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Rui Serra Sep 2015
do teu corpo
saem palavras
pensamentos profanos

da simplicidade do teu traço
saem rabiscos
desenhos fotográficos

com a tua alma de grafite
esmagas vidas
no cadafalso da praça

crias personagens
cenários teatrais

vives
sobrevives
entre a criação
e a morte

e em cada risco ensaiado
definhas em pó amargurado
Rui Serra Sep 2015
escrevo
   letras
   palavras
   frases

com o sangue que me alimenta

tentativas frustradas de versar
dançam nesta singela folha
onde a criatividade está ausente,
na poesia sou apenas um trolha

decidi escrever, escrever, escrever
sobre o quê, nunca me apercebi
até ao dia, ao momento
em que decidi escrever para ti

e escrevi
   letras
   palavras
   frases

sobre o amor que existe em mim
Rui Serra Sep 2015
incenso
(arde lentamente)

golpe traçado
o sangue escorre

marcas
das cordas do violino
na tua pele

aromas

o fumo ofusca
cega

respiração deliciosa

canela . sândalo . jasmim

sufoco
numa mescla de aromas

fumo

um mero aroma
uma memória
um sonho vivido
Rui Serra Sep 2015
escorre
a tinta

papel

linha após linha

bocados de mim
fluem no teu olhar

respiro

o coração bate

sinto o teu odor

quando não tenho sono
venho para aqui rascunhar
Rui Serra Sep 2015
chiadeira

pop

o copo esvazia-se
l   e   n   t   a   m   e   n   t   e

a língua entorpece

as lágrimas suicidam-se
na biqueira da bota

vómito

bebe mais um copo
e continua a beber
e continua a beber
e continua a beber

porque é bom!
porque gostas!

é bom sentir o cheiro
da erva húmida pela manhã

contemplo um inferno pessoal
Rui Serra Sep 2015
o que sou

sou poeta!
escrevedor de palavras
que rimam
e desafinam

captor de emoções
intemporais
e outras mais

conhecedor da alma sofredora

escrevedor de sons
dos maus e dos bons

sou escritor!
de pena
da dor

sou artista!
pintor de sentimentos
abstractos
nem sempre exactos

sou poeta!
sou escritor!
sou artista!

uma espécie de alquimista

faço obras magistrais
crio beleza intemporal
e o que sou?
sou uma pessoa normal
Rui Serra Sep 2015
oh! taças, na memória, vividas.
oh! taças de vinho tão cheias.
oh! castas lembranças erguidas
em tabernas de gente tão cheias...

oh! castas antigas... de porte.
oh! castas lembranças vividas.
oh! taças cheias de morte
tão tristes me foram em vida.

oh! turbulentas lembranças
que me trazem essas taças
em tristes desesperanças.

mas oh! taças erguidas em vão
erguidas à vida tão cheias
tão cheias de solidão.
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