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548 · Mar 2014
nostalgia do sequeso
Rui Serra Mar 2014
Cai-me o silêncio na
mente, uma
mescla de nostalgia e solidão
invade-me a alma, vozes silenciosas
em vão suplicam o perdão. Corpos acorrentados
à r e a l i d a d e , olhos molhados de lágrimas
perdidas, tormento e ódio, amor, perdão.
Na vigília da noite uma luz ténue surge
lá no fundo, gestos provocantes pairam na silhueta
do mundo, ventos tempestuosos derrotam
quimeras distantes, hoje pintadas de c i n z e n t o .
Sociedade imunda, profanada por cultos ignorantes
que hoje se abrigam sob um manto de fantasias
enubladas. Águas mansas de um lago, onde cisnes se
banham, águas de lágrimas vertidas
pelos tempos. Ouço tua voz na brisa
dos pinhais, onde minha alma vagueia... porquê?
546 · Jul 2014
100 palavras
Rui Serra Jul 2014
Jorge abriu a porta do alfarrabista e um cheiro húmido invadiu-lhe a mente.
- Boa tarde. Bradou uma voz rouca do seu interior.
- Boa tarde.
- Então o que o traz aqui?
- Procuro um conto.
- Sim, mas de que tipo?
- O que procuro deve ter cem palavras.
- Que especificidade.
- Pois sim, tem alguma coisa?
- Huummm, deixe ver.
- Agradeço que veja se não tem por ai algum guardado.
O livreiro abriu a gaveta e retirou do seu interior o palavómetro. E após algumas medidas, eis que surge um conto, assim como este, com cem palavras, nem uma a mais, nem uma a menos.
545 · Jul 2014
tu
Rui Serra Jul 2014
tu
Estou na margem... Para lá do abismo.
Longe de mim ficaram os momentos que vivi à beira-mar. Mais longe, como uma visão, o teu rosto vindo do céu, esses lábios que não são do ser que nunca fostes e que eu beijei ao esquecer-me de beijar. Tua mão desdobra meus dedos, dobrados pelo tempo. Se o que sou não sinto, o que sinto e sou não importa.
544 · Apr 2014
um olhar no passado
Rui Serra Apr 2014
Tanto já esqueci
e tanto há a esquecer.
Dá-me o teu amor
amor por mim
ainda a descobrir.
Deambulamos pela
tarde sombria.
Lembro-me das estradas
Verão, a teu lado,
foi verdadeiramente
de loucos, sim loucos.
Um hotel velho e barato
incandescência ao olhar.
Bem vindos á noite
em que a papoila
domina o mundo.
Este é o meu poema,
para ti
tu sabes
tu sabes mais
do que aquilo que denuncias.
Sabes se existimos?
Nós os gerados p’lo prazer
numa noite de luxúria.
Será que a liberdade existe?
Sou uma colagem, na revista da vida.
Vou sair talvez daqui p’ra fora
sigo, ao lado da estrada, procuro-te,
conseguimos milagres, quando estamos juntos.
543 · Jan 2014
Rui Serra Jan 2014
Só, navego num oceano vazio. Com ela, mergulho no meu mais íntimo e sigo em frente. Descubro o meu eu, e recordo dias passados, onde a alegria brotava em mim, como a seiva brota do pinheiro.
Numa noite de trovoada em que tinha por companheiro o vento, perdi-me. Se me voltar a encontrar serei de novo feliz.
542 · Aug 2015
Não me apetece, hoje não
Rui Serra Aug 2015
hoje... não me apetece mandar-te mensagens.
hoje... não me apetece ligar-te.

hoje... quero estar nos teus braços.

quero segurar a tua mão.
quero sentir o teu respirar.
quero escutar o teu coração.

hoje... quero estar contigo.
541 · Jul 2014
pai
Rui Serra Jul 2014
pai
Escuta meu pai este segredo,
que hoje eu te vou contar,
quando vou p'rá cama à noite
e em ti me ponho a pensar.

Passaram anos desde o dia,
que me viste pela primeira vez,
desde então tens-me ensinado,
a ser aquilo que tu és.

Tenho aprendido o que posso,
nem tudo aprendi, paciência,
mas espero em mim ter retido,
o que me ensinas-te com veemência.

Tenho hoje uma linda filha,
a quem espero poder dar,
tudo aquilo que tu me deste,
só assim te posso pagar.

Não à palavras que descrevam,
o que este teu filho gosta de ti.
Se ao leres isto te emocionares,
não chores, mas sim, meu pai RI.
540 · May 2014
alucinação
Rui Serra May 2014
Passa-se num quarto
luz ténue
velhos livros empoeirados
o cigarro queima-me a ponta dos dedos
nos meus ouvidos, um leve melodia
um telefone toca
saio
andei por aí
a prostituta olhou-me
tremo de frio
uma cabana
recordo o passado, ainda presente
passei por tua casa para te ver
tinhas saído
ocultas-te dos convidados
mas eu sou teu amigo
os meus olhos
perturbam-te
infinitamente!
as melhores ideias vêm-me quando...
enfim
vou partir
pousei o livro
estou vivo
procuro a paz
esse momento de liberdade
está a ficar tarde
a noite começa
lentamente e cheia de sossego.
539 · Jan 2015
Reflexos
Rui Serra Jan 2015
sou um espelho antigo

frio . vazio . sombrio

como um túmulo

sobre a lareira
domino o quarto

vejo lá fora
as flores e árvores
do teu jardim

há dias em que sinto o vento

vejo-te à noite a pentear
os teus sedosos cabelos

vejo-te à noite a acariciar
os teus voluptuosos seios

fazes amor no reflexo da minha existência

eu sou imortal
nunca minto

eu serei o único
que lá vai estar, no teu quarto
até que definhes

e aí
dar-te-ei as minhas memórias

será muito, muito difícil para mim,
quando já não houver nada para refletir
537 · Jan 2014
Lágrimas
Rui Serra Jan 2014
Nos meus lábios tocam lágrimas. Lágrimas que
meus olhos vertem sobre v e r d a d e s c r u a s e
insuportáveis. Passo os dias a recordar-te e aos
momentos que passámos “ juntos “. Momentos
tão especiais em que eu era capaz de jurar que
me amavas. Eram os teus olhos sem fim que o diziam...
era tanta a mentira nas tuas palavras
e nos teus carinhos... era, e é tanto o amor em mim.
Mais uma quimera.
Mas tu partiste... partiste dizendo que não me amavas.
Que julgavas tê-lo sentido, mas não. E agora cabisbaixo
e triste divagarei constantemente com meus olhos,
como duas nuvens nostálgicas.
536 · Jan 2014
eu conto-vos
Rui Serra Jan 2014
Era noite,
ela vestia de seda.
Fotografia de uma deusa de jasmim.
Chovia
no poço do meu quintal.
Víamos a chuva;
terceiro andar do paraíso.
Outono sem quimeras.
Eu, praguejava com a caneta,
ela, vendia sonhos na garagem.
Ordem desconcertante,
leis sem sentido,
livres.
Partilhamos agora da mesma cama,
sim… mas…
como irmãos, vocês sabem.
Falamos de tudo um pouco.
No Verão,
acampamento sem vida,
vida sem sentido.
Fui obrigado a fugir.
534 · May 2014
agora
Rui Serra May 2014
AGORA
no meu refúgio tranquilo
sou um homem solitário
AGORA
o meu sonho desapareceu
mas, permaneço iludido
AGORA
nesta velha cabana
alimento a ideia de...
AGORA
permaneço aqui
tão só quanto a lua
AGORA
sob a areia da triste praia
olho o mar
AGORA
já sem esperança
só me resta morrer
AGORA
meu amigo
é O FIM.
533 · Sep 2015
Mata-te, com o que amas
Rui Serra Sep 2015
chiadeira

pop

o copo esvazia-se
l   e   n   t   a   m   e   n   t   e

a língua entorpece

as lágrimas suicidam-se
na biqueira da bota

vómito

bebe mais um copo
e continua a beber
e continua a beber
e continua a beber

porque é bom!
porque gostas!

é bom sentir o cheiro
da erva húmida pela manhã

contemplo um inferno pessoal
530 · Jul 2014
há dias assim
Rui Serra Jul 2014
. . . e o de hoje foi um deles.
Não sei como me sinto, nem o que sinto.
Talvez um vazio frio.
Olho a rua lá fora, fria, vazia, desprovida de sentido . . . e olho o nada.
Por vezes gostava de voltar atrás, bem atrás, muito atrás, ao início.
Hoje somente sei que sinto, mas não o sei definir, só o sei sentir.
E quero permanecer aqui, assim, só.
530 · Jun 2015
Viagem ao meu interior
Rui Serra Jun 2015
fecho os olhos ao mundo

concentração

no descompasso das batidas do meu coração

batidas
inquietas
saltitantes

percepções
sensações

asc­endo a uma outra dimensão

onde não existe

tempo
espaço

sigo o compasso
da minha alma

que no seu voo livre silencia
essa entrega sem limites

sustenho a respiração
coloco a vida em manutenção

nessa viagem tão sentida
nessa viagem que é a vida
528 · May 2014
a passagem
Rui Serra May 2014
Abri agora a porta
Realidade
passei para o outro lado
tento...
tento desesperadamente,
em frente
uma selva
viagens
passado inexistente
renasci agora das cinzas.
Envolto na armadura
debato-me contra o
mistério
dos poderes ocultos.
Tudo isto não tem nexo
desde o princípio
onde juntos cavalgámos
Agora
Viajo
só e triste
tento alcançar o poder dos espíritos
e seguir os rituais da natureza.
O Xamane erguesse
e proclama o novo estado de espírito.
O Rei olha-me
surge espanto

benfeitor, mal amado
choro.
523 · Feb 2014
desespero
Rui Serra Feb 2014
Abri agora os olhos
uma luz
extremos
o desconhecido

tenho medo

sinto-me confuso
ao andar

estou só
ou isso penso

objectivo
neblina

navego nas lágrimas

saio
refugio-me
dor interior
inveja do pobre
confusão na alma
subconsciente perverso

riso

recordo a dor
que como dor permanece

obstáculo
anseio
ritual
sacrifício " tédio "
desespero.
521 · Feb 2015
Passeio do poeta
Rui Serra Feb 2015
vou nostálgico
por entre nuvens de abetos
519 · Apr 2014
uma noite
Rui Serra Apr 2014
Do pouco da minha
miséria, trago esta
túnica que irei
estender a teus pés.
Tudo recomeça
e eu deixar-te-ei.
Leva-me para a
cama
ama-me
embriaga-me.
Amanhã não
serei mais eu.
518 · May 2015
Censura
Rui Serra May 2015
caio lentamente

diminuído . decaído . consumido

pensamentos demoníacos

lágrimas escorrem do meu rosto
e caem a meus pés

equilíbrio

visão extravagante
floresta de pedra

criaturas da noite
movem-se pacificamente
invisíveis

desejo

fogo incontrolável
que me absorve na sua graça

perplexo
danço nas chamas bruxuleantes

conspiro
ao som do silêncio da noite

e procuro o conforto
no gelo frio do teu ser

o meu dilema:
qual o meu caminho?
518 · Aug 2015
O beijo
Rui Serra Aug 2015
apetece-me
apeteces-me
tu sabes que sim
tu sabes quanto
sabes a fome que tenho?
sabes como posso saciá-la?
peço-te
imploro-te
deixa-me comer
tenho fome
fome de ti
fome de mim
fome insaciável
fome proibida
fome que se agarra ao céu da boca, qual hóstia pecadora das beatas
fome que me dilacera o estômago
fome que me contrai a vontade e o desejo
fome que nunca farta
fome que me maltrata
fome que só o teu beijo mata
515 · Mar 2014
a ti
Rui Serra Mar 2014
Aproximação, silêncio total
Sangue, ****
Pesadelos nas ruas de néon
Extensos desertos
Um refúgio
Lá fora, o apelo da boémia
Um mar de asfalto
Não, não vou só
Uma garrafa de gin e um cigarro
Para apaziguar as dores
A escrita é meu refúgio
Minha alegria, minha dor
Vivo constantemente
Num ritmo alucinado
Estou só
Nas entrelinhas de cada frase
Está o corpo que as gerou
Num instante de lucidez
O perfume que hoje trago
É das lágrimas que por ti verto.
514 · Jun 2015
Dia Mundial da Poesia
Rui Serra Jun 2015
o frio do inverno diminuiu
e deu a morte
deste vida à primavera.

ela caminha lentamente,
os dias ficam mais longos
e brisas quentes acordam do seu hibernar.

ao meu redor...
nascimento.

é a ressurreição da dança da vida,
a dança da floresta
que controla o pulsar da terra.

é a época da criação,
e de pena encharcada em tinta
crio rios nesta folha singela,
neste que é o dia
Mundial da Poesia.
513 · Jul 2014
liberdade
Rui Serra Jul 2014
Gotas de água
atravessam-nos
como setas
cães raivosos perseguem-nos

É tempo de viver

Revolução

Um ideal

Música
Prazer
Dor
Excessos

Um passado
Um tempo já sem vida

Uma imagem
de uma flor

Uma ideia
Uma só verdade

Uma só palavra
( LIBERDADE )

Um Outono cinzento
Uma pétala caída

Uma cilada
Uma mentira

Um rio vermelho
Uma face ensanguentada

O renascer.
512 · Apr 2014
um dia
Rui Serra Apr 2014
De manhã é sempre abrir.
Não, tu não podes
chegar atrasado,
ao lugar onde te chateias,
estás encharcado em Gin.
e agora não sabes
realmente não sabes
que fazer,
mas, é o motivo
pelo qual ganhas dinheiro.
Tu bebes, fumas, danças
mas o que será de ti
quando esta noite acabar
continuarás aí sentado
bebendo
fumando
deprimido
talvez, só esperando
que aquela rapariga
passe ao teu lado.
Salta em frente
dá uma volta
até ao bar onde estou
salta em frente
para a minha teia
e aí verás
a poucos metros
a porta que te separa
do outro lado.
511 · May 2014
especulação
Rui Serra May 2014
Entras-te hoje nos meus domínios,
deusa de esmeralda, profanadora do oculto
Que ganhas-te? Que perdes-te?
Um mundo; a felicidade
Para lá do muro de coral
A sereia deusa do prazer
Tu mulher
sim,
tu mulher
Que me abafas o espírito
Que me atrocidas o coração
Juntos velejamos ao sabor de uma maresia húmida
Ideias
imagens de desvario
Antes
pôr do sol em teus olhos
Alegria
Amizade
Amor
Futuro
510 · Feb 2014
o que sou
Rui Serra Feb 2014
Ando pela rua
Escura, nua e vazia
Acompanhado pela lua
E por esta minha agonia
Da noite, eu sou o Senhor
Mas, porém eu suspiro
Minha imagem causa horror
Porque sou um
V a m p i r o
510 · Mar 2014
Rui Serra Mar 2014
Sento-me

Dia e noite
O vento sopra lá fora
Velhas árvores expiam-me
Folhas caídas, mortas
A relva
Manto de veludo verde
Sento-me

Nesta cama
Baú de mil sonhos
Uma leve melodia
Paira no ar
Sento-me

Somente comigo
E penso
Quão diferentes
As coisas poderiam ser.
509 · Jan 2014
catarina
Rui Serra Jan 2014
nascimento, luz, vida
rosto de criança, ternura no olhar
sensações inimagináveis
um sorriso
depois
prazer . estar . fazer . AMAR
FELICIDADE
507 · Jul 2014
epidemia
Rui Serra Jul 2014
Vivo num castelo
último andar de uma torre
janela
homens armados com bíblias
praguejam
e tentam alcançar a cidadela
doença
fome
epidemia
bandeiras ensanguentadas
hasteadas do portão principal
têm içadas o perdão
de facto é uma loucura
está tudo bem
até agora.
No alto das colinas
crianças
estão apenas a uma bala de distância
sem abrigo
irão desaparecer.
Abutres ávidos de mantimentos
tentam-se saciar
é o fim.
507 · Jan 2014
a chamada
Rui Serra Jan 2014
A noite cai lá fora
na mesa, à volta dos livros
a escuridão.
Estou sentado,
uma cama,
um telefone
tentei telefonar-te
a linha estava ocupada
estará a dormir
talvez doente
Não!
O telefone está cortado
não pagou a conta.
De novo à mesa
recomecei o livro
entrei na noite.
507 · Jun 2015
Palavras suspensas no tempo
Rui Serra Jun 2015
às vezes pergunto por que motivo
tu partes de mim quando entardece,
e digo às minhas esperanças e sonhos,
que nem tudo o que acontece é o que parece.

a vida às vezes pode ser um borrão,
as emoções podem-nos toldar,
às vezes escrevo para ti horas a fio,
quando preciso deixar o meu coração sarar.

o tempo fará esquecer o passado,
esta tristeza que se espalha em mim,
como os lírios à tona de um lago,
numa manhã vestida de carmesim.

o final do dia trará novas alegrias,
e embora eu sonhe acordado,
tenho em mim plena consciência,
de que preciso de ti ao meu lado.

e até que eu volte a escrever para ti amanhã,
lembra-te,
tu és toda a minha alegria, dor e tristeza.
504 · Apr 2014
insulto
Rui Serra Apr 2014
Percorro toda esta avenida
As folhas rodopiam
Um passo em frente
Um guarda
Silêncio
Agora sentado
Faço um cigarro
O olhar atento
do guarda
Uma tocha
levanto-me
Levo a garrafa
Dou um gole
Soletro palavras
ao sabor da brisa
Um poema
Um ideal
Uma vida
Sigo
Dou outro gole
Bem alto
Bem do fundo
Grito
“ ESTOU VIVO “.
502 · May 2014
hoje
Rui Serra May 2014
Hoje,
nesta tarde quente em que o sol teima em queimar e me faz suar o corpo.
Hoje,
nesta esplanada onde eu e tu nos encontramos.
Hoje,
quero poder sussurrar ao teu ouvido aquilo que sinto por ti.
Hoje,
quero que tu me queiras como sempre me quiseste.
Hoje,
quero que me saibas ler sem ter de te falar.
Hoje,
não sei definir o que sinto.
Hoje,
quero ficar assim.
Hoje,
como ontem contemplo o teu ser.
Hoje,
amanhã e para todo o sempre quero estar ao teu lado.
499 · Jan 2014
meu amor
Rui Serra Jan 2014
Com os olhos postos em ti, eu passo o dia,
sem que se cerrem por um segundo.
Ai, eu queria ser neste mundo,
meu amor, a tua maior alegria.

Mas meu amor, o que eu não sabia,
é que no teu coração, lá bem no fundo
existia por mim um amor profundo,
coisa bela, que em ti não via.

Surgiste-me à luz como uma flor
e desde então meu lindo amor
és a razão do meu viver.

E eu, não mais esquecerei
o louvado dia em que te encontrei
e atrás de ti fui a correr.
497 · Mar 2014
jamais
Rui Serra Mar 2014
Jamais esqueci a tua face
Neste Mundo, que foi Mundo outrora
Apesar de tudo
Procuro-te
Apesar de tudo
Desejo-te
Porque te procuro e desejo?
Porque te odeio e amo?
Dois corações que se unem.
Um sentimento que nasceu no passado
Um sentimento seduzido por ti
Um sentimento de amor
Numa lágrima de esperança
Ainda agora
Uma lanterna brilha no vale.
495 · Mar 2014
sonho impossível
Rui Serra Mar 2014
Sonhar um sonho impossível
levar a tristeza da partida
escaldar de uma possível febre
partir para onde ninguém parte
amar até
amar, mesmo demasiado, mesmo mal,
tentar, sem forças e sem armadura,
aguardar o céu
pouco me importa as minhas chances
pouco me importa o tempo
ou a minha desesperança
e depois lutar todos os dias
sem questionar nem responder
e amaldiçoar
por agora uma palavra de amor
eu não sei se serei esse herói
mas o meu coração será tranquilo
se as vilas se encherem de azul.
494 · Jul 2015
Lobisomem
Rui Serra Jul 2015
em noites de lua cheia
corro dos desígnios da vida
tentando esconder assim
o animal que há em mim.

regresso às minhas origens
e à procura de virgens
percorro as escuras ruelas
sempre, sempre à procura delas.

procuro nos locais mais sombrios
e espreito nos mais insólitos
para gáudio da minha alegria
é assim até ao romper do dia.

e é já de madrugada
que com a camisa rasgada
se dá o regresso a casa
já com a fome saciada.

e ansiando pela lua cheia
me deito pela calada
nesta busca tresloucada
por uma virgem mal amada.
493 · Jan 2015
Rua da solidão
Rui Serra Jan 2015
deambulo pela rua
à procura da razão
desse amor que me trucida
que me trespassa o coração.

dou comigo perdido
em estradas sem saída
em caminhos cruzados
nas ruas da minha vida.

empedrados já gastos
por uma grande ilusão
pelas vidas passadas
por quem se esconde da solidão.

tanta amargura há em mim
que agora já não tem cura
e sem destino nenhum
parto rumo à aventura.
493 · May 2014
a avenida
Rui Serra May 2014
Sigo pela avenida,
os cafés recolhem
as mesas.
Esplanadas frias,
já sem ninguém,
já sem sentido.
Chuis fazem cumprir a lei
com varinhas de condão.
Na janela,
um rosto
imagem distorcida
Uma carabina
um tiro
no frio da noite uma imagem gélida
Sigo em frente
pela estrada de asfalto
rumo à indiferença.
491 · Jan 2014
delírio
Rui Serra Jan 2014
Fui para o deserto
delírio de emoções
cerimónia de índios
mescalina
a dor
visão do futuro
vagueio sem destino
outros mundos
outras culturas
solidão
exaltação do espírito
êxtase
velocidade
sigo em frente
pela estrada do excesso.
Rui Serra Aug 2015
abro os olhos, não o vejo.
o meu passado fugiu de mim...
impossível!
foi-me outrora tatuado,
na epiderme da minha existência.
é uma parte do meu todo!
sofro de dupla personalidade?
até agora controlei-me, não foi?
o passado não se esquece dizes tu...
digo-te eu...
nunca te vai largar... nunca!
penso...
rapidamente percebi o que devia ser feito!
vou matar aquilo que fui, o meu outro eu...
puumm
já está!!!
uma só bala...
uma só bala e tudo acabou.

e agora... quem sou eu agora?
488 · Jun 2015
A tua boca
Rui Serra Jun 2015
monumento burguês de prazeres mundanos

açoitas-me
com palavras mordazes
no veludo
do teu ninho

e no momento mais íntimo de ti
purificas o meu ser com a saliva melosa da tua essência
487 · Jul 2014
last night
Rui Serra Jul 2014
É noite... lá fora a cidade já dorme. Aqui, o tempo passa lentamente, abro o maço, tiro um cigarro, e puxo-lhe fogo. Penso na vida. Dias passados, dores sofridas, pontapés levados, lágrimas a rolar, enfim, um amontoado de coisas, hoje já sem nexo.
Sofro, estou só, desamparado, e acima de tudo odeio a vida, ou melhor dizendo, a vida repugna-me.
A noite vai longa, o sono não chega, dou voltas na cama... por fim adormeço. 7h15m, o despertador toca, acordo, . . . enfim foi só mais uma noite.
487 · Sep 2015
Pôr-do-sol violeta
Rui Serra Sep 2015
oiço
ao longe
sobre o mar

sons

aviso
noite

perdi-me no caminho
da minha mente

esperança

gemidos de guerra
percorrem espaços passados

olho o céu
que arde no calor da noite
no ponto de não retorno
487 · Mar 2014
mar
Rui Serra Mar 2014
mar
Recostado na areia
Oiço notas de uma composição musical
O mar agreste acaricia as rochas
. . . nuas de sentimento
A gaivota plana no tempo
Tempo de outrora
Silencio moribundo numa noite de . . .
E se o mar chorasse?
486 · Jan 2014
vagueio
Rui Serra Jan 2014
Vagueio,
sem destino algum.

Vagueio,
sem sair do lugar.

De olhos fechados,
percorro as linhas do teu corpo,
e corro o mundo.

Escondo-me,
por entre o brilho do teu cabelo.

Refugio-me,
no teu regaço,
e procuro o equilíbrio.

No teu corpo,
vagueio sem vaguear.
486 · Jan 2014
boneca
Rui Serra Jan 2014
Calcuteia a areia
Perde-te no mar
Boneca de trapos
Continua p’las dunas
Vives num ambiente campestre
O orvalho rola . . . p’la face
E a rosa abre-se
Para o mundo
485 · Apr 2015
Folha nua
Rui Serra Apr 2015
no negrume da noite
uma página... espera
em silêncio

sôfrega por
letras
palavras
frases
ou mais

e ali permanece
invisível na sua existência perturbadora

concentro-me
mas sigo imóvel
não vou longe

escrevo
anoto

palavras confusas
   desfiguradas

a pena falece

frustração

abandono

e a página... espera
sempre vigilante
481 · Apr 2014
um avivar de memórias
Rui Serra Apr 2014
Noite
Passado
Presente próximo
Um avivar de memórias
Uma estante empoeirada
Um livro mais
O telefone toca
uma suave melodia
Por entre as sebes o vento uiva
Um avivar de memórias
Um toque prolongado
Impedido
À noite
Um véu
Cetim
Um deslize de prazer
Uma mulher
Um sonho.
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