não precisa pensar muito. ângulo de noventa e cinco graus e um triângulo equilátero.
de onde vieram essas lembranças?
folha de papel cor creme e sem pauta.
faz sete anos que não escrevo em linha reta.
é tão gostoso os dedos deslizando pelas mechas do cabelo.
alcançando até as pontas - essa é a melhor parte.
a fumaça é a coisa mais linda mesmo.
não precisa se esconder atrás da cortina por que a vergonha não usa roupa e isso é tão natural pra ela.
escute gal costa e cante junto com ela.
que magnífico é pensar no som e ouvi-lo mas não vê-lo.
não precisa mais querer voltar a ser criança. a sessão da tarde já não é mais como aquela lembrança em mil novecentos e noventa e oito.
o véu que sempre esteve na gaveta uma hora vai se puir.
porque no fim tudo se apaga.
inclusive o cigarro que chegou na xepa.
escrevendo sempre sem pensar