Sou uma criança apaixonada!...
E tu bem sabes que sou uma criança apaixonada!...
Mas isolo-me, confortavelmente, na esfera do casulo.
Pronta a renascer,
Mas ainda enganada…
Sinto um amor!...
Que de tanto ser infantil,
Chega a ser puro!
(E talvez o deixemos assim, meu amor.)
Talvez nos encontremos apenas no ar.
Como dois passarinhos feridos,
Ainda ingenuamente atrapalhados,
Pelas asas que os guiam.
Apenas cruzando estas simples energias,
Em cada nuvem batente daquele tal céu ardente.
E onde nelas escalarei…
Até ao cimo do teu próprio inferno.
Onde nele, ainda te manténs refém.
Amarte-ei pela literatura,
Como tu tão bem me sabes amar…
(E quanto do nosso amor,
Será também feito poesia?)
Sou uma criança apaixonada!...
E tu bem sabes que sou uma criança apaixonada!...
E agora, pronta a renascer,
Bato, suavemente, as minhas asas…
Sinto um vento!...
Alegremente, espreito fora do casulo!...
E a brisa que corre e me leva,
Carrega em cada batida,
Só para mim,
A sustentável leveza do amor.
(E talvez o deixemos assim, meu amor.)
Talvez nos encontremos apenas no fogo.
Como duas belas fénixes,
Usando as suas próprias cinzas,
Para pintar a mais bela das telas.
Apenas cruzando os nossos caminhos,
Em cada folha queimada que paira
Sobre os nossos tristes olhares.
E onde nelas escalarei…
Até ao cimo do nosso paraíso distante,
Onde nele ainda me mantenho refém.
Amarte-ei pelo silêncio,
Como tu tão bem me sabes amar…
(E quanto do nosso amor,
Será também feito poesia?)
Sou uma criança apaixonada!...
E tu bem sabes que sou uma criança apaixonada!...
E aquelas frágeis asas que me bateram,
Criaram em mim uma bela metamorfose.
Onde na beleza do simples ser,
Encontramo-nos e fomos voando.
(E quanto do nosso amor,
Será também feito poesia?)
(Cada bater de asas da borboleta o dirá…)