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Marco Raimondi Jul 2017
É pranto gentil que reluz em tua face bela,
Pois em semblante rosáceo tens doce encanto
Queira a ter, deixar-te afável pranto,
Orvalho-da-aurora aos teus olhos, donzela,

Sei que sentes, que padeces à dor aquela
Mas tua voz chorosa! Ó amável canto,
Me é pesar afim, a ferir-me tanto!
Apieda-te ao alvorar d'alegria singela,

Não te desperta ao fogo que fere,
Pois não mais crerás na luz dos dias,
E verás céus na fria inópia da magia!

Consente as lágrimas! Tu as queres,
Se em venturas, confessar que não as queria,
Sentirás, no reflexo de teu lume, o minguar da poesia,
Othon 6d
Deuses riem em linho envoltos,
Brincam nos céus, com gestos soltos.
O carrossel gira sem razão,
No eterno mundo da criação.

Gira e gira, vai ao zero,
Ao infinito, cego e sincero.
E lá do alto, o que reluz
É o olhar mudo de uma cruz.

O omnipresente tudo vê,
Mas cala o caos de cada fé.
Então os deuses, na ilusão
De sua eterna compreensão,

Nos limitam, sem pudor,
Em cada gesto, em cada dor.
Pensar, sentir, falar, agir —
Tudo é norma a se cumprir.

E seguem rindo, feito crianças,
Brincando além das esperanças.
Montam cavalos gastos, cansados,
De madeira e sonhos rachados.

— The End —