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Lugar cativo
Onde me deito cativante
E abro a gargante e choro.
Nao darei mais o Tempo
Nem reconciliarei menos o perdao.
Somos os dias contados pelos dedos
E quanto menos tenho menos quero ter.
Frio com febre estou
Doente dos ossos, raspando-os
Ate ao po se extinguirem
e absorvo-os pela narina mais próxima
Directo ao cérebro que me permiti vender
Indirecto ao coração que morto 'e aos poucos.
Faca de dois gumes afiada na pedra
E enrolada no peito cada dia mais,
Milimetro a Milimetro
Para que a dor seja minuciosamente
Mental.
Fatal.
E da paisagem verdejante
Onde passeio as pernas pesadas
Do chumbo das balas perdidas,
Com que te matei,
Absorvo o bicho por entre o jardim
E a natureza para mim nao 'e mais
Que o conteúdo do bolo que cozinhei
Para esquecê-lo.
Cativo ligar
Que permaneço cativa
Húmido que me constipa os dentes
Como a agua gelada com que tomo banho
E nem assim acordo.
Não sei se esta Dor caberá
nas milhares de palavras que defecarei
Ate este dia tardar
E a minha vida por fim, acabar.
Não 'e de minha dor que escrevo,
'e a tua que me percorre este sangue anémico.
Consideras-te feliz que nem um porco
Que na lama chafurda a couraça.
E eu com esta dor de costas do peso
De trazer o Mundo nos bolsos
E por cada morte que deus padece
Um sopro no coração me oferece.
Dor, dor, dor, dor, dor, dor
Qual Jesus Cristo, o redentor.
Dayanne Mendes Oct 2017
O ar,
Anda pesado.
É o fogo?
Não!

Meus passos não são leves,
E não é meu sapato.
Não é meu andado...
Não é  o caminho!

Não!

Eu ando,
E ando,
E rodo,
E me pego de volta ao mesmo ponto.

Eu respiro fundo,
Mas não absorvo o ar.
Eu nunca imaginei,
Que ia doer respirar.

E o que não doi, nesses últimos dias?
O que não se transformou em agonia?
O que se manteve afinal?

São perguntas vagas,
Pra uma vida vaga.
Só me resta respirar...
Mariana Seabra Mar 2022
E eu, amante da utopia, irrealista mórbida.

E eu, que observo com a intensidade do respirar.

Com olhos que veem tanto como aquilo que sentem.



Como é que, eu, não vi?



Todos os detalhes não são além de pistas.  

Pequenas migalhas que o destino nos deixa,

Como constelações desordenadas no céu.



E eu, amante da fantasia, sonhadora de impossibilidades.

E eu, que sinto no patamar da loucura,

Com extremos que gritam mais alto do que as vozes no meu ouvido.



Como é que, eu, não vi?



E se a doença está no sentir intenso,  

Então sou demente.



E eu, mente alucinada, mas consciente,

Drogada pelas sensações constantes.

E eu, construída por tudo o que me rodeia,

Eu que transpiro insanidade lúcida e,

Eu que absorvo cada átomo do pensamento.



Como é que, eu, não vi?



Agora vejo…

Na própria doença está sempre também a cura.

— The End —