Chorei mil luas perdidas
Pelas vielas de minhas vidas
O que sou, não tem quem creia
E fiz do nada a minha aldeia
Batizei meu sonho no sepulcro vão
E do meu íntimo coração
O que poderia ser, não fui
A minha alma nada conclui
Na nebusola de meu pensamento
Vem galgando o último desdobramento
Da imagem de Deus que me assombra
Como se fosse minha própria sombra!
Eu sou o contrário do meu contrário
Meu evangelho é muito vário...
Não há quem entenda, entretanto
Eu sou o bispo de meu recanto
Mandinga etérea, sombra imortal
Errante ignoto no palácio da luz irreal
Tua verdade é uma eterna feiticeira
E tu, nascedouro de cisma altaneira!
O que sou mais eu?
Mais uma peça neste jogo de código plebeu?
Mendigo cheio de sabedoria?!
Encontrando no lixo, a verdade, e a alegoria?
De ser ninguém, nas terras de lugar nenhum?
Um coração atado ao cais sem rumo algum?
Mar de desilusão! Agruras sem fim!
Eu romperei com a desgraça deste eterno e diabólico festim!