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Igor Vitorino Jan 2015
Cadê o meu pedaço de bolo?
Não me faça de tolo
Meu coração queima como fogo
Eu não desistirei sem diálogo
Não me vire às costas e nem rosto
Eu sei que fui puro desgosto
Que fui canalha, safado e traste
Que transformei sua vida num desgaste
Não mereço nenhuma consideração
Nem um pouco de sua admiração
Sei que a minha presença nesta festa
Não vai conseguir nenhuma fresta
Nesse coração que tanto machuquei
Eu que por muito tempo lágrimas chorei
Arrependido por tê-la  abandonado
Dai esse pedaço de bolo
Que para mim será apenas um consolo
De tê-la imensamente magoado
Será o pagamento de um amor não devotado
Meu grande pedido de perdão
Meu ingresso para a solidão!
Solidão
Morrigans May 5
A solidão. É palpável, é notória – e é viciante.
Ela te mata, te acalma.
Em alguns dias, te traz paz e aconchego;  em outros te sufoca e  lentamente te fere.
Ela é silenciosa, chega de surpresa, sem convite ou hora marcada.
Um pequeno lembrete de que não és especial, porém és suficiente para si. Em noites de domingo, quando chega sem aviso, te mostra que em alguns momentos ela é necessária não pela dor mas pelo entendimento. Entendimento de quem és, do que precisas, do que gosta, de que és uma companhia boa. Quando se faz presente, num primeiro instante, te deixa atordoado e magoado e então o entendimento de que podes ser feliz dentro dela te faz ficar viciado.
Só  ela e tu.
A solidão vira liberdade, o silêncio que antes gritava agora é apenas um momento de calma e reflexão.
Magoado, desconfiado, ainda esperançoso,
Será este o gênio por detrás da loucura?
Um detective de meia tigela
Na cidade negra e molhada,
Encostado à parede,
Observando.
Lá vai o suspeito,
Para o qual sou pago.

Sigo, de lado,
O casaco amarrado.
O vento esconde o progresso.
Os passos, esses abafados.
Mãos nos bolsos, cuidado.
Sinto o frio da arma
Na palma suada.

Um instante muda tudo;
Há que estar alerta.
A confiança, essa,
Não pode ficar aberta,
Apesar da música duma janela
Convidar a uma pausa;
A breve oferta,
Publicidade e enganosa.
Dispenso, à cautela.

Viro a esquina e ei-la,
Apontada a mim;
A distração auto-imposta
Com banda sonora antiquada,
Agora levando ao fim
Da minha vida doada.
Olho no cano
E a luz aparece;
Não vi Deus do outro lado
Apenas outro pobre coitado.
2020, Inconsequências: Poemas & Fotografias

— The End —