tem
e sem qualquer bloqueio
ou explicação
eu arrisco dizer que te tenho também

dead0phelia Aug 2023
eu entro em luto muito antes das coisas morrerem
mas confesso que queria um pouco preparar um chá de alfazema pra te cobrir no banho
queria também poder te narrar todas as histórias que nunca antes a humanidade conheceu
te ver descrevendo sua cidade me deu vontade de pegar 57 horas de ônibus semi leito
o teu cheiro marejou meus olhos e eu fiquei sem entender a nomenclatura das coisas que eu já tinha catalogado há tempos na minha cabeça
tampouco sabia de onde vinham as águas
acho que de uma sensação familiar
que eu jamais ousaria dar nome
o que sei é que sempre detestei falar no telefone e agora minha orelha reclama de quentura
hoje andei pela casa e notei que falei sozinha em voz alta como se você ainda estivesse aqui estirada no colchão
"vixe que louca"
depois passei recolhendo seus rastros e quase que não boto a máquina pra bater
e você me pergunta porque coleciono coisas que não poderei levar no meu caixão e eu não sei a resposta mas meu corpo sabe bem
que tudo é impermanente
mas as coisas de tocar ficam morando no nosso tato por algum tempo
e quando a sensação acaba é só pegar de novo
coisa de taurino, sabe
e agora carrego esse livro que tu me deu como quem carrega um patuá

(eu subiria mais três ladeiras com asma pra esticar o tempo)

— The End —