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884 · Aug 2015
Megera
Rui Serra Aug 2015
lá fora o povo indiferente,
está completamente perdido,
seguindo de mãos vazias,
por um caminho sem sentido.

sobre lençóis imaculados,
as oferendas da alegria,
numa noite tumultuosa,
que findou já era dia.

seu corpo sofre em loucura,
e de coração fora do peito,
doce exílio dos espíritos,
que no seu corpo vêem deleite.

tentando de corpo e alma,
vencer a trágica existência,
lá vai a megera indiferente.

são dois mundos tão diferentes,
que uma fina linha separa.
863 · Apr 2014
tempo
Rui Serra Apr 2014
Fim de tarde
um dia ido
A cascata do tempo não pára
desfile
lento desfile de uma vida apressada.
A noite cai lá fora
na mesa,
no meio da quieta agitação dos livros
a escuridão é ainda maior.
Silencioso
entrego-me ao “saber “
Respiro o desespero
Ambiciono parar o tempo
e partir
para lado algum
Deixo-me vaguear
por entre a escuridão
823 · Jun 2013
Katy Song
Rui Serra Jun 2013
E nesta tarde em que a chuva cai madura
Pego nesta folha e neste lápis de carvão
Rascunho esta tua suave pintura
Com a subtileza desta minha mão.

Quem desenha sou eu, feito alquimista
Que em ti sempre viu algo especial
Com estes meus olhos de artista
E esta minha sensibilidade radical.

Estou simplesmente apaixonado por ti
E p´ró papel, eu te levo p’ra te ter
P’ra sempre ficarás junto de mim
Nesta pintura que de ti estou a fazer.

E em teus olhos eu vejo acalento
Um brilho especial e muita alegria
Um dia destes chegará o momento
Em que ficaremos junto o dia-a-dia.

Este singelo papel é agora um tesouro
Porque nele está desenhada a tua imagem
És a face dum anjo que vale mais que ouro
Por mim criado em tua homenagem.

Venero-te com sublime fervor
Agora que és o meu quadro principal
Para sempre te darei o meu amor
Minha filha, minha princesa real.
807 · May 2014
o desconhecido
Rui Serra May 2014
Parti à procura, percorri todos os bares da cidade
drogas, alucinações, ****
debati-me com o povo
fui aprisionado
pelo poderio das massas.
Guardas olham-me à passagem
vociferam
um dialecto desconhecido.
Nesta tumba estou . . . livre.
Aqui, eu sou eu
discípulo da verdade e dos prazeres.
Depois
fui para a ilha
indígenas
novamente - ****, bebidas, drogas.
E assim passaram dois anos.
Percorro agora esta avenida
em procura do que ainda não encontrei.
Eu, por min
quem sabe, tomarei
outro rumo para . . . o outro lado . . . para a terra.
Era cá uma tripé
mas eu amava-a mesmo assim.
Estava preso
era um fora-da-lei
sem crimes, nem pecados
apanhei um táxi
e segui na noite
rumo ao desconhecido.
794 · Jan 2014
mãe
Rui Serra Jan 2014
Sem ti os dias são longos, passam longos e um vazio permanece em mim.
Sinto a tua falta, o teu amor, o teu carinho.
Uma tristeza imensa invade a minha alma e dilacera o meu peito.
Vem preencher este vazio com o teu nome, tu que estás perto e longe de mim.
Deixa-me sentir esta nossa doce amizade até ao perecer das eras.
Sinto o sangue fervilhar como que envenenado na espera constante do teu ser.
Mas, sinto agora a tua mão e nada mais está perdido.
Sinto agora a tua mão em meu auxílio, para me tirares desta fria desilusão.
E por mais vazia que seja esta distância, sei que sempre seguras-te a minha mão.
No meu peito habita agora uma doce esperança, e sei que um dia vou poder olhar nos teus olhos e dizer-te:
AMO-TE MÃE!
775 · Jan 2014
quem somos?
Rui Serra Jan 2014
Somos seres de voluptuosas paixões,
vultos que pranteiam na escuridão,
presos nas trevas obscuras desta prisão,
pela tristeza que inunda os nossos corações.

Nossas almas repletas de ilusões,
vagueiam pelas sombras da solidão,
na procura incessante da razão,
esquecida num mundo de maldições.

São lágrimas negras, vertidas,
que em fel são convertidas,
e rolam por uma face triste.

De traje lúgubre e sombrio,
vivendo num mundo ***** e frio,
um mundo utópico que não existe.
746 · Jul 2015
Diva
Rui Serra Jul 2015
tenho saudades do teu gemer
no meu lóbulo interior

da tua pequena malvadez
e do teu mordaz sorrir

sim
esse que te faz sentir

um vil querer
uma vontade de me ter
dentro do teu mais profundo ser
minha diva do prazer
713 · Jan 2014
idade
Rui Serra Jan 2014
O vento sopra por entre as folhas que vão caindo lentamente, o chão vai ficando como uma esteira dourada, a pouco e pouco as árvores vão-se
desnudando, deixando a descoberto, todo aquele tecido que as envolve num mistério tal. Envelhecer!
Sim é um pouco isso, deixar de parte as máscaras que nos encobriam desde a juventude, e tornar público, aquilo que realmente somos, deixar
ver as rugas de um tempo ido e recordado, deixar transparecer a pura essência que realmente somos.
Apreciamos num quadro as fissuras da tela, marcas de um tempo que teima em passar. Se assim é, porque é que não aceitamos o nosso envelhecimento, como fissuras em tela antiga?
Talvez porque é aqui, que pela primeira vez somos realmente nós, sem sombra de dúvida, talvez porque, simplesmente o receamos. Talvez tenhamos receio de olhar de frente o espelho da vida e ver que não voltamos mais a ser crianças.
708 · Feb 2014
quimera
Rui Serra Feb 2014
Momento efémero
Ondas de oiro
Suave no toque
Leveza insustentável
Quimera
Noite
Sangue de veludo
Ocultas-te
Para te poderes encontrar
E fazes de um não o valor da vida
707 · Jan 2014
violência
Rui Serra Jan 2014
E estas palavras que escorrem na vidraça ensanguentada,
numa tarde em que a chuva cai tumultuosa.
E estas palavras que escorrem junto com estas lágrimas,
p’la face carregadas de um sentimento obscuro.
E estas palavras que escorrem com o suor do nosso corpo,
numa noite em que corpos ardem de paixão.
E estas palavras que escorrem com o orvalho,
num amanhecer em que o sol raia esplendoroso.
E estas palavras que escorrem junto com o sangue,
que corre nas nossas veias, numa violência interior.
E estas palavras que escorrem com a tinta do pintor,
pela tela que brota das suas mãos diabólicas.
E estas palavras que escorrem nas ondas,
que embatem violentamente nas rochas das praias.
E estas palavras que escorrem como o álcool,
e que inunda a alma pejada de medo e tristeza.
E estas palavras que cheiram a ****,
e que o tempo impregnou nas páginas da vida.
. . .
São palavras que profiro em silêncio,
são palavras em que eu te imploro,
para que pares essa tua raiva mórbida e doentia
que te leva à demente violência e me deteriora.
686 · Feb 2014
mulher
Rui Serra Feb 2014
Vem
caminha agora na minha direcção
segue a luz princesa do oriente
entra agora na minha tenda
saboreia os prazeres da vida
gozai agora os prazeres
nesta noite de luxúria
saboreia o ****
delicia-te
mulher, forma de arte
paixão fogosa
olhai-me
porque vieste?
no obscuro corredor
tempo
olhai em teu redor
as luzes feriam-me agora a retina
tomai agora a minha bênção
escrava
quem és tu, sim, tu, mulher do povo
677 · Sep 2015
A insónia é um dom
Rui Serra Sep 2015
escorre
a tinta

papel

linha após linha

bocados de mim
fluem no teu olhar

respiro

o coração bate

sinto o teu odor

quando não tenho sono
venho para aqui rascunhar
660 · Mar 2014
noite
Rui Serra Mar 2014
Quarto fechado
escuro
(mas não muito)
uma luz
incenso
odor
forte o(dor)
sândalo
No exterior
chuva
frio
um pedinte
gabardina velha
Janela
(de volta ao quarto)
uma face rosada
(acende-se a luz)
Princesa.
Rainha.
Mulher.
656 · Jan 2014
a noite passada
Rui Serra Jan 2014
Sobre a grande mesa
A luz de duas velas
O telefone tocou
Interrupção
Lá fora, situação delicada
Choro - Desespero
Mais tarde o jogo
Truques da vida
Conversa, mais conversa
No limiar da noite - O filme
Acordo
Um choro
Duas mortes
Um repousar incompleto
Manhã
Um outro dia
655 · Feb 2014
amigo
Rui Serra Feb 2014
Acordo agora de um “Sonho”
Vi-te, adorei teu ser
sonhei que te queria, para sempre
AMIGO.
Sonhámos ser felizes
temos algo em comum,
em ti confio, a ti ajudo,
Confiança.
Não me deixes,
p’ra nunca esquecer.
Muito para vir
discussões: mil
tudo nos fará rir.
Pouco te disse
muitos pensamentos
pairam no ar.
O que por ti sinto
não morreu
A nossa amizade
não vai findar.
649 · Jan 2014
loucura
Rui Serra Jan 2014
Possuído por uma raiva febril segui para lá do abismo maldizendo todo o ser que um dia me fez sofrer.
Perdi a fé no homem, perdi a fé no Deus e entreguei todos os meus sonhos nas mãos da megera e fugi para lá dos meus sonhos.
Perdi a fé nas orações do homem, nas acções do homem e condenei ao fracasso cada passo desmedido e tresloucado.
Odiei.
Odiei cada ser que outrora conheci.
Fui traído.
Condenei os “amigos” que outrora possui.
Desisti de procurar a razão.
Desacreditei na amizade . . .
Desacreditei no amor . . .
E desisti!
Será loucura odiar a humanidade só porque uma donzela não dançou a valsa da vida contigo?
648 · Nov 2014
Deuses
Rui Serra Nov 2014
deuses brincam
envoltos em linho branco

o carrocel gira vertiginosamente
no eterno mundo humano

e gira
até ao zero
ao infinito

o omnipresente observa

então os deuses,
na sua sabedoria intemporal
limitam-nos
nas nossas acções . palavras . pensamentos . emoções

e continuam a brincar
rindo desesperadamente
montando os seus cavalos de madeira rachada e entorpecida
644 · May 2014
non essere triste
Rui Serra May 2014
Non essere triste alla mia partenza
Presto per essere di nuovo insieme
Secco il tuo volto, ti liberi di questa sofferenza
Pensate al bene e nel male
Io sono con voi sempre nel mio cuore
Niente e nessuno ci separerà
Anche se non mi vedete io ci sarò
Anche se non sento che sarà nelle vicinanze
Mi manchi, ma la paura non
Saremo insieme quando verrai
Voglio che tu sai che ti amo
Che sono sempre presenti
Non mancano mai di vivere
Live anche per me
Perché. . .
Io sarò sempre con te
639 · Jan 2014
Liber de LIBERDADE
Rui Serra Jan 2014
Sinto-me leve, livre
como um pássaro que voa
em busca da liberdade...
não sou de ninguém
não tenho lugar de origem,
de partida ou de chegada.
Sei que sou livre, livre...
como uma borboleta
que poisa de flor em flor
em busca do pólen
que lhe dá vida e força.
Sou eu, e ninguém mais para além de mim;
sou eu, com defeitos e virtudes;
vivo e deixo viver,
para amar e ser amado.
Sou livre como um pássaro
em busca do seu rumo
que o levará à felicidade.
634 · May 2014
live . laugh . love
Rui Serra May 2014
Divaguei-as na escura noite
Indiferença
Navegas num mar de lágrimas
Abruptos pensamentos te avassalam

Segue o rio do teu pranto
Ergue-te em memória de outros dias
Reclama à vida
Reclama ao
AMOR
626 · Mar 2014
tu
Rui Serra Mar 2014
tu
Excedi em tudo
os meus desejos
os meus sonhos e eu
crescemos lado a lado
Vivo em intensa desolação
A pensar quando é que vais chegar
Amo-te
Com tanta pureza, tanta paixão
Que peço
que te ame sempre
e mais uma vez
Amo-te
no seu perfeito sentido
teu corpo e essa airosa face
A tua silhueta
no parapeito de ferro, na noite a meditar
Um luzente anoitecer
A lua na paliçada
Quando no meu quarto eu leio e escrevo.
619 · May 2014
olhando em frente
Rui Serra May 2014
De repente
olho para trás
e postais antigos
invadem-me a memória,
fotografias já sem cor
de um tempo que não poderei fazer regressar.
Sou alguém, ou assim dizem
mas o que sou jamais importa.
Rebelei-me contra a escola
ataquei os professores
fui pateta
Andei por aqui e acolá
a biblioteca, os livros
sua magia, seu encanto
na adolescência a história do rock
um verão esplêndido
e à noite
uma garrafa, uma rapariga e um abençoado sonho.
Abraço as imagens de outros tempos
e torno-me num palhaço
o que faço
bebo
bebo para vos poder ridicularizar
estar bêbedo é um bom disfarce
depois
minha cabeça pifou
lamento as noites, os anos, tudo o que perdi.
À medida que o corpo se destrói
o espírito torna-se mais forte.
617 · Jan 2014
sem nome
Rui Serra Jan 2014
No limiar do momento, minha alma demente vagueia, e sinto a angústia de não ter algo que necessito para viver.
A amizade que dois amigos podem ter, aquele sentimento profundo e dócil que tem de ser recíproco; e que se quem o dá, o não recebe, sente-se vassalo da solidão e perde-se no tempo.
Palavras profundas deambulam ao sabor do vento, ao encontro de quimeras já distantes.
Vem amigo dá-me a tua mão.
606 · Jul 2014
valhala
Rui Serra Jul 2014
Passeio por entre a névoa que me esfria a alma.
Sepulturas ladeiam meus passos.
Procuro-te na solidão fria da noite.
Teu corpo jaz sob a fria lápide.
Desejo o teu beijo mórbido e frio.
Abraça-me.
Vêm, envolve-me em teus braços.
Sentes o meu coração sangrar?
Em breve estaremos juntos.
604 · Sep 2015
Aromas
Rui Serra Sep 2015
incenso
(arde lentamente)

golpe traçado
o sangue escorre

marcas
das cordas do violino
na tua pele

aromas

o fumo ofusca
cega

respiração deliciosa

canela . sândalo . jasmim

sufoco
numa mescla de aromas

fumo

um mero aroma
uma memória
um sonho vivido
602 · Apr 2015
Semeador de chumbo
Rui Serra Apr 2015
o vento fazia o pó levantar.
de olhar maduro,
óculos de protecção,
casaco preto e chapéu,
ao peito um medalhão.
ele era um rapaz nobre.
nunca se tinha visto ninguém como ele.
que segredos antigos estavam à espreita?
e ali estava ele,
flutuando na magia da brisa.
ao peito a mais perfeita arma de julgamento.
cano curto.
o segredo fora revelado,
e o carrasco chegava para mim.
com uma intenção maravilhosa de assassino malicioso,
Spyglass olhou-me nos olhos
e senti o vento no meu cabelo.
flashes de fogo na calada da noite.
a maravilhosa máquina de sua majestade.
gritei: "semeador de chumbo".
o sangue, escuro, corria, mortal.
601 · Sep 2015
Escrever
Rui Serra Sep 2015
escrevo
   letras
   palavras
   frases

com o sangue que me alimenta

tentativas frustradas de versar
dançam nesta singela folha
onde a criatividade está ausente,
na poesia sou apenas um trolha

decidi escrever, escrever, escrever
sobre o quê, nunca me apercebi
até ao dia, ao momento
em que decidi escrever para ti

e escrevi
   letras
   palavras
   frases

sobre o amor que existe em mim
598 · Jul 2014
felicidade
Rui Serra Jul 2014
Sinto-me leve, livre
como um pássaro que voa
em busca da liberdade...
não sou de ninguém
não tenho lugar de origem,
de partida ou de chegada.
Sei que sou livre, livre...
como uma borboleta
que poisa de flor em flor
em busca do pólen
que lhe dá vida e força.
Sou eu, e ninguém mais para além de mim;
sou eu, com defeitos e virtudes;
vivo e deixo viver,
para amar e ser amado.
Sou livre como um pássaro
em busca do seu rumo
que o levará à felicidade.
597 · Jul 2014
a lua vai alta
Rui Serra Jul 2014
Madrugada fria
e eu aqui sozinho.

Preciso de ti.

Onde estás?

Longa é a noite em que te espero.

Mas não, não quero pensar,
que não vais chegar,
para me aqueceres nesta solidão.

Não suporto mais sofrer.

Quero o teu amor.

O tempo parou e
eu não percebi.
Acho que tu chegas-te
quando eu parti.
597 · Mar 2014
sonho
Rui Serra Mar 2014
Era noite.
Na escuridão, cintilavam pequenas estrelas.
Abriam-se e fechavam-se os olhos castanhos
daquele rosto alegre.
Ouviu-se, no meio daquela noite quente, o miar de
um gato perdido! no momento, caíra em cima da
minha cama uma violeta, tal qual os olhos, aqueles
olhos sensuais que me prendiam!
Fui convidado a amar...
Perdi o senso do lugar,
o senso do momento e perdi-me na noite...
E amei!...
Amei aqueles lindos olhos pestanudos, aquela boca
de lábios quentes, aquele corpo suave, excitante e
carente!
E pensava em não acordar; não queria perder
aquela paixão, nem imaginar que estava a sonhar.
Aquilo não era um sonho, nem tão pouco fantasia!
Finalmente descobri e gritei de alegria!
É a pura realidade.
Voltando-me para o outro lado, agarrei na almofada
e adormeci,
a pensar
em
ti.
592 · Feb 2014
ser
Rui Serra Feb 2014
ser
E no infinito do teu ser, oiço murmúrios de uma voz magoada, no meio de um silêncio puro e perfeito.
Lábios sedentos de um beijo, olham-me cegos do meu ser, e minha alma perdida na nostalgia de uma noite invernosa caminha para junto do teu eu.
E junto à relva eu me encontrei, a ouvir os murmúrios de um ribeiro, e a pensar nos teus olhos cor de violeta como estrelas, na tua face terna e suave e nos teus cabelos de oiro fino que brilham ao luar de uma noite que encerra grandes mistérios.
591 · Feb 2014
a peça
Rui Serra Feb 2014
Juntos navegamos
para o objectivo final.
desvio
monto o meu corcel
cavalguei milhas
paragem
segui viagem
retorno às origens

De novo na minha cabana
aí fora
guerras sem sangue
travam-se entre os aristocratas

Usurpação dos poderes
procura constante

Idiotas
um deserto já sem cor
ao fundo
uma vida

Migalha de vida

Um jardim
flores

Músicos tocam flauta

Cai o pano
apagam as luzes

Acabou a peça
acabou tudo

Até a vida

É O FIM.
590 · Jan 2013
No conforto da casa
Rui Serra Jan 2013
Chovia lá fora
na rua deserta
e no conforto da casa
não chovia p’la certa.

Lá fora o frio
fazia-nos tiritar
e no conforto da casa
ouvia-se a madeira crepitar.

E pingava lá fora
num concerto afinado
e no conforto da casa
escrevia eu ao teu lado.
590 · Jan 2013
O Espírito
Rui Serra Jan 2013
Dança à chuva
nas lágrimas que jamais
vais poder suster.

Tira da terra
os nutrientes para o teu
eu interior.

Acende uma chama
para que possas ver o caminho.

Sente o vento
para desfrutares da liberdade da vida.

Para que possas conhecer o Espírito
“vive” os elementos e vive a vida em harmonia.

Conheces o Espírito?
587 · Apr 2014
sem regresso aqui
Rui Serra Apr 2014
AGORA
que partis-te a explorar o deserto e eu fiquei só
AGORA
que partis-te em procura do rapaz de preto
Sento-me
neste quarto
onde só
me restam paredes,
e oiço o tráfego
lá fora
O teu fantasma
imagem de um outro tempo
persegue-me por todos os lados
Deixa-me num sono profundo
Deixa-me
para poder escrever poesia
e libertar as pessoas dos seus limites
Já agora
atravessa para o outro lado
transpõe a porta
o Patrão espera-te.
Não te resta muito tempo que a viagem é longa.
586 · Sep 2015
O outro lado de lá
Rui Serra Sep 2015
horizonte
um raio de luar
um túmulo escuro

um anjo vela na noite
e lágrimas caem eufónicas
no lodo desta existência mundana

e uma lanterna brilha
sobre a laje de pedra escura
586 · Sep 2015
Lápis
Rui Serra Sep 2015
do teu corpo
saem palavras
pensamentos profanos

da simplicidade do teu traço
saem rabiscos
desenhos fotográficos

com a tua alma de grafite
esmagas vidas
no cadafalso da praça

crias personagens
cenários teatrais

vives
sobrevives
entre a criação
e a morte

e em cada risco ensaiado
definhas em pó amargurado
582 · Jul 2014
sonho
Rui Serra Jul 2014
E no esplendor dum entardecer de verão, altas espigas de oiro ardente, reflectem a sensualidade da tua face, num dia ardente à beira-mar.
No sonho do momento, imaginas amplos voos sobre a trágica realidade que nos foi destinada.
E os teus olhos rasos de água, parecem lagos, onde cisnes brancos se banham, por entre a neblina de um amanhecer.
580 · May 2014
caminho
Rui Serra May 2014
Sente-se o caminhar
sobre ladrilhos dourados
despe-te, ama
entra, a chuva é intensa
vive, ama, amar-te-ei
no jardim, cravos murchos
pétalas caídas.
Leva-me, deixa-me navegar
posso-te amar, tenho-te
desejo-te, depois tudo passa.
Queria ser como tu
adorar-te-ei até ao fim
enfrentarei minha sombra,
serei alguém, viverei para
te proclamar, aconchego-me,
fogo crepitante, doçura
de mulher, corpo imundo
mundo imundo, sobre pedras
de silêncio, vamos ao sabor
de uma melodia, o que sou
sombra inconstante, açambarcador
de poder, ricos falsos, acabar-se-à
no fogo do desespero
não hesites
caminha e vencerás
sobre tudo e todos
vai em frente
segue o teu caminho
e serás alguém, como o eu que eu queria.
573 · Jul 2014
amor gótico
Rui Serra Jul 2014
Aiiii . . . não sei se é amor ou é loucura,
essa força, enfim, que desconheço,
amarrou-me a vida à tua vida obscura,
e a ti, a ti somente “AMOR” eu peço.

O agridoce desta nossa aventura,
as delicias que me dás e não mereço,
todo este amor com toda a sua loucura,
o amor em que vivo e desfaleço.

Fazes-me lembrar as negras rosas,
que me deixam assim embevecido,
inalando o teu aroma delicado.

Como que atingido pela seta do cupido,
abraço as tuas pétalas maravilhosas,
sucumbindo assim ao teu beijo envenenado.
572 · Jan 2014
sigo em frente
Rui Serra Jan 2014
Percorro a cidade sem nome
por entre a multidão
à procura de . . .
Sem rosto nem emoção
Transponho o muro e caio no abismo
percorro as vielas sem rumo nem destino
Abalo entoando uma canção de corpo pendente
Possuído pela sombra do vício presente.
572 · Feb 2013
Oração
Rui Serra Feb 2013
Hoje
caminho sobre os meus medos

Hoje
caminho sobre as minhas dúvidas
e vou na direcção da luz

Deixo o passado lá atrás
e atravesso a tempestade presente

Mantenho-me forte
e sigo rumo ao desconhecido

Através dos olhos de Deus
e pelas mãos dos anjos
eu procuro-te

para me encontrar
560 · Sep 2015
Lua de Sangue
Rui Serra Sep 2015
vento
primavera,
ao longe uma música estranha

sinto a vida escorrer
sinto a sombra das almas passar
com uma sede louca pelo néctar da vida

agrilhoadas pela putrefacção da sua demência
percorrem os caminhos efémeros
rumo ao salão dos mortos

a lua respira
num último adeus à eternidade
numa interminável noite sem estrelas

no trono
o herdeiro da morte

dança
no fogo do inferno
sou prisioneiro dentro de mim

no ventre de satanás
pobre homem empalado
banha-se no sangue
dos amanhãs do mundo

estou pronto para abandonar
esta vida mundana
e entregar-me à magnificência
do seu SER

e o diabo cospe na divindade
558 · Mar 2014
ideal
Rui Serra Mar 2014
Estou só
chove
o rádio liberta notas de uma composição musical.
Lá longe, quem eu desejo perto.
O vento está frio,
deambulo pelas ruas da maledicência.
Afogo as mágoas no absinto da vida,
fumo um cigarro.
Penso no passado,
nas amarelas tardes de Outono,
nos passeios à beira-mar,
e vejo o que perdi,
em busca de um ideal que ainda não encontrei.
557 · Apr 2014
reparei agora na felicidade
Rui Serra Apr 2014
Reparei agora
algo existe
para além de ti
para além do teu ser
cadáveres moribundos
danças ofegantes
rituais
procura
choro
desmaio
loucura
será que existes
ou é pura imaginação
talvez um dia
reencontro com a lua
vontade de amar
sim
não
abstracção
em frente
uma só finalidade
Felicidade.
557 · Apr 2015
Atrasa-te, se valer a pena
Rui Serra Apr 2015
estranho

esta cidade
a sua personalidade
o seu cheiro

a minha casa
os meus lençóis

estou atrasado

o sol saúda as minhas cortinas
quero dormir para acordar

sorrio

água escorre pela bacia

paro no tempo

observo o teu dormir
um suave rosto

fazes o meu dia ter sentido

amo-te, mulher, minha mulher

café da manhã

há na minha mesa burocratas

sinto o teu respirar
só para mim

adormeço, recomeço
553 · Apr 2014
liberty
Rui Serra Apr 2014
A relva
manto de veludo estendido
Burgueses - gordos sebentos
bebericam o sangue de Deus
Orgias, sob cúpulas douradas
Loucos
velhos avarentos
diversão de crianças
No declínio da noite
uma criança descalça
Almas sem valor
Uma ave
morte
dor
lágrimas
sofrimento
Olho o filme
. . . de repente
Uma porta
medo
uma luz, dia.
553 · May 2014
nada tenho
Rui Serra May 2014
Nada tenho a perder
Os amigos já partiram
Ritual
Penso em solidão, na tristeza
Mas um sonho continua vivo
Tento prosseguir nesta terra
Já sem dono
Agora na estrada, percebo
Os homens - seres incorrectos
Neste jogo, onde se perde e se ganha
Estão as almas
e as vidas por um fio
Talvez hoje, talvez mais tarde
TU
Irás descobrir, o que ainda tens a fazer
Não te preocupes, continua.
550 · Mar 2014
um sonho
Rui Serra Mar 2014
Permaneço hoje aqui
nesta promíscua cabana
onde tu e eu nascemos
Existe um objectivo
meta final, fim
O FIM
Praia ofuscante
noite
alimentação sistemática
do desregramento de todos os sentidos
Modificadores de consciência
levam-te pela estrada de coral
até ao palácio da sabedoria
Aí vive O Rei
Homenzinhos de fatinho escarlate
acampam
nos teus jardins privativos
em frente à tua mansão
Sais porta fora, pelos fundos
Criados vestidos de madrepérola
fazem-te vénias ao passar
Um sonho, acordas, é dia.
550 · Sep 2015
A arte
Rui Serra Sep 2015
o que sou

sou poeta!
escrevedor de palavras
que rimam
e desafinam

captor de emoções
intemporais
e outras mais

conhecedor da alma sofredora

escrevedor de sons
dos maus e dos bons

sou escritor!
de pena
da dor

sou artista!
pintor de sentimentos
abstractos
nem sempre exactos

sou poeta!
sou escritor!
sou artista!

uma espécie de alquimista

faço obras magistrais
crio beleza intemporal
e o que sou?
sou uma pessoa normal
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