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Victor Marques Apr 2010
Olhar a  água do ribeiro,
Encostado ao sobreiro.
Paisagens feitas de qualquer jeito,
Douro e Tua sem leito.


Muros com primor e mestria,
Encantos teus que nos vicia,
Olivais que lindos sois assim,
Quimera do meu jardim.


Papoilas avermelhadas,
cepas mal tratadas.
Figueiras com figos,
Douro e amigos.



Não existe outro amor,
Douro te adorna com labor,
Os cavalos e rebanhos,
Rabelos dos teus enganos.


Victor Marques
Victor Marques Feb 2014
Espero a madrugada

A noite escura estava cansada,
De esperar pela madrugada.
O galo ansioso por todos despertar,
Eu abandono-me a este fenómeno peculiar.

No ermo onde existe um Senhor da Boa morte,
Noite escura em Castanheiro do Norte.
Os cedros parecem ter luz,
Eu perdido no silêncio que seduz.

A noite aqui é simples, singular,
A madrugada de encantar.
Candeias de outrora, cavalos e suas ferraduras,
Madrugada de anseios e aventuras.

O vento sopra solitário e as mimosas são fustigadas,
As madrugadas que tantas vezes foram madrugadas.
E eu aqui sozinho espreito com curiosidade,
Uma madrugada sem tempo nem idade.

Victor Marques
madrugada, noite, espera
Victor Marques Jun 2010
Sentimentos que se cruzam ao acaso,
Carinho sonolento do fado,
Pastagens com verde intransigente,
Pastagens do amor verdejante.



Emboscadas de devotos amores,
Amor de eternos pensadores,
Remoinhos de rios tricolores,
Rounxinois cantadores.


Olhares sentidos, maltratados,
Colher frutas amadurecidas,
Colher flores floridas,
Amor dos meus pecados.


Noites sem dormir ou ter sono,
Amor ao luar ao abandono,
Cavalos brancos com passo certo,
Amor nu num ceu aberto.

Vic Ale
- From Me...
Victor Marques Oct 2013
As aldeias

Outrora as plantas eram verdes e singulares,
Aldeias dispersas expostas ao luar,
Pelourinhos estranhamente nus,
Candeias e pouca luz.

Cavalos, burros com albardas e ferraduras,
Charruas, enxadas e portas sem fechaduras.
Cabras, ovelhas, cães e as alcateias,
Galinhas e galos  passeiam nas aldeias.

Tantas Igrejas do tempo do Marques de Pombal,
Se expõem e embelezam Portugal.
As fontes são antigas com água para beber,
Ribeiro que corre por correr…

O xisto e o granito ficam imortalizados,
Exaltam o trabalho de nossos antepassados.
Aldeias lindas que enchem livros nunca lidos,
Aldeias dos amores e dos amigos…

Victor
aldeias, portugal, granito, xisto
Victor Marques Oct 2013
A minha aldeia

Na minha aldeia as casas foram erguidas com amor,
O pedreiro foi rei sim senhor.
Os rebanhos deixaram de passar.
Na minha aldeia os cavalos deixaram de pastar,
O lobo de uivar,
O galo de cantar…

Na minha aldeia os meninos deixaram de nascer,
Escolas abandonadas sem livros para ler.
Os grilos com herbicidas para beber,
Os ratos sem queijo para comer.

Na minha aldeia onde o Senhor da Boa Morte,
Evoca Deus em Castanheiro do Norte.
Na minha aldeia onde o horizonte se enaltece,
Amanhecer do lindo dia que aparece….

Victor Marques
aldeia, desertificação
Rui Serra Nov 2014
deuses brincam
envoltos em linho branco

o carrocel gira vertiginosamente
no eterno mundo humano

e gira
até ao zero
ao infinito

o omnipresente observa

então os deuses,
na sua sabedoria intemporal
limitam-nos
nas nossas acções . palavras . pensamentos . emoções

e continuam a brincar
rindo desesperadamente
montando os seus cavalos de madeira rachada e entorpecida
Othon 5d
Deuses riem em linho envoltos,
Brincam nos céus, com gestos soltos.
O carrossel gira sem razão,
No eterno mundo da criação.

Gira e gira, vai ao zero,
Ao infinito, cego e sincero.
E lá do alto, o que reluz
É o olhar mudo de uma cruz.

O omnipresente tudo vê,
Mas cala o caos de cada fé.
Então os deuses, na ilusão
De sua eterna compreensão,

Nos limitam, sem pudor,
Em cada gesto, em cada dor.
Pensar, sentir, falar, agir —
Tudo é norma a se cumprir.

E seguem rindo, feito crianças,
Brincando além das esperanças.
Montam cavalos gastos, cansados,
De madeira e sonhos rachados.

— The End —