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Mar 2022
Foi cedo na vida que o meu livro de mágoas se abriu.

                (Entendi-o desde nova pois senti-o.)

Um livro manchado pelo sangue da batalha,

Páginas carregadas de calafrios…

Ainda hoje me correm e ecoam no corpo.  

                 (O som do ferro ainda me causa insónias.)





E o abandono…

Esse sempre o meu maior medo,

Cortou-me como uma espada a vida toda.

             (Nunca o gritei…pelo menos em voz alta.)

Ferida, pelas entrelinhas o fui escrevendo.

             (Nunca com tinta…sempre mascarado na dor das palavras.)

Marcado em mim desde o início.

             (Nunca na pele…sempre uma ferida interna bem escondida
               na alma.)




A Morte…

Essa parece chegar rapidamente

Para as almas incompreendidas.

             (Mas calma, eu entendi.)

Choraste sem saber porquê…

Passaste e ninguém te viu…

Mas agora renasces com uma visão que eu sonhei.

E eu, que nunca te encontrei,

Vi-te encarnada em mim.



Quem me dera que tivesses vivido tempo suficiente, Florbela.

Só para que eu te tivesse desvendado o segredo da vida.



              (Neste mundo não eras a única que andava perdida.)

                           (O segredo é que andamos todos.)
Para uma das minhas poetisas preferidas, Florbela Espanca.
Mariana Seabra
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Mariana Seabra  25/Gender Fluid/Porto
(25/Gender Fluid/Porto)   
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