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Mistico Mar 3
Uma visão cintilou em meu olhar,
A dama de vermelho, em fulgor e encanto,
Roubou-me o fôlego com seu esplendor,
E fez-me cativo de sua essência.

Seus cabelos, rubros como fogo ardente,
Seu olhar, lâmina que estrangula a razão,
E em cada gesto, uma promessa de ternura,
No brilho de seus olhos, a paz e a perdição.

Seu vestido longo, vermelho como desejo,
Seu batom, rubra tentação que percorre caminhos,
E, embora todos a admirem em seu caminhar,
Somente meu olhar deseja conquistar.

No ar, um perfume inebria os sentidos,
Notas de rosas que me enlaçam sem forma,
Cego pelo aroma antes mesmo da visão,
Apaixonado antes mesmo do toque.

Então ela foge, rindo, seduzindo,
Segura minhas mãos e me faz levitar,
Sobre as águas, entre os ventos,
Em um êxtase que me faz voar.

No vazio do instante, seu vestido se desfaz,
E nua ela surge, chama azul em brasa,
E quanto mais a contemplo, mais me consumo,
No fogo insaciável da paixão que me devora.
O gineceu ******* da ânsia
Sondando a esfera celestial do nada
Eu vejo o atrito de uma eterna repugnância
A vida seduzindo a morte alada

Na noite escura da alma eu arrebato
O hemisfério de mil apriorismos
Vão fluindo em mim como o fundo dos abismos
A vitória de meu inferno abstrato!

Encéfalo aceso!, treva e luz
Ajaezado de sânies e feitiços
A ingratidão da vida me reduz
À sorte incógnita dos pensamentos mais mortiços

Eu quero correr, ir para o inferno
Parir a vida eterna de um Deus
Na consciência aflita de todos os meus eus
Açoitar e perdoar o meu diabo eterno!

Eternas ruínas do pensamento!
Para o fim ou início de uma nova jornada
Fugidio de mim, pela última ou primeira cruzada
Uma sílaba suprema sem acalento.

Morrer na cruz, crucificado pela realidade
Amargar a tristeza que a tudo corrói
Sentir cravado no peito uma eterna saudade
De uma coisa que nunca foi!

— The End —