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Samir Koosah Aug 2018
A noite chega, soturna, calada. Os remédios parecem não fazer efeito. Sozinho novamente com meus pensamentos, embalado pelo som do ventilador e das batidas do meu coração.
Nao sei porque ele insiste em bater, parece um esforço inútil.
As horas passam lentamente, como nos movimentos de uma duna. A areia do tempo descendo vagarosamente pela ampulheta. Se ao menos pudesse ver. Me sinto cego, queria eu estar cego?
Minha decepção só não é maior que a decepção que causei.
Não há lugar aqui senão neste papel para a dor, uma fraqueza que todos tentam esconder - por questão de sobrevivência provavelmente. Os amigos poucos que me restam seguem suas vidas enquanto tento ser feliz, ao menos por eles.
Saudade aqui toma outras formas, como uma tortura ao melhor estilo Stanley
Kubrick em “Laranja Mecânica”, em que as imagens passam repetidamente por minha cabeça sem que eu possa fazer absolutamente nada.
Família, amigos, amores, à distância de uma chamada, uma chamada. Para quem ligar, como?
O cárcere em sua pior faceta, o isolamento social. Conto nos dedos de uma mão as pessoas com quem consigo manter uma conversa. Mesmo assim nao consigo conversar, a cabeça e o coracao nao estao aqui, eles fugiram, estão lá fora, espero que a minha espera.
Outro cigarro, mais um café. Quantos mais, quantas mais palavras? A caneta e o papel são meus melhores amigos, às vezes até me entendem. Monólogos em horas, diálogos em outras.
Me pergunto qual seria o limite entre a sanidade e a demência aqui. Se é que existe um, estou eu ficando são ou louco?
Nao era quando cheguei, provavelmente foi o que me trouxe aqui, agora só me resta um caminho a seguir e tenho que achá-lo sozinho.
Não tenho arrependimentos, aqui não há lugar para eles, há agora um só caminho a seguir, em frente! Adiante!
sunflower Feb 2017
"eu te dizia que a vida é bruta, você me falava que ainda não

eu nunca acreditei que houvesse algo a mais depois que as coisas acabam

uma blusa esquecida no natal passado, uma palavra presa na fechadura da porta que bateu, um outro palpitar do coração ou alma além da que nos foi decretada aqui

e, então, você morreu

durante uma semana, eu fingi que você tinha finalmente viajado pro seu lugar favorito e que ele tinha te dado razão em ser um lugar favorito pra demorar tanto assim

durante um mês, eu desisti de esperar
paciência não era meu melhor dom
embora te esperar fosse um talento
você, de novo, não chegou

durante um semestre, eu chorei sem interrupções
embora ninguém soubesse ou visse algo
por dentro, muralhas da China caíam e oceanos atlânticos deslizavam entre órgãos e lembranças

quando eu esqueci o som da sua voz e o tom do seu olho, você morreu outra vez e, dessa, eu pude sentir o peso da mão do mundo descendo sob mim

outro ciclo se foi e a nossa conexão terminou

eu te quis no meu quarto reclamando meu atraso pro almoço; eu te quis na plateia da apresentação da minha monografia, a única na história da faculdade como centro de pesquisa a comunidade lgbt; eu te quis no meu exame de direção; eu te quis quando eu saí de casa; eu te quis atendendo o telefone enquanto eu contava que consegui um emprego novo; eu te quis e esse era o único tempo verbal em que era permitido te conjugar

durante um ano, que durou até hoje, eu soletrei saudade
já não tenho como chamar seu nome

eu toco o interfone, não há você do outro lado
me tateio, falta a sua pele bem perto

no fundo, eu acho que o universo deveria estar triste porque não posso te amar mais

eu estou."

#textoscrueisdemais
hi da s Oct 2017
perceba que além do cinza tem também o azul do mar.
as flores que às vezes brotam por entre os dedos e suas pétalas que voam lindas na poesia do vento.
cheiro de vela apagada e cigarro ainda quente no cinzeiro.
tu não tá sozinha. ali na esquerda tem uma cadeira. senta e toma um gole de chá.
descendo quente pelo estômago, se sente o líquido rígido que se transforma em pequenas cigarras fazendo cócegas só pra te agradar.
o mundo de repente pareceu um tanto menos complicado.
tudo que se precisa é ter paciência.
não manda calar a boca.
beija teus inimigos e requebra numa dança gostosa com aqueles que mais se ama.
escrever uma frase bonita tem vezes que parece fácil demais. até demais.
lembrar que tudo tem um fim pode esperar.
hoje decididamente, é um bom dia pra rir do próprio reflexo e apalpar os seios sem medo da sensação.
ando me sentindo bem
Como você me perturba?
Ontem eu tive um tratamento no palheiro às 11h, coluna, em uma pressa que deixei o apartamento virou 2 vezes a chave, puxou para baixo as escadas para o elevador, chamado lift, mas depois lembrou-se de que eu não trouxe uma célula, ele era importante, ela virou-se cima, para baixo as escadas, pegou a chave e foi para colocá-la na fechadura, quando ele não vai, tentar outra vez, não terceira, lâmpadas não claras não trabalham, alguma melancolia, agachou-se para ver que algo não é movido, eu olho para a chave que não fez quebrada, enrole-me suar, eu não posso acreditar que eu estou começando a ressentir-lo, mas estou atrasada para o tratamento, levantando-se desce as escadas, chamando o elevador, e montar a pensar para baixo, eu vou precisar de um serralheiro, não posso empurrar seu pai cadeia, eu sei para um Vracar verdadeira chave, pode ser entendido e valente, mas o sábado é quando você sabe que você não pode encontrá-lo, eu venho para a estação, ir para o carro, andar a curto, felizmente existem sinais que me levam a onde estou indo, uazim em edifício, o médico me recebe, colocando pressão sobre o ponto doloroso, me torcendo, você pode ter que voltar para pedir a um vizinho que você tem uma lanterna para tentar novamente, me transferido para eletricidade, laser e qual terceira sempre esqueço, deitado de lado, é bom gel frio, reclamar o que me aconteceu, me consolou, talvez seja tudo bem, ainda vou estar de volta para olhar de novo, eu vou ao troll, esperando o verde, acalme-se, ele estará ok, eu atravessar a rua, Proradice, eu venho para o prédio, entrar no elevador, apertando o botão para o quarto andar, e depois eu recebo um erro em etapas, começando a Eu ri, eu acho que se eu fosse um vídeo de vizinhos, subir as escadas sem nenhum problema de entrar no apartamento, eu continuar a rir, eu não posso acreditar que eu fiz, eles me disseram no apartamento abaixo não vive ninguém, felizmente, tomando móvel, tranca a porta, descendo as escadas, descer o elevador, dirigindo o troll, elabora kokija para honrar um pouco de açúcar, que alívio, estou saindo com meu almoço, eu penso em você, e achei que eu e minha confusão, eu não me importo chamada de reação, eu percebo que isso tem alguma coisa dentro, atire em mim, e quando b eu acredito que essa reunião é novamente possível, a lógica é imposta, se é um começo, este é o fim, ou o fim dos quais, e para escapar de permanecer em silêncio, que amanhã se encontrar com nenhum reconhecimento do problema permanecerá em nós.

mh, Maio de 2017

— The End —