E eu, amante da utopia, irrealista mórbida.
E eu, que observo com a intensidade do respirar.
Com olhos que veem tanto como aquilo que sentem.
Como é que, eu, não vi?
Todos os detalhes não são além de pistas.
Pequenas migalhas que o destino nos deixa,
Como constelações desordenadas no céu.
E eu, amante da fantasia, sonhadora de impossibilidades.
E eu, que sinto no patamar da loucura,
Com extremos que gritam mais alto do que as vozes no meu ouvido.
Como é que, eu, não vi?
E se a doença está no sentir intenso,
Então sou demente.
E eu, mente alucinada, mas consciente,
Drogada pelas sensações constantes.
E eu, construída por tudo o que me rodeia,
Eu que transpiro insanidade lúcida e,
Eu que absorvo cada átomo do pensamento.
Como é que, eu, não vi?
Agora vejo…
Na própria doença está sempre também a cura.