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Sep 11
Deixai me ser Douro e  até Vinho.


Nas encostas de xisto, o tempo esperava,
a sombra dos velhinhos de olhar cansado.
Mãos calejadas, memória da enxada,
num rio de suor, silêncio sagrado..

Cavalos subiam as encostas
Homens com cestos cheios às costas
e o sol, ao cair, dourava o o seu rosto
Por amor, destino ou desgosto

Os socalcos ecoavam rezas baixas em segredo
vozes que o vento levava consigo e com medo.
Passarinhos pousavam nas ramagens, das videiras
lembrando a saudade de um Douro antigo coberto de canseiras.

Era dor, era vida, era chão sofrido e molhado
mas também festa na vindima tardia do vinho dourado
O rio corria levando tudo com sentido,
os antepassados cantavam um amor antigo.

E hoje, quem passa, ainda pressente
que cada pedra, cada parreira,
guarda no coração, eternamente,
o sangue e a alma desta gente inteira.


Este meu Douro com gente humilde sem igual,
É sangue vivo deste meu Portugal .
Também eu sou produto feito de cheiro a rosmaninho,
Deixai me ser Douro e  até  Vinho


Victor Marques
Douro, vinha, amor,antepassados
Victor Marques
Written by
Victor Marques  Douro Valley, Portugal
(Douro Valley, Portugal)   
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