sono se impõe, mais vigoroso que a ânsia de escrever,
Fecho os olhos e, sem esforço, as palavras emergem,
Tão naturais quanto a vontade que delas se desprende,
Até que, inesperado, o sono se anuncia.
Anjos admiráveis adornam o etéreo sonhar,
Mas eis que o desejo de um devaneio sublime
Dissolve-se na neblina do nada,
E o sonho se faz ausência.
Por que então dormir, se não é o sonho que nos move?
Não repousamos pelo anseio de visões encantadas,
Mas pela exigência do corpo,
Que anseia pelo renascer dos sentidos,
Para que, ao despertar, sejamos inteiros.
E quando, por fim, o sono nos envolve,
Toda inquietação silencia,
As palavras se desfazem em murmúrios vãos,
E o tempo nos conduz, inevitável, à aurora.