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Mistico Mar 3
Estava distraído, e de repente a vi,
Tímida no canto, e ao mesmo tempo eloquente,
Explicando com sutileza as regras que regem aquele instante.

Interessei-me, mas permaneci em silêncio,
E sem aviso, sem tempo para ponderar,
Sugeri uma hipótese e, no ímpeto do momento,
Embolei-me nas palavras sem querer, querendo.

O dia passou, e à medida que o horário se aproximava,
Segui meu caminho, tomado por uma vontade intensa,
Tão forte que esqueci, era madrugada!
O tempo se esvai depressa quando a alma se deleita.

Trocamos palavras tão naturalmente,
Que ao fundo, uma canção se fez presente,
Uma bela voz entoando versos em espanhol,
Inspirando a noite, abrilhantando a madrugada.

Melhor que ouvir tal melodia,
Seria apenas estar perto da própria canção,
Da voz que ecoou em notas suaves,
Transformando o tempo em poesia
Mistico Mar 3
Neste mundo onde o certo se torna erro,
E o erro se veste de pura razão,
Onde o valor se mede em números frios,
E o amor é jogado ao vento, em vão.

Construir um lar é sonho distante,
Um eco perdido no tempo que foi,
Onde promessas se tornam poeira,
E o laço se rompe, deixando só dor.

Homens errantes, sempre culpados,
Mulheres que usam os filhos em troca,
Transformam afeto em jogo cruel,
E fazem da paz uma eterna revolta.

Oh, tempo passado, onde tu estás?
Quando o amor era feito de essência,
E a honra valia mais do que o ouro,
Antes da farsa e da indiferença.

Que volte o dia, que cesse a ilusão,
Que brilhe a verdade no olhar de alguém,
E que no caos deste mundo insensato,
Renasça o amor como outrora se tem.
Mistico Mar 3
A potência de minhas palavras
sussurra ao som dos ventos bravos,
como um fogo que arde sem forma,
sem rosto, sem rumo, sem dono.

Não sou eu quem escreve agora,
mas algo além de minha razão,
talvez um fragmento de mente desperta,
que acredita estar pensando em pensar.

As frases nascem sem comando,
derramam-se como rios sem leito,
e se perdem, dançando no ar,
tentando justificar o próprio caos.

Não há bordas na consciência,
não há contornos na emoção,
apenas ecos de algo que pulsa,
sem nome, sem peso, sem explicação.

E agora, ao tentar compreender,
percebo que pensar é desvendar,
mas o que escrevo não se explica,
apenas flui e assim deve ficar.
Mistico Mar 3
Hoje duvidei de mim mesmo,
das asas que carrego sem saber.
Questionei se minhas palavras voam,
se tocam almas ou se se perdem no vento.

Pensei em compartilhar meus versos,
essas páginas dispersas do meu ser,
com alguém que lê o mundo em silêncio,
e carrega a sabedoria nas entrelinhas da vida.

Minha irmã, tão distante e tão perto,
um farol de inteligência e lucidez,
que nunca mediu esforços para me erguer,
mesmo quando a maré quis me levar.

E agora, em um impulso insano,
quero entregar-lhe minhas loucuras,
esses rabiscos de minha alma inquieta,
essas estrelas soltas no cosmos do meu peito.

Ah, que mistério é essa espera!
Mostro-me calmo, respiro sereno,
mas dentro de mim, um vendaval,
um turbilhão prestes a se romper.

Meus versos são uma galáxia viva,
matéria escura ansiando por luz,
e eu imploro ao tempo que corra,
que me traga logo sua resposta.

Meu Deus, fala logo o que achaste!
Porque enquanto espero, sou mar em fúria,
sou tempestade contida na calmaria,
sou poeta aguardando seu próprio destino.
Mistico Mar 2
No momento de inspiração, é curioso perceber,
que muitas vezes não me encontro tão facilmente.
Mas o tempo chuvoso, ah, este é o meu refúgio,
onde palavras e melodias se tornam minhas aliadas,
e consigo me expressar de forma pura, sem receios,
como um Shakespeare sem tragédia,
escrevendo uma história de amor sem fim,
onde o coração não se perde, mas se encontra.

Enquanto Chopin ecoa em "Spring Waltz",
uma leveza me invade, transformando o dia,
ou quem sabe a madrugada,
em um único suspiro de criatividade.
Mas confesso, a fonte dessa inspiração
tem nome e um rosto que ainda não surgiu,
e em cada pensamento meu,
meu ser se perde nas imaginações que crio,
de um alguém que, por ora, só existe no meu interior.

Nem mesmo na minha dose de inspiração,
enquanto ressurjo do mar de meus próprios sentimentos,
sinto que a música me acalma,
enquanto estou aqui, sentado no telhado,
escutando Chopin e escrevendo para uma pessoa
que ainda não existe, mas que habita em meus sonhos.
Onde mais encontraria alguém com tamanha inspiração,
senão nesse lugar peculiar da alma,
onde a imaginação dá vida ao que ainda não é real?

Com certeza, há alguém nesse mundo,
bem mais digno de inspirar do que eu,
capaz de construir uma história para alguém
que ainda não existe.
No entanto, talvez a inexistência de alguém
seja mais preciosa do que a presença de quem nos faz sofrer,
pois evitar o sofrimento, por medo de nos machucar,
não nos tornará mais fortes para o que está por vir.
Mistico Mar 2
Em cada curva sua, encontro o fascínio,
que me leva a viajar pela mente,
perdendo-me nas infinitas possibilidades
de um encontro entre olhares que se cruzam.

Imagino o prazer de nosso corpo a corpo,
a delicadeza de acariciar sua pele,
e perder-me no toque suave de suas formas,
dedicando-me completamente ao momento,
abraçando você em palavras silenciosas,
onde o suspiro da minha respiração
será o único som a envolver sua essência,
tocando cada parte secreta de seu ser.

Quero explorar o desejo de forma profunda,
saboreando cada instante,
com a suavidade de meu toque e a intensidade
de um beijo mudo,
onde nossas almas se entrelaçam
mais do que nossos corpos.

E além dos momentos de pura intimidade,
desejo compartilhar uma música suave,
que envolva nossos sentidos,
enquanto nos aproximamos,
como se cada nota nos provocasse,
e nem o fôlego de nossos corpos
fosse suficiente para impedir
que nos aproximemos,
deixando que a vontade nos guie,
compartilhando o suor do desejo
até que a melodia se torne o cenário perfeito,
onde nossos corpos dançam
ao ritmo de uma paixão mútua.

Um desejo que, à medida que cresce,
revela-se em cada suspiro, em cada gesto,
até que o espaço entre nós desapareça,
e nos lancemos,
perdendo-nos um no outro,
entregando tudo para que aquele momento
seja o melhor de nossas vidas.
Mistico Mar 2
Muitos pensam que entrar na vida de alguém
é tão simples quanto permanecer,
mas esquecem que corações não são portas abertas,
são laços que se tecem sem perceber.

A proximidade cresce com gestos sutis,
o apego se infiltra sem permissão.
Talvez eu tenha me entregado sem querer,
ou talvez, no fundo, tenha querido sem saber.

O olhar se transforma, o medo desperta,
o desejo de estar, de sentir, de pertencer.
Mas e se tudo for apenas um jogo?
Se eu for só um brinquedo, e o erro for meu?

A própria ilusão me embriaga,
me vicia como droga sutil.
No momento, é êxtase, é luz, é vida,
mas quando o efeito se esvai,
a dor sufoca, a depressão afoga,
e o mar que me carrega não me deixa sequer boiar.

E assim, o ciclo se repete,
um querer que ao mesmo tempo nega,
um desejo que nunca se cumpre,
um vício que finge ser amor.

Mas a questão não é viver nessa escuridão,
é encontrar frestas de luz para respirar.
Nem que seja um segundo, um instante,
onde a mente se desvia, e o coração repousa.

Pois esse único segundo pode ser tudo,
o instante que reconstrói, que resgata, que liberta.
E então, o mar evapora,
a ilusão se desfaz,
e resta apenas você,
aprendendo, enfim, a nadar.
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