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Mistico Mar 3
Uma visão cintilou em meu olhar,
A dama de vermelho, em fulgor e encanto,
Roubou-me o fôlego com seu esplendor,
E fez-me cativo de sua essência.

Seus cabelos, rubros como fogo ardente,
Seu olhar, lâmina que estrangula a razão,
E em cada gesto, uma promessa de ternura,
No brilho de seus olhos, a paz e a perdição.

Seu vestido longo, vermelho como desejo,
Seu batom, rubra tentação que percorre caminhos,
E, embora todos a admirem em seu caminhar,
Somente meu olhar deseja conquistar.

No ar, um perfume inebria os sentidos,
Notas de rosas que me enlaçam sem forma,
Cego pelo aroma antes mesmo da visão,
Apaixonado antes mesmo do toque.

Então ela foge, rindo, seduzindo,
Segura minhas mãos e me faz levitar,
Sobre as águas, entre os ventos,
Em um êxtase que me faz voar.

No vazio do instante, seu vestido se desfaz,
E nua ela surge, chama azul em brasa,
E quanto mais a contemplo, mais me consumo,
No fogo insaciável da paixão que me devora.
Mistico Mar 3
O tempo, tão exato quanto a própria existência,
Tecelão do passado, do futuro e do agora,
Transfigura palavras em verdades concretas,
Mas revela, também, a futilidade do amor ilusório.

Diz-me que me ama, que sou seu destino,
E eis que, ao final, a mesma voz que jurou
Transforma-se em lâmina afiada,
Em ameaça, em sombras, em dor.

Que amor seria esse, senão um sopro passageiro?
Um sentimento efêmero, moldado ao capricho do instante,
Que se desfaz como cinza ao sopro do vento,
Deixando apenas o eco do que nunca foi.

O tempo avança, impassível e justo,
E aquele que me feriu se perde em seus próprios dias,
Consumido pela roda que um dia girou contra mim.

E eu, desperto pelo golpe do tempo,
Sigo em frente, intacto, sábio, renovado,
Pois o tempo que me resta é meu,
E só a ele devo fidelidade.
Mistico Mar 3
sono se impõe, mais vigoroso que a ânsia de escrever,
Fecho os olhos e, sem esforço, as palavras emergem,
Tão naturais quanto a vontade que delas se desprende,
Até que, inesperado, o sono se anuncia.

Anjos admiráveis adornam o etéreo sonhar,
Mas eis que o desejo de um devaneio sublime
Dissolve-se na neblina do nada,
E o sonho se faz ausência.

Por que então dormir, se não é o sonho que nos move?
Não repousamos pelo anseio de visões encantadas,
Mas pela exigência do corpo,
Que anseia pelo renascer dos sentidos,
Para que, ao despertar, sejamos inteiros.

E quando, por fim, o sono nos envolve,
Toda inquietação silencia,
As palavras se desfazem em murmúrios vãos,
E o tempo nos conduz, inevitável, à aurora.
Mistico Mar 3
Engraçado como passam pessoas,
deixando marcas que o tempo não apaga.
Algumas ficam, outras partem,
e há aquelas que se demoram,
só para no fim abandonarem sem aviso.

E assim seguimos, colhendo lições,
descobrindo que o valor que temos
depende menos de quem chega
e mais de quem escolhe ficar.

Todos os olhares, todas as emoções,
instantes de felicidade intensos,
mas passageiros como o vento,
eternos apenas na lembrança
de quem ousa sentir.

Chutamos o ar em fúria contida,
pois sabemos que, por mais que sejamos tudo,
para muitos seremos nada.
E todo esforço, todo afeto,
pode ser apenas um eco lançado ao esquecimento.

No fim, resta a certeza:
colocar-se em primeiro lugar
é a única forma de não se perder.
Talvez, se nos priorizássemos mais,
as dores seriam menores,
os erros, evitáveis,
as mágoas, inexistentes.

Palavras doem mais que silêncios,
pois ferem onde os olhos não alcançam.
E ainda que façamos de conta,
o coração sente.

A distância, às vezes, é a cura,
o sumiço, uma solução,
um recomeço onde a dor não chega.

Ah, se pudéssemos apagar memórias,
deletar as mágoas como arquivos perdidos!
Mas enquanto isso não é possível,
seguimos… esperando que o tempo,
a seu modo, nos ensine a esquecer.
Mistico Mar 3
Cabelos dourados, um olhar que fuzila,
capaz de encarar até o próprio diabo.
Sagitária indomável, livre e destemida,
desperta o riso e aquece o espaço ao seu lado.

Simplicidade e furacão num mesmo existir,
é louca, pirada, ativa, sem fim.
Cuida dos outros, mesmo sem querer,
e mesmo distante, faz-se sentir.

Onde passa, deixa sua marca,
a presença intensa, difícil esquecer.
Tão chamativa e tão original,
que quem não gosta, um dia irá se render.

Sabedoria ágil, mente brilhante,
derruba paredes, desfaz ilusões.
Seu riso prende, sua alma encanta,
como um farol em meio aos corações.

E o tempo, ciumento, corre veloz,
pois teme que, em sua luz ardente,
possamos amá-la por tempo demais
e nunca mais deixá-la ausente.
Mistico Mar 3
As inspirações que agora me tomam
Fazem-me pensar se olhei para o lado errado.
Talvez a mesma sensação que me invade neste instante
Seja eco da que senti mais cedo.

Mas seria possível que a indireta enviada fosse real,
Ou apenas um devaneio da minha mente inquieta?
Não seria mais justo seguir o caminho reto,
Dizer o que se quer sem rodeios?

Talvez o medo da negativa
Seja um fardo maior que o desejo,
E por isso as palavras se perdem
Antes mesmo de serem ditas.

Serenidade e culto tom são vistas como antigas,
Enquanto a irreverência e o descuido
Se tornam os novos versos da modernidade.

A juventude já não entende o querer genuíno,
Pois são poucos os que escolhem pelo ser,
E já não há quem ame por essência,
Mas apenas pelo reflexo de um instante passageiro.
Mistico Mar 3
Em um instante fugaz, num breve segundo,
Olho ao lado e ali a vejo, serena,
Esperando, talvez por algo, talvez por alguém,
Ou apenas pelo inesperado que muda o destino sem avisar.

E sem notar, o alguém já entrou,
Como brisa leve que invade sem permissão,
Sem que palavras precisem ser ditas,
Sem que a intimidade tenha tido tempo de nascer.

Ela, a mulher que sabe cantar,
Firme, inabalável em seu silêncio cativante,
E mesmo sem chamar, atrai,
Hipnotiza os que orbitam sua presença.

Tantos ao redor, movidos pela simplicidade,
Enquanto aquele que chegou por acaso,
Se distancia por medo de não ser suficiente.

Talvez o anonimato seja refúgio seguro
Para um alguém que não se julga digno,
Mas quem sabe, um dia,
O que hoje é sombra torne-se luz,
E deixe de ser ninguém para se tornar prioridade.
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