Não sou senão poemas Sem qualquer liberdade neles Ou em mim, presa nas horas Que perco neste lugar em que não sei ser Só tenho asas em papel E não voo senão escrevendo Fecho-me do que é real Para me abrir no que é realmente real Ninguém me lê, mas se lessem Será que me sabiam? Escrevo em charadas ou parece-me só? O tempo é sem ser e nada sei senão a mim. E saber-me não dói como não saber o resto Como não querer saber o resto Como não querer senão os versos O que importa? O que é real? nada nada nada Como ser?