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vircapio gale Sep 2013
over the sunrise views
porpoise-play
and Pagasaean Gulf
with all its blue-white
sun-tanned pleasures

above the summer homes
out of those mesh-canopied beds
past our outdoor showers
dripping with grape-vines and late-morning ***
decadent breakfasts of fresh
half-euro loaves
Käse and Jam
or Gurke-Tomaten Salate
with "Hermes" flying
in our ears
hair and food

over the wake-boarding lessons
the minefields of neon violet-yellow Quallen
beach games
done with a hundred some-odd oracles
the Tractatus
but not the dead seahorse i found  floating before our argument
free from those schedules
the system of sunscreen application
bathroom and kitchen protocol

far from quintilingual fisherboys
the stucco church cartooned with gospel
its old priest grinning with his martial pride and simulated machine-gun fire
away from translating in my sleep
national pride
shame
and culture shock
forgetting that quiet dialogue of judgment
smiling between tourist and local
far from the baklava docks
Gigantes and stuffed peppers
Zorba refrains
swigs of Mythos and Feta

perhaps somewhere like the source of the Plateia spring
   where once the Argonauts had quenched their thirst
past burnt olive trees
past the first line of blazing hills

there
there i sense the fertile green i've always known

O
my gaze drinks the sweaty yield of exploration's calm

breathless
wearing rivulets of long-yearned release

so redolent the shade
in a ravine holding ****** silence

i eagerly descend
and find my eagerness returned
in measured wounds
low lying branches

sparse brambles
crowding soon
see me crouched
and crawling down

as if to judge me worthy of its solace
the leaves of late summer
once blades of moisture
twice as sharp in death
pierce my pressing hands and knees
allow the taste of sweat to sting my path

as if embitterment itself becomes a sweetness
colluding for my darker whims
breaks of thorns enmeshed with trees
gnarled sentinels for raking
joyous stripes of blood
brittle roots eroding into air
to scour off my sunburnt skin
invigorate the tension for my goal

remembrancing the threading cores of shrubline life
i lull into the swoon again
stringing slow sun
in husks of brown
wire gates to consummate a nether craving's peak
choke and lash of myth and love
a penance ecstasied in shade
a fleecing dark i will deny
Afissos:
a little fishing village on the Gulf of Pegasus, Pelion Peninsula of Greece.
German words:
Käse: cheese;
Gurke: cucumber;
Quallen: jellyfish.
Greek words:
Plateia: village square
Gigantes:
"giant baked beans"; or, huge monsters, the children of Gaea, who fought the Olympians but were defeated by them. they used Mt. Pelion as a stepstone to reach Olympus.
Zorba the Greek:
a wonderful novel concerned with joie de vivre, and probably the most recognizable Greek tune there is.. plays continually for dining tourists in Athens.
Mythos: a brand of Greek beer.

The Tractatus Logico-Philosophicus is the only work published by the Ludwig Wittgenstein in his lifetime. considered to be foundational to logical atomism, it read me.. more than i it, ending with the famous and overly quoted phrase, "Of which one cannot speak, one must remain silent." i think it augmented the culture-shock i convinced myself wasn't happening at the time, alone, surrounded by Germans and Greeks who, although they spoke fluent English and spared no kindness as i struggled with language, represented an unattainable sense of belonging that i don't think i ever had, even in my own country.. my own culture.  despite a strong belief in the ideal of cross-cultural dialogue, i still experience a vast, almost shame-ridden silence when it comes to questions of culture --for judgements made out of hand, always out of hand-- for want of better words... having to say *something* even when it's not really clear. so just as i willingly indulge the surreal torment of doubting until i'm never sure of my words; i also say the first thing that comes to mind as if it's an indisputable truth...
the donkey i met on the other side of the ravine, which i couldn't resist scaling despite it's poor handholds of crumbling dirt and tiny dried roots, was like an old friend, sniffing and nuzzling me as if he was willing to share in my inexplicable loneliness, an instant understanding, commonality. made me realize how much of an *** i am, privileged to turn a holiday into a narcissistic hell
sunflower Feb 2017
"eu te dizia que a vida é bruta, você me falava que ainda não

eu nunca acreditei que houvesse algo a mais depois que as coisas acabam

uma blusa esquecida no natal passado, uma palavra presa na fechadura da porta que bateu, um outro palpitar do coração ou alma além da que nos foi decretada aqui

e, então, você morreu

durante uma semana, eu fingi que você tinha finalmente viajado pro seu lugar favorito e que ele tinha te dado razão em ser um lugar favorito pra demorar tanto assim

durante um mês, eu desisti de esperar
paciência não era meu melhor dom
embora te esperar fosse um talento
você, de novo, não chegou

durante um semestre, eu chorei sem interrupções
embora ninguém soubesse ou visse algo
por dentro, muralhas da China caíam e oceanos atlânticos deslizavam entre órgãos e lembranças

quando eu esqueci o som da sua voz e o tom do seu olho, você morreu outra vez e, dessa, eu pude sentir o peso da mão do mundo descendo sob mim

outro ciclo se foi e a nossa conexão terminou

eu te quis no meu quarto reclamando meu atraso pro almoço; eu te quis na plateia da apresentação da minha monografia, a única na história da faculdade como centro de pesquisa a comunidade lgbt; eu te quis no meu exame de direção; eu te quis quando eu saí de casa; eu te quis atendendo o telefone enquanto eu contava que consegui um emprego novo; eu te quis e esse era o único tempo verbal em que era permitido te conjugar

durante um ano, que durou até hoje, eu soletrei saudade
já não tenho como chamar seu nome

eu toco o interfone, não há você do outro lado
me tateio, falta a sua pele bem perto

no fundo, eu acho que o universo deveria estar triste porque não posso te amar mais

eu estou."

#textoscrueisdemais
Na sombra uma mulher jaz morta, despida e dependurada pelo tornozelo, seus braços esticados portam dedos inchados de sangue coagulado, enquanto seus anéis apertam estreitos entre suas falanges, e as pontas de suas unhas quase tocam o chão. Posso ainda escutar seus gritos atormentados ecoar ao longe, posso ainda ver seus olhos escancarados diante uma plateia que saboreia sua tortura, posso ainda ver seu corpo obeso se debater em fobia e desespero numa tentativa ridícula e frustrada de escapar. Imóvel, resta apenas uma ***** enorme de banha e tetas caídas, algo em mim se compadece por esta criatura patética, algo não consegue segurar as gargalhadas. É apenas um corpo, nada demais. Se estrebuchou de forma caricata e cômica, desengonçada, amarrada de ponta-cabeça, toda espalhafatosa, desajeitada, seu desespero é hilário, acho que é a coisa mais patética, mais desprezível, mais insignificante, mais burlesca, mais tosca, que imaginei. Apenas um corpo escroto que em breve será engolido pelos vermes do vazio, sem nunca ter representado qualquer coisa além de uma involuntária comédia . Apenas um corpo. Já não sofre, nem se deleita, há somente um caminho incerto pelo qual percorro, e que ela já conhece a chegada.

Estarei eu ao fim dependurado pelo tornozelo? Ou quem sabe dando gargalhadas ao ver a fraqueza dos homens? Ou ainda mais, serei eu a amarrar os tornozelos da humanidade? Todos são os algozes, todos riem da desgraça que não lhes pertence, mas ao fim todos terminam dependurados pelos tornozelos.

Devo continuar caminhando. O corredor é muito escuro, devemos estar no subsolo, esse barulho nojento é perturbador... Um ninho de baratas! Saiam dos meus pés! Saiam dos meus pés! Não há como evitá-las. Elas sobem e se aninham no meu corpo, se reproduzem na minha virilha, fazem sua morada em meus orifícios. Sou tomado por baratas. Sou o homem-barata, o homem fétido, o homem-praga. Aqueles milhões de patinhas que caminham no meu corpo realizam uma massagem profana, sou tomado por um prazer proibido, me deleito com o perfume nefasto, nauseabundo, a ânsia me regurgita um animus enterrado, o horror de estar completamente desencontrado de tudo o que é convencional, a minha criança enlouqueceria ao me defrontar e saber que carrego seu destino com o pênis encoberto por uma gosma preta que se forma ao espremer as baratas que ali se encontram num movimento de masturbação decrépita. Minha mãe, ah, minha mãezinha tão simplória, tão católica, tão temente à um deus inexistente, com suas orações decoradas, com seus hinos de louvor,  seus terços pendurados na cabeceira da cama de madeira antiga e seu falar típico de quem decorou e aprendeu suas frases mais interessantes nas missas tediosas do Padre Adalberto, para mim a melhor hora da missa é a hora que ela acaba, minha mãezinha, ah minha querida mãezinha, definharia até a morte no exato instante em que me visse trepando freneticamente com baratas esmagadas no meu pau. E meu pai, sempre austero, seja lá o que se passa em sua cabeça, como uma parede pintada de bege escuro, como um corredor estreito e sem espaço nas laterais, simplesmente reto como uma tábua de madeira seca, inflexível, adepto de tradições antigas, de costas dadas não reconheceria esta figura repugnante, a se satisfazer de tão nefasto pecado, como uma prole de sua descendência.

Todos desejam esmagar o homem-barata. Mas ninguém quer limpar a gosma fedida. Deixem que as formigas carreguem essa coisa nojenta! Eles dizem. Que prazer insano é este de ser mutilado e fodido até às entranhas? De saber que não há mais volta para tamanha perdição? Isso é deixar todos os dentes da boca apodrecerem. Eis que entendo a velha! Eis que compreendo as gargalhadas de quem acaba de perder todos os dentes podres num chute violento de quem perde a paciência. Eis que pertenço onde de cá estou. Há uma beleza magnética no horror, algo que me arrasta para o interior do objeto horrendo, me distanciando sou arremessado às entranhas da podridão, como um espelho a revelar em mim mesmo aquele objeto da experiência, que em repulsa não posso parar de olhar.

O motorista tira a roupa, a velha tira a roupa, e todas essas pessoas horrorosas tiram a roupa, eu já estou nu e besuntado por essa gosma cinzenta de entranhas de baratas que exala esse odor nauseante que penetra as narinas de qualquer um que se aproxime, odor hipnótico para aqueles que compreendem o segredo. Parece que sou o mais desejável nesta câmara escura. Se aproximam de mim como animais ferozes a saltar de forma muda em direção a um pedaço de carne.
Como o mundo tem mudado a cada dia, tanto e tão depressa, fica cada vez mais difícil aprofundar qualquer assunto. Sobrepõem-se as promessas e os candidatos, mas a essência na procura de um lugar melhor está a afastar-se cada dia mais.
Cada vez vamos sabendo mais sobre mais coisas, e cada vez mais estamos frágeis.
Outrora falar publicamente de um assunto era uma arte de estudiosos e quem sabe, gente preparada para o fazer. Hoje todos têm o seu público e conseguimos até  escolher a plateia.
Existe uma falsa sensação de audiência, porque ela é oculta e rapidamente se divide em outras opiniões.
Vejamos o que acontece diariamente na própria comunicação social. Como sabem ela divulga artigos com base em jornalismo, política, desporto e sobretudo em dinheiro. E por isso mesmo, podem não ser verdades absolutas.
Perigosamente orientam também o seu rebanho e o conduzem à ordenha.
Não creio que tudo isto deixe de ter um propósito tirânico, como acredito que estão no pleno controle da nossa vida, humana, social, religiosa e financeira.
Uma cruzada polivalente do capitalismo que como em outros tempos, agora de outras formas comandam o leme, protegendo a sua estirpe desprovida de qualquer fé ou solidariedade.
Têm certamente um propósito garantir a prosperidade dos quem comem há mesa tal e qual como na seia do senhor.
Autor: António Benigno
Código de autor: 2020121522541201

— The End —