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Juliet R May 2014
como num sobressalto,
com os pés bem assentes no asfalto,
lembro-me do teu cheiro,
no meio deste nevoeiro
sinto-me dentro do alheio,
dentro do teu devaneio
murmúrio o que cá está solto,
tudo muito envolto
sem capacidade de entendimento, c
om a vista embrulhada no cinzento
partilho dores,
partilho ardores,
partilho amores
surpreendo-te unicamente
e não ficas indiferente
e assim mostra num som,
num único tom
de como intenso é amar,
de como difícil é apaixonar
não por uma pessoa nova,
sem precisar de alguma prova
mas sim por a especial
e, aquela que de nada tem igual,
traços únicos
e puros como o som de acústico
olho-te nos olhos brilhantes e amo-te sem variantes
Sobre o abismo de minha desgraça voarei
Ser livre para odiar tudo me fez rei
Eu sou o bacanal eterno do infinito
Onde meu diabo rima salmos com meu mudo grito

Os miolos fervem na minha crença
Mas do inferno ao céu eu sou descrença
Alheio à verdade de toda a humanidade
Resvalando aos trancos o coração da minha imortalidade!

Eu dançarei como um demônio risonho
Na ideia inefável de meu sonho
Nebuloso, dissoluto e absoluto, entre o óbolo e a nobreza
Saltitando por entre os píncaros de minha avareza!

Epífase de todo meu destino
Absorve minha alma torta
No íntimo da minha egrégia exorta
A exegese infindável do meu atino!
Ó, quimera da vida, ninguém te ensina a viver
E ninguém te ensina a morrer
Meu coração é um quasar
De eternas ruínas desfalecendo...

Cada vez mais descendo, descendo
Ao exilado inferno de me amar
Eu sou o vinho no meu pesadelo
Afogando-me ébrio em meu ideal de belo

Ainda eu vago com a minha cruz
Procurando no idílio a ilusão da luz
Negado por toda eternidade
Não tenho mais coração para a verdade

Meu ser é um ocaso imaculado
Ou um casulo pútrido e esfarrapado?
Que importa, agora eu corro dentro de mim
Estou julgado como um soneto sem fim

Na sinagoga de Satanás, como uma crença desdita por Deus
Livre sou, e além, e digo adeus
Alheio a tudo e ao próprio infinito, eis meu ser
Este supremo, supremo alvorecer!

— The End —