Escrevo num velho caderno Velhas ideias Velhos sentimentos Que outrora estiveram cá dentro.
Quero sentir o que já senti. Quero pensar o que já pensei. Não quero ser, porém, o que já fui. Mas como farei isso, de tal forma, eu?
Como poderei eu ponderar tais feitos Sem mudar quem sou? Pois a pessoa que era antes era a pessoa Que sentiu e pensou aquilo Que no seu coração e mente passou.
Se já não sou quem era, não posso reaver o que perdi Sentimentos que cá estiveram no meu antigo eu. Posso aspirar, desejar, pretender, querer, tencionar Mas se não quero quem eu era, porque é que quero o que quero?
É uma inquietação constante, Uma busca estonteante, Um desejo extenuante. Penso eu, num pensamento abundante.
Quero ser eu mas não ser eu. Quero sentir mas não sentir o novo. Quero pensar mas não pensar. Quero o que quero sem querer o que não quero.
Não poder ter tudo mas não querer tudo. Que infelicidade do consciente.