No gineceu ******* da ânsia,
Sondo o céu no vazio do nada.
Vejo a vida — sua arrogância —
Seduzindo a morte alada.
Na noite escura da alma, eu bato
As portas de mil apriorismos,
Que fluem em mim — caos exato —
Como ecos de antigos abismos.
Encéfalo aceso! — dualidade:
Treva e luz em feitiços dispersos.
A vida, com sua ingratidão e vaidade,
Me reduz aos pensamentos mais perversos.
Quero correr, ir para o inferno,
Parir um deus do meu espelho.
Açoitar o meu diabo eterno
E perdoá-lo no mesmo joelho.
Eternas ruínas do pensamento
Ecoam entre cruz e alvorada.
Sou fuga, início e esquecimento,
Sou a última e a primeira jornada.
Morrer na cruz da realidade,
Beber a tristeza que não se destrói —
Sentir cravada, na eternidade,
A saudade... de algo que nunca foi.