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Mistico Mar 8
Ah, mas não são todas, sejamos justos,
Mas esta em questão desperta desgostos.
Uma sandália voando, quase inevitável,
Na mente imagino, cenário inigualável.

Fértil é a mente, mas dói só de ver,
Dá até vontade de em bolinhas a esconder.
Tão amável, tão doce, um ser reluzente,
Que faltam elogios, mas sobram na mente.

Ah, se sumisse a dentadura em um canto,
Talvez o silêncio trouxesse encanto.
Que fala, que espalha, que nunca descansa,
O prédio é alto, mas falta esperança.

Na praia perdida, no mar rejeitada,
Nem Iemanjá quer ser incomodada.
Sogrinha querida, que doce é teu ser,
Grudada em meu pé, sem querer se render.

Larga da vida que não lhe pertence,
Deixe que o amor siga e se estenda.
Engula seu ouro, sua sede insana,
Que a vida responde, e o tempo não engana.
Mistico Mar 4
Preciso de um refúgio, um santuário etéreo,
um espaço onde o vazio se estenda sem limites,
onde minhas mágoas se afoguem, dissolvendo-se no tempo,
e, ao emergir, fiquem à deriva, sem âncora para retornar.

Não apenas as tristezas desejo abandonar,
mas também os pesares que ecoam na mente,
os tormentos insondáveis, os pensamentos errantes,
toda sombra que, impiedosa, se aninha em meu ser.

Almejo um refúgio, um bálsamo sem toque,
onde minha própria consciência me embale,
pois já não espero gestos nem promessas,
talvez nem mesmo de mim próprio.

Um refúgio onde, após a água fria em dias abrasadores,
eu possa fechar os olhos sem temor,
e, na vastidão do pensamento, encontrar descanso,
certo de que, ao despertar, serei renovado.

Preciso de um mergulho profundo,
tão intenso que, ao emergir,
seja eu outro, despido do peso do passado,
meus fardos escoando pelo ralo do esquecimento.

Que até minha essência resplandeça,
e a escuridão oculta, há tanto arraigada,
seja iluminada por quem deseje permanecer,
pois tal redenção não se dá por acaso,
mas pelo encontro de almas que veem além.

Tão restaurador será esse refúgio,
que nele reencontrarei o que há muito se perdeu:
a centelha que, adormecida,
aguarda apenas um sopro para arder outra vez.

— The End —