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VS Nov 2014
Com esforço, entoa seu grunhir
A orquisa que um dia bela
Agora, recorda o imundo tapir

Seu tom jamais muda
Pois incapaz, surda, não se escuta
Nem som, nem sentidos

Então, ela entoa o grunhir
E caga à revelia
Fende a ******

Macula, em pânico, seus lençóis
Seus ares

E os dos outros.
casas geminadas
Sob o manto ruído de um Deus ausente
Lateja a angústia, febril e fria
Vértice roto de um tempo doente
Onde o pranto apodrece em agonia.

O pulso clama, veias em flor,
Rios carmim a tingir o abismo
Cada corte um verso, cada dor
Uma elegia ao próprio exorcismo

O silêncio sangra, grita, ecoa
Voz de um mundo que nunca existiu
E a carne, espectro que a morte entoa
É ruína viva de um céu senil

A lâmina é dócil, quase divina
Traça epitáfios na pele em brasa
E o sangue, relíquia de dor vespertina
Brota insepulto, sem cruz, sem casa

Mas há um horror pior que o fim
Seguir exangue, inerte, inerme
Ser o cadáver dentro de mim
E nunca, jamais, estar realmente em morte.

— The End —