Corre o Douro, sem saber que deslumbra, sem querer ser poema, mas é.
As margens calam-se em ouro, as vinhas curvam-se ao silêncio, e o céu — num gesto lento — desfaz-se em fogo e ternura.
É a hora em que o tempo se senta, no muro das memórias da terra, e o rio, distraído, leva saudades de pedra e sol.
Não quer correr, mas corre… como quem ama sem saber, como quem parte e permanece.
E tudo se torna mais verdade no espelho líquido da luz: o labor das mãos, o peso da história, e o rosto de quem se perde no horizonte alaranjado duriense.