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margarida 19h
lembra-me um sonho
esta noite que passámos
onde a vulnerabilidade
permitiu que fossemos
inevitavelmente desejados
um pelo outro.

mas, tal como o sonho
tudo acaba quando acordamos
onde resta a minha dignidade?
e se prometessemos
ficar de olhos fechados
nos braços um do outro?

talvez de manhã
ainda pudesse saborear
o teu beijo uma ultima vez.
um escape de realidade,
um engate conveniente
uma noite que fica para sempre.

talvez amanhã
quando eu te ligar
e atenderes desta vez
verás que a minha sobriedade
só me deixou mais contente
por termos dormido frente a frente.

as minhas mãos tremidas
os teus calos nos dedos
a tua boca quente na minha
os nossos suspiros conjuntos
lembra-me um sonho
dos mais bonitos que tive.

com medo de ser esquecida,
medo de ser mero brinquedo,
não disse nada do que tinha
para dizer, porque juntos
foi a primeira vez que o sonho
me disse: “vive, margarida, vive!”

espero não me arrepender
de te ter dado o meu anel
que nunca sai do meu indicador
mas que naquela noite
só parecia encaixar
contigo, de mãos dadas comigo.

não sei se me vais responder
ou se preferes ser fiel
à tua propria dor.
só sei que foi a melhor noite
que podia desejar
porque acordei contigo.

— The End —